Divagações: Ghostbusters II
18.5.22No final das contas, a recepção do público não atingiu os níveis esperados e o próprio Bill Murray falou que ficou desapontado com o produto final – aparentemente, ele sentiu que o filme perdeu um pouco de sua dimensão humana, com os fantasmas ganhando mais destaque que os personagens. Ainda assim, Ghostbusters II é lembrado com carinho e, bem, não se pode dizer que seja um filme ruim.
A verdade é que esta produção tem uma história mais estruturada e um pouco mais de orçamento, além de uma identidade melhor definida (enquanto “filme para família”), o que também leva a um retrato ainda mais caricato de seus personagens: os nerds estão mais nerds, o falastrão está mais falastrão e a mulher independente está mais independente. Mas ninguém está reclamando disso.
Em Ghostbusters II, os caça-fantasmas não vivem seus melhores momentos e o negócio em si está praticamente encerrado desde a confusão vista ao final do longa-metragem anterior. Peter Venkman (Bill Murray) apresenta um programa de televisão de caráter questionável, Egon Spengler (Harold Ramis) voltou a dar aulas e Raymond Stantz (Dan Aykroyd) tem uma loja dedicada ao oculto, além de eventualmente animar festas infantis em companhia de Winston Zeddemore (Ernie Hudson).
Entretanto, a descoberta de um rio subterrâneo de ectoplasma pode voltar a esquentar os negócios, especialmente porque ele parece se alimentar de ódio. E, de alguma forma, isso pode estar conectado com Dana Barrett (Sigourney Weaver), que agora é mãe e trabalha com restauração de quadros antigos, precisando desviar não apenas das investidas de Venkman, mas também de seu novo chefe, Janosz Poha (Peter MacNicol). Para completar, a secretária Janine Melnitz (Annie Potts) segue firme e, de alguma forma, Louis Tully (Rick Moranis) continua rondando o grupo.
Com isso, ainda que a história tenha um ritmo e uma estrutura bem mais acertados, a necessidade de encaixar os personagens já conhecidos acaba eventualmente ficando forçada e nem tudo funciona como deveria. Como se não bastasse, ouso dizer que a energia caótica acaba fazendo falta. Ao menos para mim, boa parte da graça se devia ao humor incidental daquela bagunça; com a “diversão estruturada” e as piadas mais relacionadas à situação que às tiradas dos personagens, Ghostbusters II é mais aventura e menos comédia.
Ou seja, no frigir dos ovos, preciso concordar com Murray. Este filme é legal e, com certeza, funciona para uma tarde de entretenimento descomprometido. Mas ele poderia ser melhor com menos explosões e fantasmagoria, abrindo espaço para mais bobagens vindas de um elenco talentoso e naturalmente engraçado.
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