Divagações: Sherlock Gnomes

Assim que eu soube da existência de Sherlock Gnomes , imaginei que a ideia dos produtores seria criar uma franquia onde histórias clássic...

Assim que eu soube da existência de Sherlock Gnomes, imaginei que a ideia dos produtores seria criar uma franquia onde histórias clássicas fossem recontadas com gnomos de jardim, seguindo os passos do filme anterior, Gnomeo & Juliet. Porém, esta não é uma história que passou pela cabeça de Arthur Conan Doyle.

O longa-metragem é uma continuação direta da história que o sucedeu, com os já conhecidos personagens tentando desvendar um mistério na companhia de Sherlock Gnomes (Johnny Depp) e Dr. Watson (Chiwetel Ejiofor). E, sim, eles também são ornamentos de jardim.

Gnomeo (James McAvoy) e Juliet (Emily Blunt), por sua vez, acabaram de chegar em Londres e, agora, vivem unidos em um único (porém decadente) jardim. Entretanto, eles estão tendo dificuldades em administrar o relacionamento em conjunto com o papel de liderança dado a eles por seus pais – e a pressão da responsabilidade começa a pesar.

De qualquer modo, as prioridades mudam quando o arqui-inimigo de Sherlock, Moriarty (Jamie Demetriou), resolve sequestrar todos os gnomos de jardim da cidade. A investigação que se segue envolve seguir uma série de pistas e o famoso detetive precisa enfrentar alguns de seus maiores medos, o que inclui até mesmo um encontro com sua ex-noiva, a boneca Irene (Mary J. Blige).

Com isso, a produção sai do universo restrito dos jardins e passa a explorar diversos cenários tipicamente londrinos. E, bom, toda uma gama de piadas se perde no processo (mas também não é como se o assunto não tivesse sido explorado à exaustão no filme anterior). Em contrapartida, uma série de novas figuras em poses inusitadas tem a chance de aparecer no filme, ainda que muito brevemente.

E já que estamos relembrando do longa-metragem antecessor, Sherlock Gnomes segue a tradição de utilizar grandes sucessos de Elton John na trilha sonora, com direito a referências ocasionais ao músico (que também é produtor executivo do filme). Desta vez, porém, há menos números musicais com letras adaptadas, o que não deixa de ser um alívio.

Aliás, além das piadas cheias de referências a Elton John – e ao universo de Sherlock Holmes (incluindo a série de 2010) –, o filme conseguiu manter um excelente elenco de dubladores. Entre os nomes que estão de volta estão: Maggie Smith, Michael Caine, Julie Walters, Richard Wilson, Ashley Jensen, Stephen Merchant, Matt Lucas e até Ozzy Osbourne.

Mesmo assim, uma das minhas principais ressalvas em relação ao filme anterior continua: a trama é muito boba para um público mais velho e as referências são avançadas demais para um público mais novo. Suponho que a ideia seja trazer elementos que atraiam pessoas de idades variadas, mas o resultado é tão irregular que sinto que ninguém sai totalmente satisfeito com essas concessões.

Sem ter uma animação particularmente boa e apostando fortemente no vínculo emocional do público com o material original e, em menor grau, com os dubladores, Sherlock Gnomes simplesmente não se destaque entre as inúmeras opções de materiais infantis disponíveis por aí. Assim, não vejo muitos caminhos para a continuação da franquia. Ao mesmo tempo, não posso duvidar da determinação de quem segue acreditando no carisma de gnomos de jardim.

Outras divagações:
Gnomeo & Juliet

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