Divagações: Dumplin'

De vez em quando, acho bom ir ver um filme sem ter muita ideia do que vou encontrar. Esse foi o caso de Dumplin' , que resolvi encarar...

De vez em quando, acho bom ir ver um filme sem ter muita ideia do que vou encontrar. Esse foi o caso de Dumplin', que resolvi encarar mesmo sabendo apenas uma sinopse breve e que Jennifer Aniston estava no elenco – assim, a presença de Danielle Macdonald já foi uma ótima surpresa (embora eu esteja no aguardo de papéis mais desafiadores para ela)!

A história é uma daquelas tramas tipicamente estadunidenses. Willowdean (Macdonald) é uma jovem acima do peso que tem problemas de autoestima e uma relação complicada com a mãe, Rosie (Jennifer Aniston). Ainda assim, ela viveu uma infância feliz na companhia de sua tia Lucy (Hilliary Begley), da melhor amiga Ellen (Odeya Rush) e de toda a discografia de Dolly Parton (que, aliás, lançou canções inéditas no filme). Porém, as coisas em sua vida ficam confusas com a morte da tia e o crescente interesse de um colega de trabalho bonitão, Bo (Luke Benward).

Como parte de seu processo de luto, Willowdean resolve colocar em prática um sonho não realizado de sua tia: entrar em um concurso de beleza local. Porém, ela encara sua própria inscrição como uma forma de protesto contra a sociedade e contra a própria mãe, que venceu o concurso na adolescência e, atualmente, trabalha na organização da cerimônia. A seu lado, além de Ellen, estão a rebelde Hannah (Bex Taylor-Klaus) e a “outra gordinha” do colégio, a inocente Millie (Maddie Baillio).

Sinceramente, todo o andamento da produção é bastante óbvio. Dumplin' não foi feito para ser um grande drama, mas é uma comédia dramática que se sustenta razoavelmente bem. Os problemas das protagonistas não são infundados e ela realmente se comporta como uma adolescente real. Infelizmente, a mãe e as amigas (e até mesmo as “inimigas”) poderiam ter um pouco mais de profundidade, o que enriqueceria bastante a produção, mas isso não incomoda tanto assim (e, bom, cada uma delas tem seu momento para brilhar).

Particularmente, fico feliz que a história tenha realmente se concentrado no drama pessoal de Willowdean em vez de se transformar em uma comédia romântica. Ainda que haja algumas cenas interessantes com seu potencial interesse romântico, o foco segue no crescimento pessoal da protagonista e, principalmente, ela não depende dele para a resolução do conflito final.

Outro momento interessante de Dumplin' é a forma como Lucy é representada. Apesar de ter convivido com a tia por grande parte de sua vida, a protagonista ainda não a conhece por completo. Em sua trajetória de descobertas está a própria participação no concurso de beleza, além de uma visita a um misterioso bar (o que garante ótimas participações especiais, com destaque para Ginger Minj).

Por conta disso, embora esse seja um filme de “transformação” onde a beleza cumpre um papel importante, as personagens não se deixam ludibriar pelas promessas trazidas pelo conceito de “se reinventar”. Elas buscam confiança a partir do grupo, fortalecendo-se em conjunto e dando uma nova dimensão para o que foram buscar.

Assim, ainda que esta não seja uma grande obra-prima do cinema, Dumplin' é divertido e cumpre bem seus objetivos. A história é delicada e contada com bastante carinho, trazendo todos os clichês do gênero, mas adaptados para uma nova geração. Considerando que a diretora Anne Fletcher também foi a responsável por The Proposal, preciso dizer que ela segue se atualizando e melhorando – e que esse é o caminho.

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