Divagações: Bungou Stray Dogs: Dead Apple

De vez em quando, o mundo realmente surpreende. Quem diria que, por algum motivo, duas redes de cinema de Curitiba iriam exibir Bungou Str...

De vez em quando, o mundo realmente surpreende. Quem diria que, por algum motivo, duas redes de cinema de Curitiba iriam exibir Bungou Stray Dogs: Dead Apple, uma animação japonesa baseada em uma série repleta de referências literárias, que foi exibida por aqui pelo serviço de streaming Crunchyroll? Mas aconteceu. Foram apenas duas sessões (nada baratas, diga-se de passagem), que reuniram vários nerds da cidade – incluindo a pessoa que vos escreve.

A produção, lançada no Japão em março, é uma continuação direta da série, mas até pode ser vista independentemente graças a uma introdução breve dos personagens principais dada logo no começo (só não dá para piscar e perder o que está escrito na tela). Ainda assim, ela é realmente mais direcionada para quem tem uma noção do que está acontecendo; inclusive, aqueles que perderam a segunda temporada podem ver sem prejuízo.

Para quem chegou agora: a história de Bungou Stray Dogs: Dead Apple se passa em um universo onde várias pessoas têm poderes especiais. Elas têm nomes de escritores famosos e seus poderes fazem referências diretas às obras dos originais (o que deveria deixar todo mundo facilmente reconhecível, mas não funciona assim tão bem já que se trata de uma série japonesa). Nesse contexto, uma agência de detetives armados (e com poderes) combate uma máfia (igualmente paranormal) na cidade de Yokohama.

No filme, a ameaça da vez é uma estranha névoa que parece forçar as pessoas com poderes a se matarem. Devido à temática, o detetive com um passado sombrio e tendências suicidas Osamu Dazai (Mamoru Miyano) poderia facilmente se tornar um suspeito – e as circunstâncias não o ajudam. Contudo, seu pupilo Atsushi Nakajima (Yûto Uemura) se recusa a acreditar em uma possível traição e parte em seu resgate. Enquanto todos estão ocupados com a névoa e os desafios que ela traz, ele assume a missão ao lado da assassina adolescente do bem Kyoka Izumi (Sumire Morohoshi) e de seu inimigo Ryunosuke Akutagawa (Kenshô Ono). Paralelamente, outros planos também se desenrolam.

Com uma narrativa que não é exatamente fácil de acompanhar, além de uma boa quantidade de batalhas e violência, Bungou Stray Dogs: Dead Apple é uma daquelas animações pesadas como só os japoneses parecem ter coragem de lançar comercialmente. Ao mesmo tempo, é impossível negar que esse é realmente o melhor veículo para uma ideia estrambólica como essa. Afinal, de que forma poderíamos ter um personagem chamado Fyodor D. (Akira Ishida) com um poder chamado Crime e Castigo e de uma forma que seja mais assustadora do que patética? Acredite, é possível.

O longa-metragem não só consegue isso, como o faz em um ritmo frenético e lidando com uma grande quantidade de personagens. Infelizmente, muitas das figuras mais interessantes da série acabaram ficando de fora (ou tiveram pouco tempo de tela), mas acredito que os favoritos do público tiveram seus momentos. As jornadas de Dazai e Atsushi são as de maior destaque, como já era de praxe na série, então, acredito que ninguém vai se incomodar muito com a direção que as coisas tomaram.

Bungou Stray Dogs: Dead Apple é uma viagem muito maluca, mas absolutamente mágica. Por ser uma obra que dificilmente chegaria aos cinemas, a experiência se tornou ainda mais especial – mas isso não quer dizer que eu não queira que isso se torne cada vez mais comum.

RELACIONADOS

0 recados