Fazia muito tempo que eu não via um filme de ação no estilo de Speed. Agora, confesso que, sinceramente, não estava sentindo nenhuma falta. Só que de vez em quando a gente tem que fazer as vontades dos meninos, não é? Para quem não lembra, em Speed, alguém teve a brilhante ideia de colocar uma bomba em um ônibus, que explodiria se perdesse velocidade. Sandra Bullock era a passageira que virou motorista e Keanu Reeves era o policial que tentava salvar o dia.

Já em Unstoppable, a trama é um pouco mais dissipada. Connie (Rosario Dawson) é uma controladora de tráfego em uma empresa de trens. Uma mulher firme, competente e cheia de liderança que tem que resolver os problemas da incompetência alheia quando o responsável por um trem deixa o veículo escapar – e acelerando. No caminho, a princípio, está um trem cheio de crianças. Se o problema persistir, ainda tem uma curva acentuada que só pode ser feita em baixa velocidade. Caso o trem não seja parado até lá, vai cair e explodir sobre toda uma cidade.

Ao mesmo tempo, Frank (Denzel Washington) é um engenheiro veterano com pouca paciência para lidar com o maquinista novato, Will (Chris Pine). Os dois estão enfrentando problemas familiares e estão tendo um péssimo primeiro dia de trabalho juntos. Para agravar a situação, Will esquece de desengatar alguns vagões e o trem deles está mais longo e pesado do que deveria. Isso sem contar que tem aquele trem bem rápido indo na direção dos dois.

Para tentar colocar alguma ação no meio disso tudo, o filme mostra diversas tentativas de se parar o trem. Há desde helicópteros com pessoas penduradas até policiais caipiras procurando mostrar quem é que manda, passando por engravatados tentando provar que entendem como um trem funciona na prática. Nem preciso dizer quem é que vai ter que fazer o trabalho sujo no final das contas.

Mas tudo bem. Situações como essas são ótimas para um filme que não tem compromisso em parecer inteligente ou até mesmo fazer algum sentido. O detalhe é que há algumas tentativas de aprofundamento psicológico dos personagens, principalmente no caso da dupla forçada a trabalhar em conjunto. Mostrar a família e os dramas que elas possuem pode ser até interessante quando essas pessoas começam a acompanhar a situação de perigo pela televisão, mas isso é feito tão por cima nesse caso que nem chega a provocar muita tensão.

Outra questão que vale a pena levantar é que o trem “desgovernado” não parece de modo algum estar indo muito rápido. Pelo contrário! Em vários momentos, até eu (que sou bem lenta) considerei a possibilidade de sair correndo, pular para dentro do trem e puxar o freio. Felizmente, minha cabeça está no lugar e eu sei que se trata de uma filmagem de ficção (só para garantir que vocês não achem que pirei).

Nem preciso dizer que Unstoppable não acrescenta nada para a sua vida. Claro que faltava um filme nesse estilo sobre trens, se é que já não haviam feito (já tem sobre ônibus, carros e até aviões), mas, de qualquer forma, é um “gênero” um tanto inútil. Se você curte, aproveite e divirta-se. Também é válido para as admiradoras do Chris Pine (os fãs do Denzel Washington, no entanto, podem ficar um pouco decepcionados). Caso contrário, pode ir aproveitar seu precioso tempo com alguma outra coisa.