Divagações: The Little Mermaid

Não sei exatamente quando eu parei de me importar com as adaptações de animações clássicas da Disney para “live action”, mas isso aconteceu...

The Little Mermaid
Não sei exatamente quando eu parei de me importar com as adaptações de animações clássicas da Disney para “live action”, mas isso aconteceu bem antes de The Little Mermaid chegar aos cinemas. Assim, embora o filme de 1989 tenha marcado a minha infância, isso não foi o suficiente para me motivar a ir ao cinema, de modo que acabei conferindo a produção quase que por acaso, em uma tarde desocupada de férias.

Para começar, eu sabia de antemão que algumas mudanças foram feitas. Os objetivos principais eram compreensíveis: dar mais tempo de tela para o príncipe, proporcionar uma motivação mais consistente para a vilã e ajustar detalhes nas letras das músicas que não seriam “politicamente corretos” nos padrões atuais. A questão é que, por mais que isso faça diferença, a produção segue parecendo uma cópia estranha da animação e não algo novo.

Mas vamos ao básico! Com direção de Rob Marshall, The Little Mermaid conta a história de Ariel (Halle Bailey), a mais jovem sereia entre as sete filhas do rei dos sete mares, Triton (Javier Bardem). Assim como as irmãs, ela é proibida de ter qualquer contato com a superfície e sempre ouve histórias terríveis sobre os humanos. Contudo, isso não impediu que ela desenvolvesse uma curiosidade que beira a obsessão – e a coisa só piora quando ela presencia um naufrágio e se sente compelida a salvar Eric (Jonah Hauer-King), o príncipe de um reino próximo.

Sensibilizada após ser repreendida por suas ações, Ariel acaba sendo presa fácil para sua tia malvada, Ursula (Melissa McCarthy). As duas firmam um acordo em que a jovem – transformada em humana, mas sem seus “encantos” de sereia, incluindo sua voz – tem um prazo de três dias para conseguir um beijo de seu verdadeiro amor. Caso consiga, Ariel poderá ser humana para sempre; caso falhe, ela deverá servir Ursula. Entretanto, por mais que a moça conte com a ajuda de um caranguejo, Sebastian (Daveed Diggs); um peixe, Flounder (Jacob Tremblay); e um pássaro, Scuttle (Awkwafina), a missão ganha complicações porque a bruxa do mar usa de uma série de trapaças.

Por esta breve sinopse, já é possível ver que as modificações feitas em The Little Mermaid são realmente detalhes. Com isso, o motivo dos 40 minutos a mais de filme recai principalmente em cenas prolongadas e acréscimos feitos aqui e ali para dar mais tempo de tela a determinados atores. Além disso, há duas músicas novas, mas nenhuma delas – apesar da assinatura de Lin-Manuel Miranda – é realmente marcante (isso sem contar que uma das minhas canções favoritas foi cortada).

Assim, em muitos momentos, o longa-metragem parece uma refilmagem quadro-a-quadro da animação, com a desvantagem de que as criaturas não-humanoides perderam muita expressão por conta do visual “realista” dado aos animais. Vale acrescentar que os dubladores realmente fizeram seu melhor, mas é realmente difícil conseguir encantar em forma de crustáceo (ou com o olhar de peixe).

Talvez The Little Mermaid tivesse mais sorte se a ideia de uma refilmagem com atores fosse uma novidade, o que realmente não era o caso. Com uma fórmula cansada e um visual que não impressiona mais, o filme serve apenas como uma espécie de curiosidade, representando uma fase da Disney repleta de escolhas erradas. Ao não conseguir ser melhor que o original e sequer possuir uma magia própria, a produção parece fadada a eventuais descobertas de curiosos no serviço de streaming.

Outras divagações:
Nine
Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides
Into the Woods
Mary Poppins Returns

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