Divagações: Jungle
9.10.19
Um grupo de gringos perdidos na selva. Eu acho que já vi essa história antes, tanto nos cinemas quanto nos jornais. E, bom, o desfecho não costuma ser muito positivo.
Ainda assim, os trailers de Jungle conseguiram me chamar atenção – não necessariamente de forma positiva e não só pelo sotaque israelense de Daniel Radcliffe (não sei se ele é realmente bom, mas eu achei interessante). Com uma fotografia escura e enquadramentos fechados, o filme parecia trazer um aspecto agoniante à experiência de fazer um “passeio” pela Floresta Amazônica. Para completar, além de estarem em um ambiente estranho, os personagens principais ainda teriam uma companhia humana não confiável, uma espécie de traidor do grupo, dando ao conjunto um aspecto de filme de terror.
Quem me dera. No final das contas, o longa-metragem é realmente uma história convencional sobre pessoas perdidas na selva. Ele até funciona para quem vai assistir com as expectativas certas (e baixas), mas há outros exemplos do gênero capazes de dar um maior retorno emocional.
Jungle acompanha Yossi Ghinsberg (Radcliffe), um rapaz de Israel que está fazendo um mochilão pela América antes de entrar na universidade. Na Bolívia, ele faz amizade com um professor suíço, Marcus Stamm (Joel Jackson), e um fotógrafo estadunidense, Kevin Gale (Alex Russell). O primeiro está fazendo um ano sabático e é a pessoa mais simpática que ele já conheceu na vida. O segundo é meio metido, mas é um profissional talentoso e que está sempre disposto a encarar uma nova aventura.
Tudo vai bem até que surge Karl Ruprechter (Thomas Kretschmann), um guia austríaco que oferece uma viagem única pela floresta, com direito a rios de ouro, o contato com tribos indígenas ainda desconhecidas e outras maravilhas. Yossi fica absolutamente deslumbrado com a possibilidade e acaba convencendo os outros dois a participarem da expedição. Inicialmente, eles até desconfiam que se trate de um golpe, mas acabam acompanhando o misterioso desconhecido.
Porém, Marcus se machuca após alguns dias na selva, atrapalhando o cronograma de todos. Com isso, a temporada de chuvas se aproxima e atritos começam a surgir entre os amigos, de modo que o grupo opta por se dividir, o que nunca é uma boa ideia. E o passeio de alguns dias se transforma em longas – e difíceis – semanas.
Por ser baseado em um livro do próprio Yossi Ghinsberg, Jungle acaba se afunilando cada vez na jornada do personagem de Daniel Radcliffe, que segura o filme nas costas e faz essa escolha valer a pena. Entretanto, esse “sumiço” dos demais não deixa de soar estranho, deixando uma curiosidade latente no ar (e que nunca é exatamente sanada, mantendo as limitações do material original). Ainda assim, é bom ver o ator se esforçando para trazer credibilidade dramática a um personagem – algo que ele sabe fazer bem –, com bastante tempo de tela para isso.
Porém, preciso admitir que, por mais que eu tentasse empatizar com o sofrimento mostrado ao longo do filme, nunca sumiu totalmente a sensação de que eu estava vendo pessoas idiotas que se meteram em uma situação horrível por conta de suas próprias decisões (eu sei que, em grande parte, é preconceito com estrangeiros fazendo turismo na floresta).
Claro que nenhum dos envolvidos mereceu passar por aquilo, mas eram situações absolutamente evitáveis. Isso sem contar que, considerando que todos já estavam na estrada há algum tempo, eles foram muito inocentes ao aceitar a proposta de um guia desconhecido que pretendia levá-los para um lugar obviamente perigoso. Isso para não mencionar o fato de que um grupo de quatro pessoas tinha apenas um facão e uma espingarda, ambos na posse da pessoa menos confiável.
No caso do protagonista, Jungle tenta justificar sua ânsia pela aventura por meio de flashbacks, mas, sinceramente, a emenda saiu pior do que o soneto. Se o diretor Greg McLean deixasse essas sequências de lado e focasse totalmente na jornada de superação e nos inúmeros desafios propiciados pelo ambiente hostil, o resultado talvez fosse mais consistente e envolvente emocionalmente. Ao mesmo tempo, o contraste com um Radcliffe de cara lavada também traz seus impactos.
