Divagações: Licorice Pizza

Licorice Pizza é um filme que despertou minha curiosidade desde que as primeiras impressões começaram a pipocar. Afinal, é uma produção com...

Licorice Pizza
Licorice Pizza é um filme que despertou minha curiosidade desde que as primeiras impressões começaram a pipocar. Afinal, é uma produção com roteiro e direção de Paul Thomas Anderson, que foi bem recebida pela crítica, que se passa nos anos 1970 e que é estrelada por Alana Haim (que eu já conhecia pela banda Haim). Para completar, o longa-metragem recebeu três indicações ao Oscar, todas para Anderson.

O único “senão” estava justamente em dos principais pontos da premissa. De maneira resumida, a história acompanha a parceria entre Alana Kane (Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman). Ela é uma jovem de 25 anos que está um pouco perdida na vida, morando com os pais e trabalhando em empregos ruins. Ele é um adolescente de 15 anos que começou uma carreira de ator na infância, mas é algo que não parece ter muito futuro.

Os dois se conhecem na escola de Gary e, apesar da diferença de 10 anos, ele demonstra interesses “românticos” por Alana; embora ela não retribua abertamente, é preciso admitir que dá alguma corda. Entre encontros e desencontros, os dois acabam em uma parceria comercial envolvendo colchões d’água, o que também implica em joguinhos, sinais falsos, mal-entendidos e frustrações diversas (para todos os lados).

Com isso, uma das questões comuns quanto a Licorice Pizza é: e se fosse ao contrário? Pois bem, eu acredito que a resposta para isso é complicada. Em primeiro lugar porque, apesar de tudo, Alana (a personagem) é muito imatura. Depois, é preciso considerar que o filme não é sobre um romance entre os dois, mas como ambos contornam a atração que sentem dentro de seus próprios contextos. E, por fim, não é como se um namoro entre os protagonistas fosse algo muito correto moralmente falando, de qualquer modo. Sem contar que dificilmente esta relação estaria destinada ao sucesso.

Dito isso, a produção é um mergulho em tempos mais inocentes – o que só funciona pela sensação de nostalgia trazida pelo visual e pela trilha sonora, que é recheada de ótimas canções. Licorice Pizza acontece dentro de uma bolha onde até há coisas ruins acontecendo no mundo, mas nada é capaz de arranhar os personagens principais. Inclusive, como tudo é mágico e sem grandes consequências, o longa-metragem ganha um ar de “histórias de tempos passados”; o que não é exatamente falso, já que muitos momentos se baseiam em anedotas ouvidas por Anderson e que basearam os personagens.

Para completar, o espectador comum é bombardeado por participações especiais que enchem os olhos. Enquanto o filme é estrelado por desconhecidos, passam brevemente pela tela Maya Rudolph, John C. Reilly, Tom Waits, Sean Penn e Bradley Cooper – só para citar alguns. E nenhum deles passa vergonha com o crédito na produção, já que entregam verdadeiras caricaturas de poder e estrelismo em meio ao “realismo” de Alana Haim e Cooper Hoffman, uma estratégia que funciona bem. Aliás, preciso acrescentar que toda a família Haim está no filme, interpretando justamente a família da protagonista.

Assim, Licorice Pizza é uma delicinha de assistir. É um filme charmoso, divertido, bem produzido, com excelentes atuações e repleto de bons momentos. Além disso, é uma produção sobre amadurecimento a partir de um ponto de vista diferente, explorando aquele momento dos 20 e tantos anos (quando os 30 começam a querer bater à porta). Ou seja, realmente vale a pena conferir.

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