Divagações: Promare

Existem filmes que são muito estilosos. Mas no caso de Promare , tudo – absolutamente tudo – é em nome do estilo. E, de alguma forma mágica,...

Existem filmes que são muito estilosos. Mas no caso de Promare, tudo – absolutamente tudo – é em nome do estilo. E, de alguma forma mágica, isso funciona.

Para começar, vale dizer que esta é uma produção do estúdio Trigger, que tem um estilo bastante próprio e reconhecível. Eles também usam de várias formas e muletas narrativas em suas histórias, o que acaba fazendo com que elas se tornem igualmente identificáveis e, eventualmente, previsíveis (não julguem, a Pixar faz a mesma coisa). Neste caso, o estilo foi elevado à potência máxima e a história se segurou onde conseguiu.

Promare se passa em um universo onde alguns seres humanos ganharam o estranho poder de soltar chamas. Inicialmente, este foi um impulso incontrolável e várias pessoas em situações de grande stress acabaram causando acidentes bem graves. Mas, eventualmente, as coisas se acalmaram – ou quase.

Galo Thymos (Ken'ichi Matsuyama) é um jovem bombeiro cheio de energia e disposto a mostrar trabalho. Os bombeiros adquiram um novo status neste mundo e ele tem bastante orgulho de fazer parte de uma equipe de resgate. Em uma de suas missões, Galo acaba até mesmo participando da prisão de um importante criminoso, Lio Fotia (Taichi Saotome), líder de uma gangue de incendiários (na falta de um termo melhor).

Porém, circunstâncias adversas fazem com que Galo coloque sua visão de mundo em questão. Ele acha que está do “lado certo”, mas a constante truculência das forças policiais e certas atitudes de seu grande ídolo – o governador Kray Foresight (Masato Sakai) – fazem com que ele direcione um novo olhar para Lio e companhia. Embora mudar a percepção das pessoas não seja fácil, ele conta com a ajuda de seus colegas de trabalho.

Aliás, um aspecto a ser levado em consideração aqui é que Promare é um projeto relativamente antigo do estúdio, tendo sido inicialmente pensado como uma série. Uma das principais falhas na adaptação para uma forma mais enxuta e rápida de contar a história foi a resistência em cortar personagens. Vários dos nomes apresentados envolvem um visual interessante e uma personalidade bem demarcada, mas isso acaba não levando a lugar nenhum. Ao longo do filme, são poucos os personagens que conseguem ter um desenvolvimento maior e o tempo de tela é praticamente todo tomado pelos dois protagonistas.

Em compensação, o ritmo do longa-metragem ganhou muita velocidade, atingindo patamares próximos à insanidade. Ainda que a história não seja exatamente complexa, muita coisa acontece em menos de duas horas e há uma clara preocupação em fazer tudo o que acontece ter o visual mais “cool” possível. Como eu disse, tudo é pensado para funcionar da forma mais estilosa possível (e andrógina, sempre que possível). E isso envolve ver tanto alguns robôs malucos quanto personagens com cada vez menos roupas.

Tendo em mente um objetivo bem claro, Promare entrega aquilo a que se propôs com louvor. Este não é um filme que vai ser lembrado dramaturgicamente, mas aposto que ele vai influenciar visualmente outros títulos, além de vender muitos bonequinhos, gerar um grande número de cosplays e estimular a animação de diversos escritores de fanfiction.

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