Divagações: Turma da Mônica: Laços

Suponho que dificilmente exista um brasileiro nascido nos últimos 50 anos que não tenha tido contato com a Turma da Mônica na infância. São...

Turma da Mônica: Laços

Suponho que dificilmente exista um brasileiro nascido nos últimos 50 anos que não tenha tido contato com a Turma da Mônica na infância. São inúmeras as histórias de pessoas que aprenderam a ler com os gibis e há uma quantidade imensa de gente que mantém laços afetivos com os personagens mesmo décadas depois. Indo além de meras revistinhas em quadrinhos, a imaginação de Maurício de Souza passou a integrar a cultura nacional (parece exagero, mas não acredito que seja).

Assim, o lançamento de “graphic novels” comemorativas, assinadas por diversos artistas, que revisitaram situações e personagens, foi algo muito interessante. Com novos traços e diferentes pontos de vista, outras sensibilidades e outros públicos foram atingidos, renovando um universo já conhecido. Turma da Mônica: Laços, feito por Vitor e Lu Cafaggi, foi o segundo título deste projeto, iniciado em 2012 e que já soma 30 livros.

Em sua adaptação cinematográfica, dirigida por Daniel Rezende, a obra também traz algo bastante diferente: pela primeira vez, há pessoas reais interpretando os personagens. Por se tratar de desenhos bastante caricatos, confesso que nunca imaginei que isso pudesse ser feito de uma forma reconhecível. Mas suponho que a reimaginação tornou tudo possível.

Turma da Mônica: Laços começa como qualquer historinha conhecida, ou seja, com um plano infalível que dá errado. Entretanto, esse é só um ponto de partida. Ao descobrir que seu cachorro Floquinho desapareceu, Cebolinha (Kevin Vechiatto) perde o ânimo de se juntar a Cascão (Gabriel Moreira) para roubar Sansão, o coelhinho de pelúcia da Mônica (Giulia Benite). Porém, ao ver o amigo assim, a turminha se junta – o que ainda inclui Magali (Laura Rauseo) – para seguir pistas que os adultos parecem ignorar.

Desta forma, enquanto as crianças partem em uma missão que parece destinada a dar errado, seus pais ficam desesperados, especialmente Dona Cebola (Fafá Rennó) e Seu Cebola (Paulo Vilhena). No caminho, a turma precisa se embrenhar no meio de uma floresta e lidar com as características que fazem cada um deles ser único: a força furiosa da Mônica, a fome infindável da Magali, o medo que o Cascão tem de água e a liderança intransigente de Cebolinha.

Obviamente, não faltam “participações especiais” ao longo de Turma da Mônica: Laços. Diversos personagens fazem pequenas aparições e alguns ganham sequências inteiras, como é o caso de Louco (Rodrigo Santoro). Isso dá um sabor especial ao longa-metragem e alimenta a nostalgia, mas é claro que só funciona para um público que já encara a existência dessa produção com um carinho especial.

De qualquer modo, este é o objetivo do que está na tela. Este filme existe para retratar um universo saído dos gibis, referenciando-se a ele com frequência e, também, com certa reverência. Tenho minhas dúvidas, por exemplo, sobre como uma criança estrangeira reagiria a Turma da Mônica: Laços e acredito que muito se perderia – mesmo assim, imagino que seguiria sendo divertido. Para mim, que já estou na faixa dos 30 e poucos anos, foi um mergulho muito gostoso em algo que só me traz boas lembranças. Espero que seja assim para você também.

P.S.: As divagações sobre Turma da Mônica: Lições devem sair hoje à tarde. ;)

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