Divagações: Easy A

Houve um tempo em que Emma Stone era a próxima queridinha dos Estados Unidos, uma atriz para todos ficarem de olho. Ela poderia ter dado...

Houve um tempo em que Emma Stone era a próxima queridinha dos Estados Unidos, uma atriz para todos ficarem de olho. Ela poderia ter dado um passo errado e nunca chegado perto de blockbusters de super-heróis ou da festa do Oscar. Mas ela fez Easy A e conseguiu todo o destaque que precisava após participações em comédias como Superbad e Zombieland. Querendo ou não, foi o que abriu caminho para trabalhos mais dramáticos, como The Help.

O filme não deixa de ser também uma comédia adolescente, mas ele garante certa personalidade para a atriz, colocando-a em uma posição mais cool e inteligente – o que é uma boa escolha para quem poderia ser taxada apenas como mais um rostinho bonito. Além disso, a linguagem e as referências conversam diretamente com um público que tem saudades das comédias adolescentes de John Hughes (falecido no ano anterior ao lançamento desse filme).

Easy A acompanha a trajetória de Olive (Emma Stone), uma menina bonita, inteligente e de um humor sarcástico, mas que está passando praticamente despercebida pelo Ensino Médio. Tudo isso muda quando ela conta uma pequena mentira para sua melhor amiga, Rhiannon (Aly Michalka). O caso não demora a virar uma gigantesca bola de neve e a envolve com uma fama de ‘a vagabunda da escola’. Estranhamente, ela consegue usar isso a seu favor, mas existem consequências.

O detalhe mais interessante disso tudo é que Emma não precisa se dar ao trabalho de segurar a produção sozinha. Além de ter o texto ágil de Bert V. Royal (que foi educado em casa e nunca frequentou uma High School), o filme também conta com um elenco fantástico de coadjuvantes. Amanda Bynes interpreta a rival extremista religiosa, Thomas Haden Church é o professor favorito, Lisa Kudrow é a psicóloga da escola e Patricia Clarkson e Stanley Tucci são os pais da protagonista, que compartilham de seu senso de humor sarcástico. Ficaram faltando apenas personagens masculinos mais interessantes, mas já temos demais disso em outros filmes.

De qualquer modo, a linguagem de adolescente confessando seus pecados na era da internet, obviamente, não era novidade e já foi explorada à exaustão, mas o bom humor faz com que ela permaneça perfeitamente aceitável. Além disso, aos 22 anos, Emma Stone dificilmente convencia como uma estudante de Ensino Médio, mas já estamos razoavelmente acostumados com essas diferenças constrangedoras de idade. Ou seja, Easy A comete seus pecados, mas não dá para sair atirando pedras.

No entanto, não dá para negar que o filme é divertido. Emma Stone tem um tino incrível para comédia e consegue ser bonita e deslocada ao mesmo tempo. Isso sem contar que o clima escolar exagerado é perfeitamente adequado para um texto cheio de referências literárias e que não leva nada a sério. As piadas são inteligentes e muitas vezes quase atravessam a linha do mau gosto – ver Huckleberry Finn e Sylvia Plath –, conseguindo se safar bem devido ao contexto.

Easy A não é uma obra-prima do gênero, mas é uma produção bem realizada e que cumpre seus objetivos de forma competente. Ele é tão inocente quanto possível para uma obra classificada como PG-13 (clique aqui para ver o guia para pais), de forma que os mais velhos vão conseguir rir e os mais novos nem vão ficar tão constrangidos assim. Dá para assistir com a mãe na sala sem problemas!

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