Divagações: The First Purge

Após três filmes e prestes a dar sequência a uma série de televisão, The First Purge surge como uma nova porta de entrada para os interes...

Após três filmes e prestes a dar sequência a uma série de televisão, The First Purge surge como uma nova porta de entrada para os interessados no conceito – inclusive eu mesma. Embora tivesse conhecimento sobre a trama geral dos demais longas-metragens, eu nunca havia me aventurado na franquia e essa prequel apresenta bem a origem da premissa que levou às produções anteriores.

Dando alguns passos para trás, cada filme da série envolve os eventos de uma única noite e são referentes a um ‘evento’ realizado anualmente, quando todas as leis são ‘suspensas’. Assim, durante 12 horas, nada pode ser considerado crime – o que dá brecha para uma boa dose de violência.

Em The First Purge, como o título deixa claro, temos a primeira dessas noites. Em um contexto de grave crise econômica nos Estados Unidos, a psicóloga Dr.ª Updale (Marisa Tomei) é a idealizadora da iniciativa, pois ela acredita que as pessoas precisam de uma forma de liberar a raiva que estão sentindo. Para testar sua teoria, ela conta com o apoio de um dos líderes do polêmico e cada vez mais poderoso partido político New New Founding Fathers of America (Patch Darragh). A ideia é fazer o experimento em uma área restrita, a ilha Staten Island, em Nova York, que também é uma região com moradores de baixa renda.

Entre os moradores do local temos a jovem militante Nya (Lex Scott Davis), que protesta abertamente contra o experimento. Além de manifestar suas opiniões publicamente, ela ainda precisa lidar com as frustrações de seu irmão mais novo, Isaiah (Joivan Wade), com o status de chefão das drogas de seu ex-namorado Dmitri (Y'lan Noel) e com iniciativas de apoio à comunidade durante a noite. Eventualmente, todos precisam sair de seus locais protegidos e enfrentar a loucura que passa a tomar conta das ruas.

Para quem vai ao cinema esperando por muito sangue, violência e terror, é preciso dizer que The First Purge não é bem assim. A produção usa boa parte de seu tempo para criar os cenários, tanto o mais político quanto o dos moradores que enfrentarão a noite sem lei e, dessa forma, demora um bocado para a sanguinolência começar.

Assim, eu diria que se trata mais de um drama de ação que de um terror propriamente dito, já que há apenas um personagem mais imprevisível – Skeletor (Rotimi Paul) –, além do povo mascarado e de umas lentes de contato escabrosas. Ou seja, nada de grandes sustos. Ainda que isso seja o suficiente para aqueles de estômago mais fraco, no geral, temos alguns personagens fugindo de problemas, outros acompanhando a noite por meio de câmeras de segurança e é só Y'lan Noel que merece algum crédito como herói de ação.

Obviamente, The First Purge traz cenas de violência bem banalizadas e é complicado lidar com o filme se você realmente se envolver com o que está sendo mostrado (alguns momentos realmente mais pesados ficam implícitos ou parcialmente ocultos por fumaça ou pela falta de iluminação). Mesmo assim, o filme possui uma mensagem estranhamente pacifista. Afinal, ele não apenas é protagonizado por uma militante contrária ao movimento, como os idealizadores e suas ações são retratados de forma vilanesca.

Ou seja, tanto o diretor Gerard McMurray quanto o roteirista James DeMonaco (que, aliás, escreveu e dirigiu os três filmes anteriores), sabem que violência não é legal e não deve ser incentivada. Mas eles também sabem que as pessoas têm um gostinho por ela – e são capazes de pagar para vê-la em altas doses no cinema.

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