Divagações: Beautiful Boy
18.3.20
Eu sei que isso não é exatamente verdade, mas eu gostaria de acreditar que as pessoas estão mais conscientes de que “o problema das drogas” é uma questão de saúde pública. Além disso, é importante a percepção de que ter um dependente químico em casa afeta toda a família e de que é complexo encontrar o tratamento adequado.
Dito isso, Beautiful Boy conta uma história bastante dramática, mas que se passa em um ambiente muito privilegiado – não só financeiramente. Ainda que a trama se desenrole vinte anos atrás, no começo dos anos 2000, o ambiente permite que exista amor e compreensão mesmo quando tudo parece perdido. Baseado em acontecimentos reais, a produção une as histórias contadas em livros escritos por seus dois protagonistas, com roteiro assinado pelo diretor Felix van Groeningen e por Luke Davies, que também já precisou enfrentar o vício.
A produção se concentra, basicamente, na dinâmica entre pai e filho durante um período difícil para ambos. David Sheff (Steve Carell) é um pai legal, descolado, compreensivo, que está sempre presente ao mesmo tempo em que dá bastante liberdade para seus filhos se desenvolverem. O mais velho, Nic (Timothée Chalamet), é um jovem promissor, com boas notas e a promessa de um futuro brilhante pela frente. Ainda que seja filho de um relacionamento anterior, ele mantém uma relação muito boa com a atual esposa do pai, Karen (Maura Tierney), e seus dois irmãos mais novos.
A princípio, o retrato é de uma família digna de um comercial de margarina. Nic, porém, é um adolescente em crise, que sentiu a pressão das expectativas em relação a ele e que quer “mais”. Nem ele sabe exatamente o que seria isso, mas sua vontade de experimentar o leva para as drogas, que vão ficando mais e mais pesadas. Até que ele chega na metanfetamina. Neste ponto, as coisas começam a realmente sair de seu controle, mas ele reluta em admitir que há um problema.
Beautiful Boy conta essa história e deixa claro que ela não é simples. Há uma série de recaídas, de idas e vindas. Há questões como a perda de confiança e seus impactos, tanto para quem perde independência quanto para quem sente a necessidade de agir com mais cautela. Há atitudes impensadas, raivas dirigidas para as pessoas erradas, frustrações, consequências inesperadas, surpresas boas e ruins.
A aparente necessidade de constantemente reforçar que o processo de recuperação é lento e difícil, no entanto, parece transformar o longa-metragem em algo, bem, lento e difícil. O filme – que passou mais de sete meses na sala de montagem – é cheio de idas e vindas que tentam expressar a confusão mental dos personagens e a necessidade que eles têm de enfrentar e, ao mesmo tempo, de fugir de tudo aquilo.
Ainda bem que Beautiful Boy consegue se segurar por meio das excelentes atuações. Steve Carell entrega uma performance contida, mas bastante convincente. Já Timothée Chalamet enfrenta a difícil tarefa de retratar uma pessoa constantemente sob o efeito de drogas, ao mesmo tempo em que precisa conquistar a empatia do público para seu personagem e não parecer caricato. Não vou dizer que ambos são absolutamente bem-sucedidos em suas missões (até porque há elementos externos que não os ajudam), mas eles fazem o melhor possível.
No final das contas, esta não é a melhor opção para quem busca um filme que trate efetivamente sobre vício, drogas, dependência e as consequências disso tudo. Beautiful Boy é um drama sobre uma família, sobre o amor de pai e filho, sobre enfrentar momentos difíceis e sobre saber perdoar. É uma história bonita, mas também muito pessoal e a maneira como ela afeta as pessoas depende das bagagens que cada um carrega.
Dito isso, Beautiful Boy conta uma história bastante dramática, mas que se passa em um ambiente muito privilegiado – não só financeiramente. Ainda que a trama se desenrole vinte anos atrás, no começo dos anos 2000, o ambiente permite que exista amor e compreensão mesmo quando tudo parece perdido. Baseado em acontecimentos reais, a produção une as histórias contadas em livros escritos por seus dois protagonistas, com roteiro assinado pelo diretor Felix van Groeningen e por Luke Davies, que também já precisou enfrentar o vício.
A produção se concentra, basicamente, na dinâmica entre pai e filho durante um período difícil para ambos. David Sheff (Steve Carell) é um pai legal, descolado, compreensivo, que está sempre presente ao mesmo tempo em que dá bastante liberdade para seus filhos se desenvolverem. O mais velho, Nic (Timothée Chalamet), é um jovem promissor, com boas notas e a promessa de um futuro brilhante pela frente. Ainda que seja filho de um relacionamento anterior, ele mantém uma relação muito boa com a atual esposa do pai, Karen (Maura Tierney), e seus dois irmãos mais novos.
A princípio, o retrato é de uma família digna de um comercial de margarina. Nic, porém, é um adolescente em crise, que sentiu a pressão das expectativas em relação a ele e que quer “mais”. Nem ele sabe exatamente o que seria isso, mas sua vontade de experimentar o leva para as drogas, que vão ficando mais e mais pesadas. Até que ele chega na metanfetamina. Neste ponto, as coisas começam a realmente sair de seu controle, mas ele reluta em admitir que há um problema.
Beautiful Boy conta essa história e deixa claro que ela não é simples. Há uma série de recaídas, de idas e vindas. Há questões como a perda de confiança e seus impactos, tanto para quem perde independência quanto para quem sente a necessidade de agir com mais cautela. Há atitudes impensadas, raivas dirigidas para as pessoas erradas, frustrações, consequências inesperadas, surpresas boas e ruins.
A aparente necessidade de constantemente reforçar que o processo de recuperação é lento e difícil, no entanto, parece transformar o longa-metragem em algo, bem, lento e difícil. O filme – que passou mais de sete meses na sala de montagem – é cheio de idas e vindas que tentam expressar a confusão mental dos personagens e a necessidade que eles têm de enfrentar e, ao mesmo tempo, de fugir de tudo aquilo.
Ainda bem que Beautiful Boy consegue se segurar por meio das excelentes atuações. Steve Carell entrega uma performance contida, mas bastante convincente. Já Timothée Chalamet enfrenta a difícil tarefa de retratar uma pessoa constantemente sob o efeito de drogas, ao mesmo tempo em que precisa conquistar a empatia do público para seu personagem e não parecer caricato. Não vou dizer que ambos são absolutamente bem-sucedidos em suas missões (até porque há elementos externos que não os ajudam), mas eles fazem o melhor possível.
No final das contas, esta não é a melhor opção para quem busca um filme que trate efetivamente sobre vício, drogas, dependência e as consequências disso tudo. Beautiful Boy é um drama sobre uma família, sobre o amor de pai e filho, sobre enfrentar momentos difíceis e sobre saber perdoar. É uma história bonita, mas também muito pessoal e a maneira como ela afeta as pessoas depende das bagagens que cada um carrega.
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