Divagações: Submergence
16.12.20
Baseado em um elogiado romance de J.M. Ledgard e dirigido por Wim Wenders, Submergence parece ser destinado a algum tipo de grandeza. O roteiro, assinado por Erin Dignam, não poupa o uso de palavras difíceis e frases poéticas, enaltecendo a inteligência e o refino dos protagonistas. Mas, ainda que toda a ambientação seja interessante, o longa metragem simplesmente não consegue envolver o público.
E, sinceramente, a culpa nem é dos personagens, que são bem interessantes. Danielle Flinders (Alicia Vikander) é uma professora e pesquisadora que está prestes a embarcar em um submarino rumo às profundezas do oceano, em busca de formas primitivas de vida. James More (James McAvoy) é um agente secreto britânico que tem uma arriscada missão a cumprir na Somália.
A grande questão de Submergence está no recorte da história. Ambos os protagonistas estão vivendo a expectativa de acontecimentos que podem mudar as suas vidas para sempre – e é neste momento que eles se encontram em uma pousada paradisíaca. Em poucos dias, eles se envolvem e se apaixonam, apenas para se separarem e começarem a viver em meio a incertezas sobre o destino um do outro.
No caso de More, as coisas dão errado muito rapidamente. Capturado e mantido em cativeiro, ele não consegue se comunicar com sua amada, embora a mantenha em seus pensamentos. Ela, por sua vez, precisa lidar com a ansiedade crescente e com as inseguranças causadas pela ausência dele. A angústia é tanta que a própria pesquisa pode acabar sendo prejudicada.
O problema é que, por mais que o romance entre os dois pareça crível e seja interessante, não há um envolvimento grande o suficiente para justificar o enorme apego que os dois demonstram nos momentos de ausência. Para completar, há uma clara diferença entre os sofrimentos retratados. Enquanto ele usa suas lembranças para se manter são e vivo, ela praticamente se afoga no desespero provocado pela ausência de notícias. Enquanto ele está em condições que deterioram seu corpo e sua mente, ela está em segurança e acompanhada de amigos, mas se isola.
Enquanto narrativa, Submergence é bem construído. O filme faz paralelos entre a vivência de seus dois personagens, explora duas situações bem distintas e intercala suas histórias de uma maneira que funciona. A própria forma como o inesperado romance se desenrola também é fascinante de assistir, com cada gesto e cada conversa representando um momento crucial para a construção de algo maior entre os dois protagonistas. O elenco muito bem preparado também ajuda.
Porém, ao apostar nos conceitos abstratos de interposição de luz e escuridão, raso e profundo, a produção acaba escorregando em suas próprias pretensões. Sinceramente, não vejo problemas em um filme trocar a ação e o movimento por diálogo (até gosto!), mas esse não é exatamente o caso, até porque a distância física impede os protagonistas de conversarem e desenvolverem sua própria história.
Submergence apresenta sua metáfora e, pouco depois, espera que você se sinta envolvido por ela em um nível muito profundo, deliciando-se em detalhes e frases esparsas, mas bem colocadas. É tudo muito bonito e muito bem feito, mas, infelizmente, isso talvez seja pedir demais.
E, sinceramente, a culpa nem é dos personagens, que são bem interessantes. Danielle Flinders (Alicia Vikander) é uma professora e pesquisadora que está prestes a embarcar em um submarino rumo às profundezas do oceano, em busca de formas primitivas de vida. James More (James McAvoy) é um agente secreto britânico que tem uma arriscada missão a cumprir na Somália.
A grande questão de Submergence está no recorte da história. Ambos os protagonistas estão vivendo a expectativa de acontecimentos que podem mudar as suas vidas para sempre – e é neste momento que eles se encontram em uma pousada paradisíaca. Em poucos dias, eles se envolvem e se apaixonam, apenas para se separarem e começarem a viver em meio a incertezas sobre o destino um do outro.
No caso de More, as coisas dão errado muito rapidamente. Capturado e mantido em cativeiro, ele não consegue se comunicar com sua amada, embora a mantenha em seus pensamentos. Ela, por sua vez, precisa lidar com a ansiedade crescente e com as inseguranças causadas pela ausência dele. A angústia é tanta que a própria pesquisa pode acabar sendo prejudicada.
O problema é que, por mais que o romance entre os dois pareça crível e seja interessante, não há um envolvimento grande o suficiente para justificar o enorme apego que os dois demonstram nos momentos de ausência. Para completar, há uma clara diferença entre os sofrimentos retratados. Enquanto ele usa suas lembranças para se manter são e vivo, ela praticamente se afoga no desespero provocado pela ausência de notícias. Enquanto ele está em condições que deterioram seu corpo e sua mente, ela está em segurança e acompanhada de amigos, mas se isola.
Enquanto narrativa, Submergence é bem construído. O filme faz paralelos entre a vivência de seus dois personagens, explora duas situações bem distintas e intercala suas histórias de uma maneira que funciona. A própria forma como o inesperado romance se desenrola também é fascinante de assistir, com cada gesto e cada conversa representando um momento crucial para a construção de algo maior entre os dois protagonistas. O elenco muito bem preparado também ajuda.
Porém, ao apostar nos conceitos abstratos de interposição de luz e escuridão, raso e profundo, a produção acaba escorregando em suas próprias pretensões. Sinceramente, não vejo problemas em um filme trocar a ação e o movimento por diálogo (até gosto!), mas esse não é exatamente o caso, até porque a distância física impede os protagonistas de conversarem e desenvolverem sua própria história.
Submergence apresenta sua metáfora e, pouco depois, espera que você se sinta envolvido por ela em um nível muito profundo, deliciando-se em detalhes e frases esparsas, mas bem colocadas. É tudo muito bonito e muito bem feito, mas, infelizmente, isso talvez seja pedir demais.
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