Divagações: Eiga Daisuki Pompo-san

Filmes sobre filmes são bastante comuns. Mas animações sobre filmes – ainda mais voltadas para o que acontece “do outro lado” das câmeras – ...

Eiga Daisuki Pompo-san
Filmes sobre filmes são bastante comuns. Mas animações sobre filmes – ainda mais voltadas para o que acontece “do outro lado” das câmeras – é algo que não se vê todo dia. E essa é justamente a proposta de Eiga Daisuki Pompo-san.

Gene Fini (Hiroya Shimizu) é um cara nerd que sonha em trabalhar com cinema. Ele sabe de tudo um pouco e é um grande observador, mas não tem exatamente uma formação na área ou um “padrinho”, de modo que o emprego como assistente pessoal da produtora Joelle Davidovich Pomponette (Konomi Kohara) parece ser uma excelente oportunidade – e é. Embora seja conhecida por filmes B, ela possui muitos contatos e sabe circular bem por esse universo. Mas, quando finalmente decide escrever seu próprio roteiro, ela escolhe Gene como seu diretor.

A partir dessa premissa, Eiga Daisuki Pompo-san mergulha na experiência de um diretor de primeira viagem que está trabalhando em um projeto dos sonhos, o que inclui o apoio (e a pressão) de uma produtora experiente, um grande roteiro original e um elenco interessante, combinando o experiente Martin Braddock (Akio Ôtsuka) e a estreante Nathalie Woodward (Rinka Ôtani). Para completar, o filme vai um pouco além das filmagens e também explora a fase de edição e a temida busca por recursos.

Com isso, a produção resume uma jornada de meses em apenas 90 minutos – e o que fica de fora acaba fazendo falta em muitos momentos. O protagonista vive uma montanha-russa de sentimentos ao longo de todo o período e, justamente por acontecer tanta coisa, nada parece ter uma real consequência sobre ele; afinal, ele deve superar esse desafio em breve e logo partir para o próximo. Os coadjuvantes têm pouco a acrescentar nesse quesito. A única personagem que também tem uma história de crescimento é Nathalie, mas isso não chega a ser muito aprofundado.

De maneira geral, Eiga Daisuki Pompo-san conta a história que se propõe a trazer e o faz de uma maneira divertida e até mesmo educativa. Quem já tem um mínimo conhecimento sobre como se faz um filme acaba “brincando” de descobrir o que vem pela frente ou tentando encontrar as soluções de que Gene precisa. Para os demais, é uma montanha de informações que funciona como um entretenimento frenético.

Como se não bastasse, a obra tem um traço bastante próprio e é muito colorida, o que ajuda na sensação de que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Os sentimentos são frequentemente expressados de forma bastante visual, também contribuindo para “ajudar” a passar a mensagem necessária mais rápido – e sendo um diferencial considerável em comparação com as produções mais realistas sobre o mesmo tema.

Aliás, vale dizer que Eiga Daisuki Pompo-san procura contar qual é o contexto real de uma produção cinematográfica, mas sua trama é quase um conto de fadas e tem pouco apego à realidade. Infelizmente, olhos brilhantes (ou que não brilham) dificilmente representam um motivo para a escolha de um profissional para determinada função. Ainda assim, não é como se esta história, escrita e dirigida por Takayuki Hirao, não representasse o sonho de qualquer aspirante a diretor: poder trabalhar duro, estar cercado de gente competente e alcançar algum reconhecimento. E, sinceramente, tudo bem ser assim – eu é que não vou reclamar.

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