Divagações: Oldboy

Oldboy foi, para mim, a iniciação no cinema coreano. Como ele foi um dos grandes “hits” de 2004/2005 (mesmo sendo de 2003), acredito que po...

Oldboy foi, para mim, a iniciação no cinema coreano. Como ele foi um dos grandes “hits” de 2004/2005 (mesmo sendo de 2003), acredito que pode ter sido também para muita gente. Quando aluguei, levei a família toda para frente da televisão, queria mostrar para eles o que é um cinema diferente.

Lá em casa, as reações foram diferenciadas. Teve quem achasse interessante e teve quem saísse da sala com meia hora de filme, achando aquilo uma “bobagem”, “coisa de japonês”.

De qualquer modo, é impossível negar que a premissa seja “diferente”. Um homem é sequestrado sem motivos aparentes e fica preso durante quinze anos em um apartamento minúsculo. Um belo dia, sem nenhuma explicação, ele é solto. Para retomar sua vida, Dae-su Oh (Min-sik Choi) precisa reencontrar sua filha e descobrir quem o manteve em cativeiro e porquê. A vingança se torna uma verdadeira obsessão.

A maneira como essa história é contada também é cheia de méritos. O cenário é universal, pode ser Seul, Nova York ou São Paulo. As atuações são ótimas, em especial a do protagonista. Tanto é que, embora o filme e seu roteiro tenham sido muito premiados internacionalmente, na Coreia do Sul ele recebeu os prêmios de Melhor Ator, Melhor Diretor, Melhor Edição, Melhor Iluminação e Melhor Música.

Resumindo, o filme tem estilo, prende a atenção, é ótimo para quem procura algo visualmente interessante. Tem violência, mas não é apelativo; tem sexo, mas bem pouco; tem momentos implausíveis (uma cena específica, no elevador), mas nada que faça você ter vergonha alheia pelos atores.

O problema é que essa universalidade, tão elogiada e positiva em muitos aspectos, faz com que esse filme perca em identidade cultural. Como porta de entrada para o cinema oriental é válido (afinal, ele não deixa de ser um representante), mas os outros filmes da trilogia do diretor Chan-wook Park trazem mais características culturais próprias.

De qualquer forma, é um filme de qualidade e que merece ser visto. Quem tem preconceito com um elenco completo de olho puxado pode esquecer esse detalhe e quem quer justamente isso pode curtir sem sentir que estão “ocidentalizando” a história.


Leia aqui a resenha sobre o primeiro filme da Trilogia da Vingança, Boksuneun naui geot.

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