Divagações: Um Namorado para Minha Mulher

Eu nem escondo que adoro uma comédia romântica, ainda mais se ela for mais para o lado do romance do que para o humor. A princípio, Um Nam...

Eu nem escondo que adoro uma comédia romântica, ainda mais se ela for mais para o lado do romance do que para o humor. A princípio, Um Namorado para Minha Mulher é uma mistura bem equilibrada dos gêneros, o que fez com que o filme fosse uma boa escolha para um dia em que eu buscava por algo leve e que desanuviasse meus pensamentos. O detalhe é que a produção se revelou uma boa surpresa!

Refilmagem de um longa-metragem argentino de 2008, o filme conta a história de um relacionamento em frangalhos. Após 15 anos de casamento, Chico (Caco Ciocler) está infeliz com a vida que leva ao lado de Nena (Ingrid Guimarães). Ela só reclama de tudo, não gosta dos amigos deles (e vice-versa) e parece incomodada com tudo o que ele faz. Ao mesmo tempo, ele não tem coragem de dar um basta na situação e pedir o divórcio.

Eis que surge uma solução: contratar o misterioso Corvo (Domingos Montagner) para seduzir Nena e fazer com que ela mesma resolva pedir o divórcio. Para o plano funcionar, ele a incentiva a trabalhar com Gastão (Paulo Vilhena), um amigo que faz vídeos para a internet. Porém, com Nena em um novo emprego e recebendo atenções masculinas, Chico começa a reconsiderar todo o plano.

Ou seja, dá para perceber o que vai acontecer em Um Namorado para Minha Mulher há quilômetros de distância, certo? Bom... Não exatamente. Ainda que não seja marcado por uma imensa criatividade, o filme consegue entregar reviravoltas interessantes e surpreender o público. Ou seja, o mérito é que o filme não é extremamente óbvio (só para frisar!).

Outro aspecto interessante do filme está nas escolhas da diretora Julia Rezende para seus personagens. Embora Guimarães seja uma comediante reconhecida, seu trabalho aqui é manter a cara séria enquanto Nena parece alheia ao casamento em crise e aos exageros que solta para todos os lados, mas também proporcionar a melancolia necessária para certos momentos mais frágeis da personagem – e ela dá conta do recado muito bem.

Domingos Montagner, por sua vez, era conhecido na época como um galã elegante e sedutor. Entretanto, o filme parece enfatizar um lado ridículo do personagem, deixando constantes dúvidas sobre suas reais intenções – o que ajuda a criar expectativas. Aliás, este filme foi lançado no ano da morte do ator e esta é sua penúltima aparição no cinema (ele já havia gravado cenas em Bingo: O Rei das Manhãs).

Ao mesmo tempo, tanto Caco Ciocler quanto Paulo Vilhena exploram personas ligadas a imagem pública de si mesmos. Nenhum dos dois personagens parece ser particularmente desafiador, mas é interessante ver como eles conseguem exagerar características – estamos falando de uma comédia, afinal! – e lidar com as expectativas do público.

Claro que Um Namorado para Minha Mulher não reinventa a roda, mas o filme consegue ter uma trama interessante o suficiente para chamar a atenção e conseguir um espaço de destaque entre as comédias românticas. Não é à toa que a versão argentina foi um enorme sucesso de público e acabou sendo adaptada em diversos países, incluindo Chile, México, Itália, Coreia do Sul, Malásia e Estados Unidos.

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