Divagações: Basic Instinct
10.3.21
Não fazem mais filmes como Basic Instinct. Essa frase pode parecer coisa de gente velha e saudosista – e é –, mas a verdade é que eu era muito pequena para ter realmente vivido o impacto desta produção na época de seu lançamento. Lembro (ou acredito lembrar?) que existiram diversos filmes do gênero, com protagonistas perigosas e misteriosas, além de pontas soltas deixadas especialmente para o público acreditar que entendeu mais do que aquilo que efetivamente é mostrado na tela.
Foi um período de produções que não menosprezavam a inteligência do público (ou, pelo menos, fingiam bem) e que se julgavam merecedoras do rótulo de “filme de gente grande”, feitas para serem assistidas de noite, sem a presença de crianças na sala. Não que eu seja uma grande conhecedora, mas acredito que (apesar de inúmeras tentativas) poucas devem ter alcançado o mesmo êxito narrativo de Basic Instinct. E, veja bem, eu nem entrei na questão do sucesso comercial.
Afinal, mesmo tantos anos depois, este longa-metragem ainda se segura muito bem. A história é cativante, os personagens são interessantes e o mistério segue deixando pulgas atrás de orelhas. Para completar, a estética do final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 combina muito bem com este tipo de história (ou, talvez, as coisas tenham ficado vinculadas), criando um charme violento, escuro e sedutor, que ostenta estilos de vida absolutamente irreais.
Na trama, dirigida por Paul Verhoeven, acompanhamos uma investigação que se transforma em obsessão para o policial Nick Curran (Michael Douglas). A princípio, trata-se do assassinato do Johnny Boz (Bill Cable), onde uma das principais suspeitas é a namorada do falecido, Catherine Tramell (Sharon Stone), uma psicóloga e escritora que descreveu uma cena muito similar em um de seus livros. Entretanto, o caso pode se transformar em algo maior, já que Curran acredita que Tramell pode ser uma assassina em série.
A questão é que Curran é uma pessoa bastante instável, tendo problemas com os colegas e um passado de abuso de força policial. Seus únicos amigos são um colega de longa data, Gus Moran (George Dzundza), e a psicóloga da polícia, Beth Garner (Jeanne Tripplehorn), com quem ele tem um relacionamento amoroso complicado. Ambos o alertam em relação a Tramell e seu jogo de sedução, mas o policial começa a se envolver, acreditando que as coisas ainda estão sob seu controle.
Considerando que todos os personagens são pessoas potencialmente instáveis (com a possível exceção da protagonista feminina), Basic Instinct se aproveita de um quadro onde muitos movimentos são imprevisíveis e tudo pode acontecer. Para completar, o filme não se preocupa em fazer o público se identificar com os personagens ou as situações: a ideia é justamente mergulhar em um mundo de exageros e prazeres, repleto de dinheiro, violência e sexo. O que poderia ser mais fascinante e atrativo, não é mesmo?
Outro grande trunfo é a amarração da história. Há indícios para todos os lados – e duas claras interpretações do final. Você pode acreditar na mesma ladainha que está sendo servida para Nick Curran ou pode achar que sabe mais do que ele, observando aspectos que o próprio detetive não conectou (mas que são devidamente apresentados). Mas, ao deixar a questão sem uma solução clara na tela, Basic Instinct mantém sua aura de mistério.
Obviamente, há quem diga que tudo só se sustenta pelas cenas de sexo e pelo apelo da violência. Sinceramente, este chamariz se mantém (e funciona). Mas eu não acredito que a produção seguiria interessante tanto tempo depois de seu lançamento simplesmente por conta de uma mera cruzada de pernas (e outros vislumbres). Sharon Stone seduz com o corpo, com as palavras, com os olhares e com a possibilidade latente de ser uma assassina.
Outras divagações:
RoboCop
Starship Troopers
Foi um período de produções que não menosprezavam a inteligência do público (ou, pelo menos, fingiam bem) e que se julgavam merecedoras do rótulo de “filme de gente grande”, feitas para serem assistidas de noite, sem a presença de crianças na sala. Não que eu seja uma grande conhecedora, mas acredito que (apesar de inúmeras tentativas) poucas devem ter alcançado o mesmo êxito narrativo de Basic Instinct. E, veja bem, eu nem entrei na questão do sucesso comercial.
Afinal, mesmo tantos anos depois, este longa-metragem ainda se segura muito bem. A história é cativante, os personagens são interessantes e o mistério segue deixando pulgas atrás de orelhas. Para completar, a estética do final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 combina muito bem com este tipo de história (ou, talvez, as coisas tenham ficado vinculadas), criando um charme violento, escuro e sedutor, que ostenta estilos de vida absolutamente irreais.
Na trama, dirigida por Paul Verhoeven, acompanhamos uma investigação que se transforma em obsessão para o policial Nick Curran (Michael Douglas). A princípio, trata-se do assassinato do Johnny Boz (Bill Cable), onde uma das principais suspeitas é a namorada do falecido, Catherine Tramell (Sharon Stone), uma psicóloga e escritora que descreveu uma cena muito similar em um de seus livros. Entretanto, o caso pode se transformar em algo maior, já que Curran acredita que Tramell pode ser uma assassina em série.
A questão é que Curran é uma pessoa bastante instável, tendo problemas com os colegas e um passado de abuso de força policial. Seus únicos amigos são um colega de longa data, Gus Moran (George Dzundza), e a psicóloga da polícia, Beth Garner (Jeanne Tripplehorn), com quem ele tem um relacionamento amoroso complicado. Ambos o alertam em relação a Tramell e seu jogo de sedução, mas o policial começa a se envolver, acreditando que as coisas ainda estão sob seu controle.
Considerando que todos os personagens são pessoas potencialmente instáveis (com a possível exceção da protagonista feminina), Basic Instinct se aproveita de um quadro onde muitos movimentos são imprevisíveis e tudo pode acontecer. Para completar, o filme não se preocupa em fazer o público se identificar com os personagens ou as situações: a ideia é justamente mergulhar em um mundo de exageros e prazeres, repleto de dinheiro, violência e sexo. O que poderia ser mais fascinante e atrativo, não é mesmo?
Outro grande trunfo é a amarração da história. Há indícios para todos os lados – e duas claras interpretações do final. Você pode acreditar na mesma ladainha que está sendo servida para Nick Curran ou pode achar que sabe mais do que ele, observando aspectos que o próprio detetive não conectou (mas que são devidamente apresentados). Mas, ao deixar a questão sem uma solução clara na tela, Basic Instinct mantém sua aura de mistério.
Obviamente, há quem diga que tudo só se sustenta pelas cenas de sexo e pelo apelo da violência. Sinceramente, este chamariz se mantém (e funciona). Mas eu não acredito que a produção seguiria interessante tanto tempo depois de seu lançamento simplesmente por conta de uma mera cruzada de pernas (e outros vislumbres). Sharon Stone seduz com o corpo, com as palavras, com os olhares e com a possibilidade latente de ser uma assassina.
Outras divagações:
RoboCop
Starship Troopers
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