Divagações: Given

Eu nunca fiz parte de uma banda, mas sempre ouvi histórias de grupos que acabaram por “culpa” de relacionamentos que, de alguma forma, acaba...

Given
Eu nunca fiz parte de uma banda, mas sempre ouvi histórias de grupos que acabaram por “culpa” de relacionamentos que, de alguma forma, acabam atrapalhando a dinâmica entre os integrantes. Quando ambos fazem parte da banda, então, a situação é ainda pior. No caso de Given, há algo ainda mais inusitado acontecendo (e eu me arrisco a dar um spoiler aqui: ao final, a banda ainda segue junta).

A série que antecede aos acontecimentos narrados neste filme conta o romance do talentoso guitarrista Ritsuka Uenoyama (Yuma Uchida) com o aprendiz de voz e guitarra Mafuyu Sato (Shogo Yano). É um romance adolescente com alguns momentos mais pesados, marcados pelo passado trágico de Mafuyu e suas dificuldades em escrever uma música sobre isso.

Aqui, as atenções se voltam para outros personagens, mais especificamente o já estabelecido triângulo amoroso entre o simpático baixista da banda, Haruki Nakayama (Masatomo Nakazawa), o problemático baterista, Akihiko Kaji (Takuya Eguchi), e o misterioso gênio do violino Ugetsu Murata (Kotaro Asanuma). Uma vez que os sentimentos de Haruki são bem claros, Akihiko acaba explorando seu amigo enquanto tenta organizar sua vida e seus sentimentos, com Ugetsu ainda se fazendo dolorosamente presente.

Fortemente dependente de um conhecimento prévio do que está acontecendo, Given é um filme feito para os fãs, seja da série ou do mangá original. Ele segue a trama praticamente do mesmo ponto em que a história parou na versão televisiva e não perde tempo com a apresentação de seus personagens. Aliás, com apenas uma hora de duração e muita história para contar, o filme perde pouquíssimo tempo com o que quer que seja.

A história mantém o tom pesado, explorando relacionamento complicados e pessoas que não costumam tomar as atitudes mais corretas ou sensatas. Isso fica evidenciado porque, com uma trama bastante comprimida, não há muito espaço para momentos mais leves ou de grandes reflexões sobre amor ou música – o que combina com os personagens mais adultos. Ao se afastar das inseguranças adolescentes, todo o enfoque muda.

Com direção da praticamente estreante Hikaru Yamaguchi, Given não é um exemplo de uma grande animação, mas consegue manter um visual bonito ao longo de todo o filme e traz uma qualidade razoável. Pessoalmente, eu preferiria ver os personagens tocando com mais frequência (e se perdendo na música), mas a história sobrevive bem sem isso.

Além disso, confesso que o estilo das canções dos personagens não é o meu favorito. As músicas que deveriam representar grandes catarses não chegam a ter o efeito desejado (assumo que isso pode ser minha culpa, mas ouso dizer que não) e acabam gerando até mesmo um estranhamento. Falta algo que transmita a verdadeira emoção de estar em um palco e de expor seus sentimentos aos berros para o público.

Assim, ainda que não seja exatamente muito recomendado para um público amplo, Given é uma opção válida para quem tem algum carinho por esta história e por estes personagens. Ele é fiel ao clima originalmente estabelecido e traz um monte de caras bonitões interessados amorosa e sexualmente uns nos outros – para quem não conhece, isso faz parte de um gênero chamado “boy love”, destinado principalmente para o público feminino. Se você se interessou, recomendo que não comece por aqui, mas procure a série ou o mangá.

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