Divagações: 10 Horas para o Natal

O Natal sempre foi uma das minhas épocas preferidas do ano. Alguns dos filmes que retratam este período – devidamente acompanhados de mensag...

10 Horas para o Natal
O Natal sempre foi uma das minhas épocas preferidas do ano. Alguns dos filmes que retratam este período – devidamente acompanhados de mensagens piegas sobre amor, união familiar e que presentes não são tudo na vida – vêm acompanhados de boas lembranças e sentimentos. No fundo, com uma ou outra exceção, eu sei que eles não são exatamente grandes obras-primas. Mas, por mais que eu seja uma velha rabugenta, meu coração não é de pedra.

Por isso, resolvi dar uma chance sincera para 10 Horas para o Natal. A história é bem singela (como deve ser) e, ainda que a narração com quebra da quarta parede (com a protagonista olhando direto para a câmera) seja um tanto quanto manjada, é preciso considerar que esse é realmente um filme mais voltado para o público infantil. Todo o humor é bem bobo – o que inclui a famigerada piada do pavê – e há pouco apelo para o público mais velho. Ao mesmo tempo, a magia do Natal passou para deixar sua marca.

10 Horas para o Natal conta a história das comemorações da família Silva, formada pelo casal Sônia (Karina Ramil) e Marcos Henrique (Luis Lobianco) e por seus três filhos: a independente Julia (Giulia Benitte), o saco de pancada Miguel (Pedro Miranda) e a manhosa Bia (Lorena Queiroz). Eles tinham todo um ritual e as crianças se divertiam bastante durante toda a noite, quando também recebiam a visita da avó Nena (Jandira Martini) e do tio Sílvio (Marcelo Laham).

Contudo, o divórcio de Sônia e Marcos Henrique levou a uma mudança radical nas tradições e as crianças acabaram passando por um Natal, digamos assim, bem chato. Para evitar que isso se repita, eles bolam um plano: em plena véspera de Natal, vão até a 25 de março, uma rua no centro de São Paulo (SP) que é famosa pelo enlouquecido comércio de bugigangas, e tentam comprar tudo o que é necessário para a festa dentro de um limitado orçamento de R$ 50.

Obviamente, as coisas não saem exatamente como o planejado – até porque eles nem tinham um plano muito bem estruturado. Com muitos momentos de quase desistência, alguns de abnegação e vários de desespero, os irmãos reforçam um laço de amizade que estava quase esquecido e, ao longo da tarde (e parte da noite), acabam encontrando o verdadeiro espírito natalino.

A aventura em si até que é divertida, ainda que eu tenha me irritado um pouco com a personalidade das crianças (eu avisei que sou uma velha rabugenta!). A mais nova, em especial, é retratada como uma menina muito mimada, do tipo que consegue qualquer coisa na base do grito e os outros dois frequentemente se dobram as suas vontades. Ao mesmo tempo, ela deveria ser uma criança mais inocente, que ainda acredita no Papai Noel e quer desesperadamente entregar sua cartinha, mas o efeito é quebrado porque ela abertamente alterna entre táticas de gritaria e fofura para manipular os adultos (sendo que ela nem é tão pequena assim).

Em seus momentos finais – depois que tudo parece realmente dar errado –, 10 Horas para o Natal conseguiu o que (para mim) foram suas cenas de redenção, com direito a uma participação bem especial de Arthur Kohl. O filme, obviamente, não é brilhante, inovador ou sequer a coisa mais encantadora da estação, mas ele consegue passar a sua mensagem: o mais importante é ter a oportunidade de viver momentos de carinho em família. E é aí que mora a beleza do Natal.

Outras divagações:
Confissões de Adolescente - O Filme

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