Divagações: Bottoms
1.5.24
Por algum motivo, parece que sempre há espaço para novas comédias abobadas passadas em uma escola, de preferência com atores velhos demais para seus papéis e com uma trama envolvendo perder a virgindade. Bottoms é exatamente isso, mas também é um longa-metragem consciente de todos os problemas e clichês do gênero. O objetivo, então, não é exatamente subverter, mas trazer esse humor assumidamente ridículo para um novo público, com uma sensibilidade própria (e sem ser chato).
PJ (Rachel Sennott, que assina o roteiro ao lado da diretora Emma Seligman) e Josie (Ayo Edebiri) são duas amigas de infância que, coincidentemente, são lésbicas. Elas também estão no ponto mais baixo da hierarquia social estudantil, sendo assumidamente estranhas e impopulares. Para completar, sequer sabem como conversar com outras meninas, em especial suas paixonites bonitonas, Isabel (Havana Rose Liu) – que namora a estrela do time de futebol americano Jeff (Nicholas Galitzine) – e Brittany (Kaia Gerber), que não tem lá muita personalidade.
Após uma série de mal-entendidos, as duas amigas resolvem iniciar um clube de defesa pessoal que logo se torna um “clube da luta” mesmo. Com isso, pretendem usar a seu favor um rumor de que ambas foram para um reformatório nas férias, além de conseguirem desviar de uma possível expulsão. Mas o objetivo maior, obviamente, é tentar conquistar as garotas populares. A seu lado, está outra menina do time das impopulares, Hazel (Ruby Cruz) – que tem alguma noção de como o clube deve ser – e o professor G (Marshawn Lynch), que está enfrentando um divórcio. Em contrapartida, elas conseguem a antipatia do melhor amigo de Jeff, Tim (Miles Fowler).
Dessa forma, Bottoms consegue reunir a clássica estrutura dos filmes do gênero, com nerds querendo fazer sexo, pessoas bonitas descerebradas, professores desconectados do mundo que os cerca e uma figura vilanesca entre os ricos e populares. Para provar que está ciente disso, o filme resolve exagerar e mantém os jogadores usando o uniforme do time o tempo todo, entre outros recursos. Ou seja, a produção sabe fazer piada de si mesma.
Por cima disso há toda a camada do clube, que funciona na base de assistir as colegas brigando e tentar aprender o que funciona melhor (sinceramente, é uma estratégia válida quando se considera a falta de suporte). Então, você sabe que, em algum momento, haverá pancadaria. E, por se tratar de uma comédia que se alimenta do exagero, pode apostar que haverá sangue falso em excesso e todo um contexto absurdo.
Bottoms é um daqueles filmes que parece não ter limites, apostando no caos e na anarquia adolescente. Logicamente, ele também traz personagens bobos e inconsequentes, mas eles são um veículo para um humor rápido e bem pensado. Fora isso, acredito que há algo de maior em tudo o que está sendo apresentado na tela (por mais que isso seja difícil de enxergar).
Sob certos aspectos, esta produção é quase uma homenagem (ou talvez seja uma releitura?) das comédias adolescentes dos anos 1980, que ainda influenciam muitos jovens cineastas. Para tanto, Bottoms se rende à estrutura já conhecida – e faz piada com isso –, mas traz um universo que faz bastante sentido para o humor dos anos 2020. Continua sendo idiota? Bom, continua...
PJ (Rachel Sennott, que assina o roteiro ao lado da diretora Emma Seligman) e Josie (Ayo Edebiri) são duas amigas de infância que, coincidentemente, são lésbicas. Elas também estão no ponto mais baixo da hierarquia social estudantil, sendo assumidamente estranhas e impopulares. Para completar, sequer sabem como conversar com outras meninas, em especial suas paixonites bonitonas, Isabel (Havana Rose Liu) – que namora a estrela do time de futebol americano Jeff (Nicholas Galitzine) – e Brittany (Kaia Gerber), que não tem lá muita personalidade.
Após uma série de mal-entendidos, as duas amigas resolvem iniciar um clube de defesa pessoal que logo se torna um “clube da luta” mesmo. Com isso, pretendem usar a seu favor um rumor de que ambas foram para um reformatório nas férias, além de conseguirem desviar de uma possível expulsão. Mas o objetivo maior, obviamente, é tentar conquistar as garotas populares. A seu lado, está outra menina do time das impopulares, Hazel (Ruby Cruz) – que tem alguma noção de como o clube deve ser – e o professor G (Marshawn Lynch), que está enfrentando um divórcio. Em contrapartida, elas conseguem a antipatia do melhor amigo de Jeff, Tim (Miles Fowler).
Dessa forma, Bottoms consegue reunir a clássica estrutura dos filmes do gênero, com nerds querendo fazer sexo, pessoas bonitas descerebradas, professores desconectados do mundo que os cerca e uma figura vilanesca entre os ricos e populares. Para provar que está ciente disso, o filme resolve exagerar e mantém os jogadores usando o uniforme do time o tempo todo, entre outros recursos. Ou seja, a produção sabe fazer piada de si mesma.
Por cima disso há toda a camada do clube, que funciona na base de assistir as colegas brigando e tentar aprender o que funciona melhor (sinceramente, é uma estratégia válida quando se considera a falta de suporte). Então, você sabe que, em algum momento, haverá pancadaria. E, por se tratar de uma comédia que se alimenta do exagero, pode apostar que haverá sangue falso em excesso e todo um contexto absurdo.
Bottoms é um daqueles filmes que parece não ter limites, apostando no caos e na anarquia adolescente. Logicamente, ele também traz personagens bobos e inconsequentes, mas eles são um veículo para um humor rápido e bem pensado. Fora isso, acredito que há algo de maior em tudo o que está sendo apresentado na tela (por mais que isso seja difícil de enxergar).
Sob certos aspectos, esta produção é quase uma homenagem (ou talvez seja uma releitura?) das comédias adolescentes dos anos 1980, que ainda influenciam muitos jovens cineastas. Para tanto, Bottoms se rende à estrutura já conhecida – e faz piada com isso –, mas traz um universo que faz bastante sentido para o humor dos anos 2020. Continua sendo idiota? Bom, continua...
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