Divagações: Red, White & Royal Blue

Quando vi o trailer de Red, White & Royal Blue , eu tive uma sensação muito estranha. Eu conhecia aquela história a ponto de ser capaz d...

Red, White & Royal Blue
Quando vi o trailer de Red, White & Royal Blue, eu tive uma sensação muito estranha. Eu conhecia aquela história a ponto de ser capaz de saber exatamente o que ia acontecer na sequência. Então, eu percebi que já tinha lido essa história antes... em uma fan fiction.

Uma breve pesquisa no Google depois, descobri que o livro original de Casey McQuiston costuma ser criticado justamente por isso: as situações e o andamento da história se parecem demais com os recursos usados neste tipo de escrita, especialmente para narrar a ideia de inimigos que se tornam amantes. No caso da história que eu li, a trama do livro foi colocada para personagens de outro “universo” e, de alguma maneira, ela ficou mais complexa (ao menos em comparação com o filme), já que havia a necessidade de eles interagirem com mais pessoas.

Mas já estou me adiantando. Red, White & Royal Blue acompanha a interação forçada entre Alex Claremont-Diaz (Taylor Zakhar Perez), que é filho da presidente dos Estados Unidos (Uma Thurman), e o segundo príncipe da Inglaterra, Henry (Nicholas Galitzine). Após um incidente envolvendo um bolo caríssimo, eles são obrigados a fingir que são amigos perante a mídia e, no processo, acabam realmente (e romanticamente) gostando um do outro.

A escalada nada sutil desse relacionamento nada mais é que uma desculpa para ver dois homens bonitos se pegando. Ou seja, o filme nem procura disfarçar que se trata de um entretenimento barato e sem nenhum apelo intelectual. Sinceramente, nada contra (eu li a fan fiction com essa história, afinal de contas).

Sob certos aspectos, produções como Red, White & Royal Blue são o mais perto que temos chegado de comédias românticas com um apelo comercial mais amplo. Neste caso, a história realmente foca no relacionamento e na aproximação emocional entre os dois protagonistas (a parte física faz parte disso, mas não há nenhuma cena que realmente exija tirar as crianças da sala), com o absurdo da própria premissa levando a situações cômicas e um equilíbrio disso com momentos mais dramáticos (uma reeleição de um lado, a responsabilidade da coroa britânica do outro).

Os coadjuvantes, obviamente, só servem para dar conselhos aos apaixonados ou para tentar atrapalhar a situação. Há, por exemplo, um repórter intrometido (Juan Castano), um irmão chato (Thomas Flynn), uma amiga e confidente (Rachel Hilson) e um avô rigoroso (Stephen Fry). Como nenhum deles tem exatamente uma história própria, a produção acaba sendo bem focada no romance central, que já não é muito complexo para começo de conversa.

De qualquer modo, acredito que o diretor e roteirista Matthew López, que assina o texto ao lado de Ted Malawer, fez o melhor possível com o material que recebeu. A produção expressa de maneira convincente as circunstâncias de cada personagem e abusa dos cenários para isso. Além disso, Red, White & Royal Blue consegue se manter divertido com um fiapo de história, às custas do carisma e dos exageros de seu elenco. Afinal, suponho que todos estavam plenamente cientes que estavam criando não uma obra-prima, mas algo para constar em lista do tipo “tenho vergonha, mas gosto”.

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