Divagações: Emma (2020)
19.5.21
Embora eu duvide que, algum dia, Clueless deixe de ser minha adaptação cinematográfica favorita deste clássico livro de Jane Austen, preciso admitir que Emma se esforçou bastante para tentar roubar o posto. Caso o seu julgamento não seja afetado pela nostalgia de ter sido criança ou adolescente nos anos 1990, vale a pena encarar ambas as produções e chegar a sua própria conclusão (a versão de 1996, estrelada por Gwyneth Paltrow, é opcional).
Em primeiro lugar, Emma é um filme muito bonito – plasticamente, eu diria. A estética inclui até mesmo os movimentos, com alguns personagens se mexendo de forma coreografada, para que tudo se encaixe com perfeição. O conjunto é bastante polido e nenhum fio de cabelo parece estar fora do lugar. O figurino é tão repleto de detalhes que nem parece ser real, ao mesmo tempo em que as maquiagens conseguem ser naturais e, ao mesmo tempo, deixarem todos com um ar de estranha perfeição: não à toa, a produção recebeu indicações ao Oscar em ambas as categorias.
Este mundo tão cuidadosamente retratado combina com a história sendo contado e, principalmente, com sua protagonista. Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy) é uma jovem bonita, rica e inteligente que vive na Inglaterra do século 19. Em sua vida privilegiada, ela adota passatempos como se tornar amiga de Harriet Smith (Mia Goth), uma moça sem graça e de origem desconhecida, que Emma decide “educar” em seus modos aristocráticos e, quem sabe, casar de acordo com eles.
Ao redor das duas estão personagens excêntricos, como o neurótico pai de Emma (Bill Nighy), a falante Miss Bates (Miranda Hart) e o empolgado vicário Elton (Josh O'Connor), embora o único amigo real de Emma pareça ser seu concunhado, Knightley (Johnny Flynn). Em meio a esta convivência já estabelecida, as coisas se agitam um pouco com a chegada de Jane Fairfax (Amber Anderson), de quem Emma não quer gostar, e de Frank Churchhill (Callum Turner), de quem ela quer gostar.
A trama, desta forma, gira ao redor das relações sociais da mimada protagonista, que brinca de casamenteira e demora a perceber que seu passatempo pode fazer outras pessoas sofrerem. Embora algumas atitudes da protagonista sejam cruéis e manipuladoras, o aspecto de “casa de bonecas” dado pela diretora Autumn de Wilde e a caracterização juvenil de Anya Taylor-Joy faz com que Emma pareça ingênua a respeito de suas próprias maquinações (mesmo assim, é satisfatório vê-la ter que encarar seus defeitos e caprichos).
Além disso, o filme também traça um paralelo interessante entre Emma e Frank e entre Jane e Knightley, garantindo que as conclusões dos protagonistas e seus sentimentos não precisem ser abertamente explicitados para serem compreendidos. Ao mesmo tempo, se você sabe (ou, ao menos, já percebeu) e o que está vindo, a relação estabelecida se torna ainda mais divertida.
Outra característica interessante é que, embora Emma seja muito focado em sua protagonista, todos os atores têm oportunidades de “roubarem” cenas – e eles parecem se divertir com isso. Os exageros, os diálogos “espertos”, os mal-entendidos se fazem presentes com força, garantindo que esta é, sem sombra de dúvidas, uma adaptação de uma das melhores e mais divertidas obras de Jane Austen.
Outras divagações:
Clueless
Emma (1996)
Em primeiro lugar, Emma é um filme muito bonito – plasticamente, eu diria. A estética inclui até mesmo os movimentos, com alguns personagens se mexendo de forma coreografada, para que tudo se encaixe com perfeição. O conjunto é bastante polido e nenhum fio de cabelo parece estar fora do lugar. O figurino é tão repleto de detalhes que nem parece ser real, ao mesmo tempo em que as maquiagens conseguem ser naturais e, ao mesmo tempo, deixarem todos com um ar de estranha perfeição: não à toa, a produção recebeu indicações ao Oscar em ambas as categorias.
Este mundo tão cuidadosamente retratado combina com a história sendo contado e, principalmente, com sua protagonista. Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy) é uma jovem bonita, rica e inteligente que vive na Inglaterra do século 19. Em sua vida privilegiada, ela adota passatempos como se tornar amiga de Harriet Smith (Mia Goth), uma moça sem graça e de origem desconhecida, que Emma decide “educar” em seus modos aristocráticos e, quem sabe, casar de acordo com eles.
Ao redor das duas estão personagens excêntricos, como o neurótico pai de Emma (Bill Nighy), a falante Miss Bates (Miranda Hart) e o empolgado vicário Elton (Josh O'Connor), embora o único amigo real de Emma pareça ser seu concunhado, Knightley (Johnny Flynn). Em meio a esta convivência já estabelecida, as coisas se agitam um pouco com a chegada de Jane Fairfax (Amber Anderson), de quem Emma não quer gostar, e de Frank Churchhill (Callum Turner), de quem ela quer gostar.
A trama, desta forma, gira ao redor das relações sociais da mimada protagonista, que brinca de casamenteira e demora a perceber que seu passatempo pode fazer outras pessoas sofrerem. Embora algumas atitudes da protagonista sejam cruéis e manipuladoras, o aspecto de “casa de bonecas” dado pela diretora Autumn de Wilde e a caracterização juvenil de Anya Taylor-Joy faz com que Emma pareça ingênua a respeito de suas próprias maquinações (mesmo assim, é satisfatório vê-la ter que encarar seus defeitos e caprichos).
Além disso, o filme também traça um paralelo interessante entre Emma e Frank e entre Jane e Knightley, garantindo que as conclusões dos protagonistas e seus sentimentos não precisem ser abertamente explicitados para serem compreendidos. Ao mesmo tempo, se você sabe (ou, ao menos, já percebeu) e o que está vindo, a relação estabelecida se torna ainda mais divertida.
Outra característica interessante é que, embora Emma seja muito focado em sua protagonista, todos os atores têm oportunidades de “roubarem” cenas – e eles parecem se divertir com isso. Os exageros, os diálogos “espertos”, os mal-entendidos se fazem presentes com força, garantindo que esta é, sem sombra de dúvidas, uma adaptação de uma das melhores e mais divertidas obras de Jane Austen.
Outras divagações:
Clueless
Emma (1996)
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