Divagações: Malcolm & Marie
3.3.21
Assim como muitas pessoas da minha faixa etária e que não possuem televisão a cabo, eu só tomei conhecimento de Zendaya quando anunciaram seu nome para o elenco de Spider-Man: Homecoming. De lá para cá, entretanto, foi impossível ignorá-la. Sempre com declarações inteligentes, roupas impecáveis e diversos projetos interessantes na esteira, ela foi ocupando um espaço de “estrela”, ainda que sua juventude e sua carinha de menina deixassem dúvidas sobre o que o futuro efetivamente traria.
Malcolm & Marie, desta forma, prometia cravar seu posicionamento como atriz séria, competente e – se tudo corresse como o previsto – premiada. Não que ela já não tivesse mostrado suas capacidades: a série Euphoria, também escrita e dirigida por Sam Levinson, garantiu seu reconhecimento profissional. Mas faltava um filme que tornasse tudo isso inegável. E este projeto era bem interessante, íntimo, intimista e com bastante espaço para que ela pudesse brilhar.
E Zendaya brilha. Ela é, sem dúvida, a coisa mais interessante que este longa-metragem tem a oferecer. Sua personagem é complexa, vai se revelando aos poucos e a atriz segura cada uma das novas descobertas com afinco, trabalhando tom de voz, expressão facial e linguagem corporal. Ao longo do filme, ela tem uma série de monólogos e todos são entregues muito bem. É impossível tirar os olhos da tela enquanto ela fala.
A questão é que Malcolm & Marie não é só isso. A produção narra uma longa noite na vida de um casal que acabou de voltar da festa de lançamento do filme que Malcom (John David Washington) dirigiu. A princípio, ele está eufórico, já que esta promete ser a primeira vez que terá uma recepção positiva da crítica. Porém, logo ficamos que ele cometeu um deslize em seu discurso naquela noite e que esse detalhe desencadeará uma briga e abrirá as portas para uma série de ressentimentos entre ele e sua namorada, Marie (Zendaya).
Assistir a uma briga alheia, no entanto, não é exatamente uma experiência agradável. À medida que os dois vão e voltam em seus pontos, alternando entre declarações de amor e coisas ditas especialmente para machucar o outro, o filme se torna cada vez mais cansativo e chato de acompanhar. Os diálogos e as dinâmicas entre os dois atores são muito interessantes, mas a experiência se arrasta um pouco além do que o recomendado.
Além disso, enquanto a construção de Marie é feita aos poucos, a personalidade de Malcolm é praticamente jogada na cara do espectador – e de uma forma que fica bastante difícil gostar dele. A ideia é que ambos sejam pessoas complexas, com aspectos bons e ruins, mas ele é diminuído ao longo do filme, chegando a ficar insignificante perto dela. Por mais que Washington se esforce, não há muito o que ele pode fazer quando todo o seu entorno o desfavorece.
Com uma trilha sonora escolhida com cuidado e uma belíssima fotografia em preto e branco, Malcolm & Marie é um filme que se perde muito por estar longe de uma tela de cinema (o que é curioso, já que a produção aconteceu justamente por conta das recomendações de isolamento social). Podendo controlar o volume da TV, o espectador não pode se sentir verdadeiramente incomodado pelas variações bruscas no volume, mas pode se irritar por precisar recorrer ao controle remoto. Com o celular ao encontro da mão, fica mais fácil fugir do drama dos protagonistas e pensar em outra coisa. Sem uma real imersão, o longa-metragem perde o impacto desejado.
Assim, é bem provável que Malcolm & Marie acabe não rendendo os prêmios e o reconhecimento que Zendaya tanto merece (embora isso ainda seja incerto). Mas, de qualquer modo, ele deixa claro que é só uma questão de tempo.
Malcolm & Marie, desta forma, prometia cravar seu posicionamento como atriz séria, competente e – se tudo corresse como o previsto – premiada. Não que ela já não tivesse mostrado suas capacidades: a série Euphoria, também escrita e dirigida por Sam Levinson, garantiu seu reconhecimento profissional. Mas faltava um filme que tornasse tudo isso inegável. E este projeto era bem interessante, íntimo, intimista e com bastante espaço para que ela pudesse brilhar.
E Zendaya brilha. Ela é, sem dúvida, a coisa mais interessante que este longa-metragem tem a oferecer. Sua personagem é complexa, vai se revelando aos poucos e a atriz segura cada uma das novas descobertas com afinco, trabalhando tom de voz, expressão facial e linguagem corporal. Ao longo do filme, ela tem uma série de monólogos e todos são entregues muito bem. É impossível tirar os olhos da tela enquanto ela fala.
A questão é que Malcolm & Marie não é só isso. A produção narra uma longa noite na vida de um casal que acabou de voltar da festa de lançamento do filme que Malcom (John David Washington) dirigiu. A princípio, ele está eufórico, já que esta promete ser a primeira vez que terá uma recepção positiva da crítica. Porém, logo ficamos que ele cometeu um deslize em seu discurso naquela noite e que esse detalhe desencadeará uma briga e abrirá as portas para uma série de ressentimentos entre ele e sua namorada, Marie (Zendaya).
Assistir a uma briga alheia, no entanto, não é exatamente uma experiência agradável. À medida que os dois vão e voltam em seus pontos, alternando entre declarações de amor e coisas ditas especialmente para machucar o outro, o filme se torna cada vez mais cansativo e chato de acompanhar. Os diálogos e as dinâmicas entre os dois atores são muito interessantes, mas a experiência se arrasta um pouco além do que o recomendado.
Além disso, enquanto a construção de Marie é feita aos poucos, a personalidade de Malcolm é praticamente jogada na cara do espectador – e de uma forma que fica bastante difícil gostar dele. A ideia é que ambos sejam pessoas complexas, com aspectos bons e ruins, mas ele é diminuído ao longo do filme, chegando a ficar insignificante perto dela. Por mais que Washington se esforce, não há muito o que ele pode fazer quando todo o seu entorno o desfavorece.
Com uma trilha sonora escolhida com cuidado e uma belíssima fotografia em preto e branco, Malcolm & Marie é um filme que se perde muito por estar longe de uma tela de cinema (o que é curioso, já que a produção aconteceu justamente por conta das recomendações de isolamento social). Podendo controlar o volume da TV, o espectador não pode se sentir verdadeiramente incomodado pelas variações bruscas no volume, mas pode se irritar por precisar recorrer ao controle remoto. Com o celular ao encontro da mão, fica mais fácil fugir do drama dos protagonistas e pensar em outra coisa. Sem uma real imersão, o longa-metragem perde o impacto desejado.
Assim, é bem provável que Malcolm & Marie acabe não rendendo os prêmios e o reconhecimento que Zendaya tanto merece (embora isso ainda seja incerto). Mas, de qualquer modo, ele deixa claro que é só uma questão de tempo.
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