Ainda assim, os trailers de Jungle conseguiram me chamar atenção – não necessariamente de forma positiva e não só pelo sotaque israelense de Daniel Radcliffe (não sei se ele é realmente bom, mas eu achei interessante). Com uma fotografia escura e enquadramentos fechados, o filme parecia trazer um aspecto agoniante à experiência de fazer um “passeio” pela Floresta Amazônica. Para completar, além de estarem em um ambiente estranho, os personagens principais ainda teriam uma companhia humana não confiável, uma espécie de traidor do grupo, dando ao conjunto um aspecto de filme de terror.
Quem me dera. No final das contas, o longa-metragem é realmente uma história convencional sobre pessoas perdidas na selva. Ele até funciona para quem vai assistir com as expectativas certas (e baixas), mas há outros exemplos do gênero capazes de dar um maior retorno emocional.
Jungle acompanha Yossi Ghinsberg (Radcliffe), um rapaz de Israel que está fazendo um mochilão pela América antes de entrar na universidade. Na Bolívia, ele faz amizade com um professor suíço, Marcus Stamm (Joel Jackson), e um fotógrafo estadunidense, Kevin Gale (Alex Russell). O primeiro está fazendo um ano sabático e é a pessoa mais simpática que ele já conheceu na vida. O segundo é meio metido, mas é um profissional talentoso e que está sempre disposto a encarar uma nova aventura.
Tudo vai bem até que surge Karl Ruprechter (Thomas Kretschmann), um guia austríaco que oferece uma viagem única pela floresta, com direito a rios de ouro, o contato com tribos indígenas ainda desconhecidas e outras maravilhas. Yossi fica absolutamente deslumbrado com a possibilidade e acaba convencendo os outros dois a participarem da expedição. Inicialmente, eles até desconfiam que se trate de um golpe, mas acabam acompanhando o misterioso desconhecido.
Porém, Marcus se machuca após alguns dias na selva, atrapalhando o cronograma de todos. Com isso, a temporada de chuvas se aproxima e atritos começam a surgir entre os amigos, de modo que o grupo opta por se dividir, o que nunca é uma boa ideia. E o passeio de alguns dias se transforma em longas – e difíceis – semanas.
Por ser baseado em um livro do próprio Yossi Ghinsberg, Jungle acaba se afunilando cada vez na jornada do personagem de Daniel Radcliffe, que segura o filme nas costas e faz essa escolha valer a pena. Entretanto, esse “sumiço” dos demais não deixa de soar estranho, deixando uma curiosidade latente no ar (e que nunca é exatamente sanada, mantendo as limitações do material original). Ainda assim, é bom ver o ator se esforçando para trazer credibilidade dramática a um personagem – algo que ele sabe fazer bem –, com bastante tempo de tela para isso.
Porém, preciso admitir que, por mais que eu tentasse empatizar com o sofrimento mostrado ao longo do filme, nunca sumiu totalmente a sensação de que eu estava vendo pessoas idiotas que se meteram em uma situação horrível por conta de suas próprias decisões (eu sei que, em grande parte, é preconceito com estrangeiros fazendo turismo na floresta).
Claro que nenhum dos envolvidos mereceu passar por aquilo, mas eram situações absolutamente evitáveis. Isso sem contar que, considerando que todos já estavam na estrada há algum tempo, eles foram muito inocentes ao aceitar a proposta de um guia desconhecido que pretendia levá-los para um lugar obviamente perigoso. Isso para não mencionar o fato de que um grupo de quatro pessoas tinha apenas um facão e uma espingarda, ambos na posse da pessoa menos confiável.
No caso do protagonista, Jungle tenta justificar sua ânsia pela aventura por meio de flashbacks, mas, sinceramente, a emenda saiu pior do que o soneto. Se o diretor Greg McLean deixasse essas sequências de lado e focasse totalmente na jornada de superação e nos inúmeros desafios propiciados pelo ambiente hostil, o resultado talvez fosse mais consistente e envolvente emocionalmente. Ao mesmo tempo, o contraste com um Radcliffe de cara lavada também traz seus impactos.
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