Divagações: Rock of Ages

Se existe uma coisa que me incomoda sobre musicais é que este é um gênero para se amar ou odiar – e, para minha tristeza, a Hollywood de ...

Se existe uma coisa que me incomoda sobre musicais é que este é um gênero para se amar ou odiar – e, para minha tristeza, a Hollywood de hoje em dia parece estar muito mais alinhada com a segunda opção. Ou seja, nunca temos mais de um filme desses por ano e, quando temos, somos bombardeados por recepções mornas e narizes torcidos de quem esperava uma obra prima dramática de um gênero tradicionalmente despretensioso. Felizmente, Adam Shankman, o mesmo diretor de Hairspray, apostou em mais uma adaptação da Broadway para as telas do cinema, algo que sempre gera opiniões muito divergentes em quem assistiu o espetáculo.

A premissa básica é uma que já vimos diversas vezes. Sherrie Christian (Julianne Hough) é uma garota do interior que decide tentar a sorte em Los Angeles como cantora. Lá, ela conhece Drew Boley (Diego Boneta), um jovem aspirante a músico que lhe consegue um emprego na lendária casa de shows The Bourbon Room, que mesmo afundada em dívidas e hostilizada pela pressão popular sobrevive, graças ao seu dono, Dennis Dupre (Alec Baldwin), um homem que vê no show de despedida do superstar Stacee Jaxx (Tom Cruise) de sua banda, a Arsenal, a oportunidade de evitar a falência.

Assim, é um pouco óbvio apontar que o roteiro fraco e essencialmente batido ou que a atuação do par romântico principal não passe de mediana, sobretudo se comparados com os membros mais velhos e conhecidos do elenco. Como fã de musicais, no entanto, fico um pouco deprimido ao ver as várias críticas negativas contra Rock of Ages que se limitam apenas a esses pontos.

Afinal, o que as pessoas esquecem é de simplesmente aproveitar a viagem para se concentrar nos momentos divertidos, nos dramas baratos e em números musicais. Posso dizer que, pelo menos nesses quesitos, Rock of Ages não deixa a desejar. Já que o resultado final é um filme leve, divertido e com ótimos momentos, sejam eles proporcionados pela comédia ou pelo tour musical pelo rock do fim da década de 1980 – que é especialmente impactante se você tem um apreço em especial pelo exagero que marca a última era do rock pesado.

Também é um fato que, quando comparado ao musical, o filme apresenta uma versão bem mais enxuta de 1987, sem apelar tanto para a gritante estética da época e tendo uma linguagem mais moderna, o que pode desagradar quem já conhecia a obra original. Porém, de um modo geral, Rock of Ages se esforça para retratar o feeling de uma era muito marcante no meio musical e faz isso relativamente bem. Outro ponto positivo é a grata surpresa de ver gente como Tom Cruise e Paul Giamatti soltando a voz, coisa que eu nunca havia imaginado.

De todo modo, mesmo tendo falhas de roteiro e de ritmo consideráveis, não posso esconder que me diverti bastante com Rock of Ages. A produção me fez rir e me empolgou muito mais do que muitas comédia recentes. Para você que gosta de musicais onde as pessoas irrompem em danças exageradas sem motivo, hard rock e tem a disposição de relevar algumas pequenas falhas, recomendo fortemente este filme. Porém, se você não é um entusiasta do gênero, pode se manter longe sem culpa, já que dificilmente você verá algo de novo em meio ao caminhão de fórmulas batidas que o roteiro apresenta.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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