Divagações: Smallfoot
27.9.18
Sei que é forçar a barra comentar contexto político quando o assunto é um filme infantil, mas eu assisti Smallfoot com um sorriso no rosto, pensando em todos os adultos que simplesmente precisavam ver isso.
Na história, somos apresentados à comunidade dos ietis, que você talvez conheça como “pés-grandes” ou até mesmo “abomináveis homens das neves”. Pois é, tem mais de um! Eles moram no alto de uma montanha, depois das nuvens, e acreditam que o mundo se resume a isso. Para eles, embaixo das nuvens há mamutes gigantes que seguram o mundo e, depois disso, nada. Para completar, todos os conhecimentos e todas as leis dos ietis estão escritos em pedras que são interpretadas pelo líder local (Common). Quem duvida das pedras é louco e isso, logicamente, não é algo que se faça.
Migo (Channing Tatum) é um feliz morador dessa comunidade, que sonha em assumir o legado de seu pai (Danny DeVito), o tocador do gongo que acorda o caracol gigante iluminado, trazendo o dia. Quando está prestes a realizar seu sonho, porém, ele acaba sofrendo um contratempo que o leva de encontro a uma criatura que ele julgava lendária: um pé-pequeno (que você talvez conheça como “ser humano”).
O problema é que isso contradiz uma das leis escritas nas pedras e Migo acaba sendo ostracizado. Em sua jornada para provar que está falando a verdade, ele também precisa questionar outros velhos conceitos – há quem diga que todas as pedras podem estar erradas! – e, para isso, conta com a ajuda de amigos como Meechee (Zendaya), Gwangi (LeBron James), Kolka (Gina Rodriguez) e Fleem (Ely Henry).
Do outro lado dessa história temos o apresentador de televisão Percy (James Corden), que um dia foi celebrado por seus programas educativos mostrando animais, mas que agora está desesperado para se manter no ar e conseguir pagar as contas. Para isso, ele não descarta ‘aumentar’ um pouco suas histórias, o que faz sua produtora Brenda (Yara Shahidi) questionar sua integridade.
Assim, quando Migo e Percy se encontram – além de enfrentar problemas de comunicação –, eles também têm muito a aprender e a ensinar. O problema é que o pé-pequeno não pode viver na terra dos ietis devido ao ar rarefeito, ao mesmo tempo em que a paz da comunidade dos pés-grandes pode estar em jogo se eles forem descobertos pelos monstruosos e violentos humanos.
Talvez eu tenha me alongado demais nessa sinopse, mas a verdade é que Smallfoot traz alguns conceitos que eu considero muito importantes. Eles vão desde o incentivo ao questionamento e a valorização do conhecimento científico até a relação entre sensacionalismo e audiência, passando pela “bênção” da ignorância e pela “oferta” de segurança por meio de mentiras e doutrinações. Em tempos de Trump, Brexit, Bolsonaro e afins, essas são mensagens que talvez não seja mais possível inculcar nos adultos – mas eu fico bem feliz que alguém esteja tentando passar isso para as crianças.
Outro mérito do longa-metragem e do diretor Karey Kirkpatrick, que também faz parte da equipe de roteiristas, é lidar bem com as zonas cinzentas. Por mais que algumas personagens apresentem comportamentos questionáveis ao logo da história, ninguém é exatamente vilão e sempre há espaço para arrependimento e até mesmo para redenção.
Além disso, vale dizer que Smallfoot faz tudo isso de forma natural, com uma história bonitinha e uma animação bem aceitável. Talvez as canções não sejam as melhores que você já ouviu na vida, mas as versões originais (disponíveis no Spotify) são bem passáveis. Ou seja, nas mãos de outro estúdio talvez não tivéssemos uma mensagem tão contundente, mas é provável que o resultado fosse capaz de alcançar um público mais amplo. Mas vamos torcer, afinal, a produção chega aos cinemas nacionais praticamente sem concorrentes diretos.
Na história, somos apresentados à comunidade dos ietis, que você talvez conheça como “pés-grandes” ou até mesmo “abomináveis homens das neves”. Pois é, tem mais de um! Eles moram no alto de uma montanha, depois das nuvens, e acreditam que o mundo se resume a isso. Para eles, embaixo das nuvens há mamutes gigantes que seguram o mundo e, depois disso, nada. Para completar, todos os conhecimentos e todas as leis dos ietis estão escritos em pedras que são interpretadas pelo líder local (Common). Quem duvida das pedras é louco e isso, logicamente, não é algo que se faça.
Migo (Channing Tatum) é um feliz morador dessa comunidade, que sonha em assumir o legado de seu pai (Danny DeVito), o tocador do gongo que acorda o caracol gigante iluminado, trazendo o dia. Quando está prestes a realizar seu sonho, porém, ele acaba sofrendo um contratempo que o leva de encontro a uma criatura que ele julgava lendária: um pé-pequeno (que você talvez conheça como “ser humano”).
O problema é que isso contradiz uma das leis escritas nas pedras e Migo acaba sendo ostracizado. Em sua jornada para provar que está falando a verdade, ele também precisa questionar outros velhos conceitos – há quem diga que todas as pedras podem estar erradas! – e, para isso, conta com a ajuda de amigos como Meechee (Zendaya), Gwangi (LeBron James), Kolka (Gina Rodriguez) e Fleem (Ely Henry).
Do outro lado dessa história temos o apresentador de televisão Percy (James Corden), que um dia foi celebrado por seus programas educativos mostrando animais, mas que agora está desesperado para se manter no ar e conseguir pagar as contas. Para isso, ele não descarta ‘aumentar’ um pouco suas histórias, o que faz sua produtora Brenda (Yara Shahidi) questionar sua integridade.
Assim, quando Migo e Percy se encontram – além de enfrentar problemas de comunicação –, eles também têm muito a aprender e a ensinar. O problema é que o pé-pequeno não pode viver na terra dos ietis devido ao ar rarefeito, ao mesmo tempo em que a paz da comunidade dos pés-grandes pode estar em jogo se eles forem descobertos pelos monstruosos e violentos humanos.
Talvez eu tenha me alongado demais nessa sinopse, mas a verdade é que Smallfoot traz alguns conceitos que eu considero muito importantes. Eles vão desde o incentivo ao questionamento e a valorização do conhecimento científico até a relação entre sensacionalismo e audiência, passando pela “bênção” da ignorância e pela “oferta” de segurança por meio de mentiras e doutrinações. Em tempos de Trump, Brexit, Bolsonaro e afins, essas são mensagens que talvez não seja mais possível inculcar nos adultos – mas eu fico bem feliz que alguém esteja tentando passar isso para as crianças.
Outro mérito do longa-metragem e do diretor Karey Kirkpatrick, que também faz parte da equipe de roteiristas, é lidar bem com as zonas cinzentas. Por mais que algumas personagens apresentem comportamentos questionáveis ao logo da história, ninguém é exatamente vilão e sempre há espaço para arrependimento e até mesmo para redenção.
Além disso, vale dizer que Smallfoot faz tudo isso de forma natural, com uma história bonitinha e uma animação bem aceitável. Talvez as canções não sejam as melhores que você já ouviu na vida, mas as versões originais (disponíveis no Spotify) são bem passáveis. Ou seja, nas mãos de outro estúdio talvez não tivéssemos uma mensagem tão contundente, mas é provável que o resultado fosse capaz de alcançar um público mais amplo. Mas vamos torcer, afinal, a produção chega aos cinemas nacionais praticamente sem concorrentes diretos.
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