Divagações: Cruella
25.5.22
Já faz algum tempo que as vilãs da Disney começaram a ganhar espaço. Exageradas e icônicas, elas passaram a estampar cadernos, ganharam livros que expressam seus pontos de vista e inspiraram linhas de cosméticos, dentre outros produtos. Em resumo, se as princesas parecem ter esgotado seu potencial, suas antagonistas passam a brilhar.
No cinema, com a onda de remakes de animações do estúdio, a ideia de explorar algumas vilãs também floresceu – especialmente se a obra original não tem mais um apelo tão direto com o público. O primeiro exemplo foi Maleficent, que aposta fortemente no charme de Angelina Jolie e faz um esforço considerável para humanizar uma personagem até então vista como simplesmente malvada.
Com Cruella, por sua vez, era preciso lidar com o fato de que a adaptação com atores já existe (101 Dalmatians, lembra?) e que ela, inclusive, recebeu uma continuação (102 Dalmatians, alguém?). Além disso, encarar a vilã como uma protagonista não era exatamente algo difícil de fazer neste caso, considerando que os “protagonistas” eram cachorros e sempre foi ela quem segurava o andamento da história (é ela quem está no pôster).
Como, então, trazer esta personagem de volta e com uma imagem renovada? Fácil! Com uma atriz jovem, bonita e carismática para contar a “história de origem” da vilã (e tentar não levar a sério a questão de que ela se tornará uma assassina de filhotinhos de dálmatas). Para completar, este é um dos poucos casos em que a personagem tem uma profissão real, que pode ser explorada de uma forma visualmente interessante e que é facilmente relacionada a algo vilanesco.
Na trama, Estella (Emma Stone) é uma moça órfã, que cresceu nas ruas de Londres e mora com dois colegas gatunos, Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Seu sonho, entretanto, é largar a vida de roubos e trabalhar com moda, sendo uma grande admiradora do trabalho da baronesa (Emma Thompson), uma mulher inteligente e cheia de estilo. Quando seu desejo parece se realizar, entretanto, ela faz uma estranha descoberta que dá início a uma trajetória bem diferente da planejada.
No processo, Cruella diverte. A produção acaba misturando a tradicional estrutura de “filme de golpe/roubo” com uma jornada rumo à loucura, trazendo no processo toques de comédia e doses crescentes de exagero visual. Além disso, há alguns personagens secundários bastante clichês, mas que compõem muito bem o quadro geral, com destaque para o colecionador de roupas Artie (John McCrea) e o assistente fiel John (Mark Strong).
Obviamente, nada é perfeito. A transição da protagonista de mocinha esperta para vilã maluca é muito brusca? Provavelmente sim. É absurdo pensar que, praticamente sozinha, ela inventou a moda punk? Com certeza. O fato de alguém ter dálmatas como cães de guarda e de companhia faz sentido? De modo algum. E por aí vai... Porém, é tudo tão rápido, tão estilizado e tão confiante que mesmo o que é incoerente acaba sendo incorporado como comédia ou algo que o valha (com a possível exceção da cena pós-créditos, que é assumidamente forçada, mas isso já nem conta mais).
Assim, mesmo estando na complicada posição de criar uma história para um final já conhecido – que é ponto de partida para outra trama – Cruella consegue empolgar e até surpreender. O diretor Craig Gillespie tentou ser tão criativo quanto possível com o material que tinha em mãos e, principalmente, não se preocupou em salvar a imagem de sua protagonista: ela só fica mais e mais malvada com o passar do tempo.
Agora, fico no aguardo dos filmes dedicados a Madame Medusa e Ursula.
No cinema, com a onda de remakes de animações do estúdio, a ideia de explorar algumas vilãs também floresceu – especialmente se a obra original não tem mais um apelo tão direto com o público. O primeiro exemplo foi Maleficent, que aposta fortemente no charme de Angelina Jolie e faz um esforço considerável para humanizar uma personagem até então vista como simplesmente malvada.
Com Cruella, por sua vez, era preciso lidar com o fato de que a adaptação com atores já existe (101 Dalmatians, lembra?) e que ela, inclusive, recebeu uma continuação (102 Dalmatians, alguém?). Além disso, encarar a vilã como uma protagonista não era exatamente algo difícil de fazer neste caso, considerando que os “protagonistas” eram cachorros e sempre foi ela quem segurava o andamento da história (é ela quem está no pôster).
Como, então, trazer esta personagem de volta e com uma imagem renovada? Fácil! Com uma atriz jovem, bonita e carismática para contar a “história de origem” da vilã (e tentar não levar a sério a questão de que ela se tornará uma assassina de filhotinhos de dálmatas). Para completar, este é um dos poucos casos em que a personagem tem uma profissão real, que pode ser explorada de uma forma visualmente interessante e que é facilmente relacionada a algo vilanesco.
Na trama, Estella (Emma Stone) é uma moça órfã, que cresceu nas ruas de Londres e mora com dois colegas gatunos, Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Seu sonho, entretanto, é largar a vida de roubos e trabalhar com moda, sendo uma grande admiradora do trabalho da baronesa (Emma Thompson), uma mulher inteligente e cheia de estilo. Quando seu desejo parece se realizar, entretanto, ela faz uma estranha descoberta que dá início a uma trajetória bem diferente da planejada.
No processo, Cruella diverte. A produção acaba misturando a tradicional estrutura de “filme de golpe/roubo” com uma jornada rumo à loucura, trazendo no processo toques de comédia e doses crescentes de exagero visual. Além disso, há alguns personagens secundários bastante clichês, mas que compõem muito bem o quadro geral, com destaque para o colecionador de roupas Artie (John McCrea) e o assistente fiel John (Mark Strong).
Obviamente, nada é perfeito. A transição da protagonista de mocinha esperta para vilã maluca é muito brusca? Provavelmente sim. É absurdo pensar que, praticamente sozinha, ela inventou a moda punk? Com certeza. O fato de alguém ter dálmatas como cães de guarda e de companhia faz sentido? De modo algum. E por aí vai... Porém, é tudo tão rápido, tão estilizado e tão confiante que mesmo o que é incoerente acaba sendo incorporado como comédia ou algo que o valha (com a possível exceção da cena pós-créditos, que é assumidamente forçada, mas isso já nem conta mais).
Assim, mesmo estando na complicada posição de criar uma história para um final já conhecido – que é ponto de partida para outra trama – Cruella consegue empolgar e até surpreender. O diretor Craig Gillespie tentou ser tão criativo quanto possível com o material que tinha em mãos e, principalmente, não se preocupou em salvar a imagem de sua protagonista: ela só fica mais e mais malvada com o passar do tempo.
Agora, fico no aguardo dos filmes dedicados a Madame Medusa e Ursula.
Outras divagações:
Lars and the Real Girl
0 recados