Divagações: The Dig
24.5.23
Recentemente, eu encontrei uma lista de filmes da Netflix que não foram tão assistidos quanto deveriam. No meio dessa relação estava The Dig, um longa-metragem que, considerando o elenco, era realmente estranho que não tivesse cruzado o meu caminho anteriormente. Nada mais natural que eu tentasse reparar o meu “erro”. A questão é que logo entendi o motivo do filme não ser lá muito popular: a história é meio sem graça mesmo.
Edith Pretty (Carey Mulligan) é uma jovem viúva com um filho pequeno (Archie Barnes), bastante dinheiro para gastar, certo interesse por arqueologia e uma saúde bem frágil. Em sua propriedade, há alguns montes de terra que não parecem ser naturais, mas estão lá há muito tempo, sem qualquer interesse do governo em explorar a área. A empreitada parece ainda mais difícil considerando que ela está na Inglaterra, às vésperas da 2ª Guerra Mundial, e escondendo seu irmão (Johnny Flynn) na propriedade.
De qualquer modo, Edith resolve fazer as coisas andarem e contrata o escavador Basil Brown (Ralph Fiennes), que tem mais conhecimento que muitos arqueólogos, ainda que não possua uma formação acadêmica. Porém, quando algo finalmente é descoberto, o Museu Britânico se pronuncia e envia uma equipe composta, entre outras pessoas, pelo arrogante Charles Phillips (Ken Stott) e pelo casal em crise Stuart e Peggy Piggott (Ben Chaplin e Lily James). O que se segue é uma escavação em meio a uma disputa de egos e à crescente tensão trazida pela guerra iminente.
A questão é que, por mais que a descoberta em questão esteja entre as mais importantes já feitas (não vou contar o que encontraram para não estragar a surpresa, mas é legal), a determinação de Edith Pretty em manter controle sobre a situação e sua disputa burocrática com o governo não rendem um filme de muito apelo. Por isso, The Dig acaba se focando nas relações entre os personagens, com destaque para a forma como Basil Brown se posiciona e dando uma boa dose de atenção para Peggy Piggott.
Nesse sentido, a primeira metade da produção – que simplesmente contrapõe Pretty e Brown – acaba sendo mais interessante que os desenvolvimentos posteriores, quando mais personagens se integram à trama, gerando um dramalhão cheio de clichês e destinado a não chegar a lugar algum. Mas eu talvez seja suspeita para falar, já que admiro muito tanto o trabalho de Carey Mulligan quanto o de Ralph Fiennes.
The Dig, entretanto, é muito bonito. Além da bucólica paisagem do leste inglês, o filme consegue transformar uma escavação lamacenta em algo interessante de se ver. À medida em que as descobertas são feitas, o buraco vai se transformando em algo fascinante e a motivação de todas aquelas pessoas se torna compreensível, ainda que isso seja empalidecido pela guerra que se aproxima. Fica claro que a descoberta é mais importante que o conflito, mas as batalhas são mais urgentes.
Assim, por ser um drama histórico bem pesquisado e com diversos méritos, The Dig merece ser descoberto por mais pessoas (como defendem as pessoas que fizeram a tal lista). Contudo, esse realmente não é um longa-metragem de grande apelo ou que mexa com as emoções do público – e é justamente ao tentar fazer isso de uma maneira forçada que a produção escorrega.
Edith Pretty (Carey Mulligan) é uma jovem viúva com um filho pequeno (Archie Barnes), bastante dinheiro para gastar, certo interesse por arqueologia e uma saúde bem frágil. Em sua propriedade, há alguns montes de terra que não parecem ser naturais, mas estão lá há muito tempo, sem qualquer interesse do governo em explorar a área. A empreitada parece ainda mais difícil considerando que ela está na Inglaterra, às vésperas da 2ª Guerra Mundial, e escondendo seu irmão (Johnny Flynn) na propriedade.
De qualquer modo, Edith resolve fazer as coisas andarem e contrata o escavador Basil Brown (Ralph Fiennes), que tem mais conhecimento que muitos arqueólogos, ainda que não possua uma formação acadêmica. Porém, quando algo finalmente é descoberto, o Museu Britânico se pronuncia e envia uma equipe composta, entre outras pessoas, pelo arrogante Charles Phillips (Ken Stott) e pelo casal em crise Stuart e Peggy Piggott (Ben Chaplin e Lily James). O que se segue é uma escavação em meio a uma disputa de egos e à crescente tensão trazida pela guerra iminente.
A questão é que, por mais que a descoberta em questão esteja entre as mais importantes já feitas (não vou contar o que encontraram para não estragar a surpresa, mas é legal), a determinação de Edith Pretty em manter controle sobre a situação e sua disputa burocrática com o governo não rendem um filme de muito apelo. Por isso, The Dig acaba se focando nas relações entre os personagens, com destaque para a forma como Basil Brown se posiciona e dando uma boa dose de atenção para Peggy Piggott.
Nesse sentido, a primeira metade da produção – que simplesmente contrapõe Pretty e Brown – acaba sendo mais interessante que os desenvolvimentos posteriores, quando mais personagens se integram à trama, gerando um dramalhão cheio de clichês e destinado a não chegar a lugar algum. Mas eu talvez seja suspeita para falar, já que admiro muito tanto o trabalho de Carey Mulligan quanto o de Ralph Fiennes.
The Dig, entretanto, é muito bonito. Além da bucólica paisagem do leste inglês, o filme consegue transformar uma escavação lamacenta em algo interessante de se ver. À medida em que as descobertas são feitas, o buraco vai se transformando em algo fascinante e a motivação de todas aquelas pessoas se torna compreensível, ainda que isso seja empalidecido pela guerra que se aproxima. Fica claro que a descoberta é mais importante que o conflito, mas as batalhas são mais urgentes.
Assim, por ser um drama histórico bem pesquisado e com diversos méritos, The Dig merece ser descoberto por mais pessoas (como defendem as pessoas que fizeram a tal lista). Contudo, esse realmente não é um longa-metragem de grande apelo ou que mexa com as emoções do público – e é justamente ao tentar fazer isso de uma maneira forçada que a produção escorrega.
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