Divagações: Requiem for a Dream
6.9.23
De vez em quando, eu me arrependo do meu “compromisso” de escrever sobre os filmes que assisto e Requiem for a Dream é um desses casos. Inclusive, acredito que demorei muito para ver a produção justamente pela carga dramática e pelo peso das decisões que foram tomadas para contar esta história. Não é um filme de digestão fácil.
Segundo longa-metragem de Darren Aronofsky, com roteiro escrito por ele e pelo autor do livro original, Hubert Selby Jr., Requiem for a Dream entra naquela relação de “filmes impactantes sobre o uso de drogas”, ao lado de Trainspotting e algumas outras produções do final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Além de não ser um tema agradável, o enfoque nos dependentes químicos torna tudo ainda mais pesado e triste. Para completar, há toda uma tendência de edição rápida de imagens que ajuda na sensação de frenesi e náusea.
Neste caso, acompanhamos a história de Harry Goldfarb (Jared Leto) e três pessoas conectadas a ele. Harry é um rapaz viciado em heroína (embora o nome da droga nunca fique explícito) que resolve ganhar dinheiro como revendedor de drogas. Seu melhor amigo, Tyrone C. Love (Marlon Wayans), entra como sócio nessa empreitada. Já a namorada de Harry, Marion Silver (Jennifer Connelly), vai se afundando no vício ao mesmo tempo em que acredita estar perto de realizar seus sonhos e se libertar de uma família opressora.
A quarta protagonista nesta trama é a mãe de Harry, Sara Goldfarb (Ellen Burstyn). Viúva e distante do filho, ela se sente sozinha e feia. Seu único alento é a televisão, que acaba sendo constantemente levada embora de casa pelo filho dependente químico. Assim, a possibilidade de participar de um programa na TV a leva a uma jornada de obsessão e emagrecimento.
Com isso, Requiem for a Dream coloca em paralelo a jornada dos jovens adultos, que tentam construir a vida em cima de algo moralmente errado, e da senhora que perdeu tudo e busca se reconstruir por meio de uma glória inalcançável – um paralelo questionável sob quaisquer outros recortes, mas que funciona bem aqui. Todos são viciados, mas a relação de cada um deles com o vício é diferente.
Além disso, ao se concentrar apenas nas consequências pessoais dos atos de seus personagens (Harry é o único com capacidade de ecoar nos demais, embora isso acabe sendo limitado), o filme entra em um cenário de miséria e desespero emocional que parece não ter saída e, ao mesmo tempo, se protege de uma percepção mais ampla dos “estragos”. Afinal, nenhuma consequência é tão ruim quanto a que eles causam para si mesmos. Sob certos aspectos, todos são apenas vítimas das circunstâncias e da sociedade.
Musicalmente, segundo o dicionário, um réquiem é “uma composição sobre o texto litúrgico da missa dos mortos”. Com esta noção, a produção repensa vários réquiens e se utiliza de sons como o de uma orquestra afinando seus instrumentos (o que, aliás, acontece em uma sequência bastante importante). Sem a profusão de música pop que existe em longas-metragens similares, o efeito geral é ainda mais perturbador e permite que o filme não fique vinculado a uma época específica. Requiem for a Dream é um mergulho profundo no desalento.
Outras divagações:
Black Swan
Noah
Mother!
Segundo longa-metragem de Darren Aronofsky, com roteiro escrito por ele e pelo autor do livro original, Hubert Selby Jr., Requiem for a Dream entra naquela relação de “filmes impactantes sobre o uso de drogas”, ao lado de Trainspotting e algumas outras produções do final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Além de não ser um tema agradável, o enfoque nos dependentes químicos torna tudo ainda mais pesado e triste. Para completar, há toda uma tendência de edição rápida de imagens que ajuda na sensação de frenesi e náusea.
Neste caso, acompanhamos a história de Harry Goldfarb (Jared Leto) e três pessoas conectadas a ele. Harry é um rapaz viciado em heroína (embora o nome da droga nunca fique explícito) que resolve ganhar dinheiro como revendedor de drogas. Seu melhor amigo, Tyrone C. Love (Marlon Wayans), entra como sócio nessa empreitada. Já a namorada de Harry, Marion Silver (Jennifer Connelly), vai se afundando no vício ao mesmo tempo em que acredita estar perto de realizar seus sonhos e se libertar de uma família opressora.
A quarta protagonista nesta trama é a mãe de Harry, Sara Goldfarb (Ellen Burstyn). Viúva e distante do filho, ela se sente sozinha e feia. Seu único alento é a televisão, que acaba sendo constantemente levada embora de casa pelo filho dependente químico. Assim, a possibilidade de participar de um programa na TV a leva a uma jornada de obsessão e emagrecimento.
Com isso, Requiem for a Dream coloca em paralelo a jornada dos jovens adultos, que tentam construir a vida em cima de algo moralmente errado, e da senhora que perdeu tudo e busca se reconstruir por meio de uma glória inalcançável – um paralelo questionável sob quaisquer outros recortes, mas que funciona bem aqui. Todos são viciados, mas a relação de cada um deles com o vício é diferente.
Além disso, ao se concentrar apenas nas consequências pessoais dos atos de seus personagens (Harry é o único com capacidade de ecoar nos demais, embora isso acabe sendo limitado), o filme entra em um cenário de miséria e desespero emocional que parece não ter saída e, ao mesmo tempo, se protege de uma percepção mais ampla dos “estragos”. Afinal, nenhuma consequência é tão ruim quanto a que eles causam para si mesmos. Sob certos aspectos, todos são apenas vítimas das circunstâncias e da sociedade.
Musicalmente, segundo o dicionário, um réquiem é “uma composição sobre o texto litúrgico da missa dos mortos”. Com esta noção, a produção repensa vários réquiens e se utiliza de sons como o de uma orquestra afinando seus instrumentos (o que, aliás, acontece em uma sequência bastante importante). Sem a profusão de música pop que existe em longas-metragens similares, o efeito geral é ainda mais perturbador e permite que o filme não fique vinculado a uma época específica. Requiem for a Dream é um mergulho profundo no desalento.
Outras divagações:
Black Swan
Noah
Mother!
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