Divagações: Peeping Tom
2.8.23
Sabe quando um filme é tão inovador que ele praticamente cria um gênero? Isso aconteceu com Peeping Tom, considerado um dos primeiros “slashers” já feitos – como sempre, há controvérsias. De qualquer modo, esse subgênero do terror envolve um assassino em série que geralmente usa uma arma afiada, como faca, bisturi ou motosserra. Em muitos casos, o objetivo é descobrir quem é o serial killer, mas pode acontecer dele ser o protagonista que conduz a história, como é o caso neste suspense de 1960.
Lançado no Reino Unido apenas dois meses antes de Psycho, este longa-metragem foi muito mal-recebido na época por conta de sua temática, o que acabou destruindo a carreira do diretor Michael Powell (que faz uma ponta na frente das câmaras como o pai do protagonista). Além disso, essa também foi a primeira grande produção britânica a ter cenas de nudez (apenas feminina, claro). Posteriormente, a fama do filme mudou e, hoje, ele frequentemente aparece em listas de melhores filmes já feitos, sendo até mesmo citado como um dos favoritos de Martin Scorsese.
Peeping Tom acompanha a jornada de Mark Lewis (Karlheinz Böhm, creditado como Carl Boehm), um homem aparentemente tímido que trabalha como cinegrafista em um estúdio. Em suas horas vagas, ele está elaborando um documentário que, por algum motivo, envolve filmar o assassinato de mulheres. Os planos dele se complicam, no entanto, quando uma jovem vizinha, Helen Stephens (Anna Massey), resolve entrar em sua vida. Cheia de planos e curiosidades, ela vai se aprofundando sobre a infância problemática de Mark, o que a coloca em uma posição de risco.
Para alimentar o suspense, a produção explora uma gama interessante de personagens secundários, como investigadores de polícia, outros vizinhos, colegas de trabalho e até mesmo um psiquiatra (Martin Miller). Entre eles, destaco Milly (Pamela Green), uma prostituta que se irrita com os métodos de Mark enquanto fotógrafo; Vivian (Moira Shearer), uma colega de estúdio ambiciosa que quer se tornar uma estrela de cinema; e a mãe de Helen (Maxine Audley), uma senhora cega e alcoólatra, mas muito perceptiva.
Como a identidade do assassino não é um mistério, Peeping Tom foca em outras questões para criar seu suspense, relacionadas a como exatamente ocorrem as mortes e quais seriam as motivações do protagonista. Além disso, com a apresentação de personagens femininas, surge também a tensão quanto a quem será a próxima vítima (já adianto que alguns momentos são mais óbvios do que outros).
Um ponto importante é que, ao explorar a infância do protagonista (interpretado pelo filho do diretor, Columba Powell) e tentar responder às questões levantadas, o longa-metragem também tenta aproximar o público de um personagem (a princípio) horrível. Afinal, Mark não sente remorso em relação às mortes e sua personalidade inconstante deixa claro que ele não é sempre sincero em suas ações, mas isso não quer dizer que ele seja totalmente desprovido de sentimentos.
Outra aproximação entre espectador e protagonista acontece porque, em alguns momentos, o que vemos é o mesmo que Mark vê por meio da lente de sua câmera. Assim, Peeping Tom é assustador não apenas pelos temas que aborda, mas também por colocar quem assiste na posição do assassino, tanto por meio da criação de uma empatia quanto pelo próprio ponto de vista adotado.
Para um público mais cínico e que já lidou com slashers diversos, não há nada de realmente chocante acontecendo na tela. Entretanto, é preciso admirar a ousadia de quem resolveu contar uma história como essa pela primeira vez.
Lançado no Reino Unido apenas dois meses antes de Psycho, este longa-metragem foi muito mal-recebido na época por conta de sua temática, o que acabou destruindo a carreira do diretor Michael Powell (que faz uma ponta na frente das câmaras como o pai do protagonista). Além disso, essa também foi a primeira grande produção britânica a ter cenas de nudez (apenas feminina, claro). Posteriormente, a fama do filme mudou e, hoje, ele frequentemente aparece em listas de melhores filmes já feitos, sendo até mesmo citado como um dos favoritos de Martin Scorsese.
Peeping Tom acompanha a jornada de Mark Lewis (Karlheinz Böhm, creditado como Carl Boehm), um homem aparentemente tímido que trabalha como cinegrafista em um estúdio. Em suas horas vagas, ele está elaborando um documentário que, por algum motivo, envolve filmar o assassinato de mulheres. Os planos dele se complicam, no entanto, quando uma jovem vizinha, Helen Stephens (Anna Massey), resolve entrar em sua vida. Cheia de planos e curiosidades, ela vai se aprofundando sobre a infância problemática de Mark, o que a coloca em uma posição de risco.
Para alimentar o suspense, a produção explora uma gama interessante de personagens secundários, como investigadores de polícia, outros vizinhos, colegas de trabalho e até mesmo um psiquiatra (Martin Miller). Entre eles, destaco Milly (Pamela Green), uma prostituta que se irrita com os métodos de Mark enquanto fotógrafo; Vivian (Moira Shearer), uma colega de estúdio ambiciosa que quer se tornar uma estrela de cinema; e a mãe de Helen (Maxine Audley), uma senhora cega e alcoólatra, mas muito perceptiva.
Como a identidade do assassino não é um mistério, Peeping Tom foca em outras questões para criar seu suspense, relacionadas a como exatamente ocorrem as mortes e quais seriam as motivações do protagonista. Além disso, com a apresentação de personagens femininas, surge também a tensão quanto a quem será a próxima vítima (já adianto que alguns momentos são mais óbvios do que outros).
Um ponto importante é que, ao explorar a infância do protagonista (interpretado pelo filho do diretor, Columba Powell) e tentar responder às questões levantadas, o longa-metragem também tenta aproximar o público de um personagem (a princípio) horrível. Afinal, Mark não sente remorso em relação às mortes e sua personalidade inconstante deixa claro que ele não é sempre sincero em suas ações, mas isso não quer dizer que ele seja totalmente desprovido de sentimentos.
Outra aproximação entre espectador e protagonista acontece porque, em alguns momentos, o que vemos é o mesmo que Mark vê por meio da lente de sua câmera. Assim, Peeping Tom é assustador não apenas pelos temas que aborda, mas também por colocar quem assiste na posição do assassino, tanto por meio da criação de uma empatia quanto pelo próprio ponto de vista adotado.
Para um público mais cínico e que já lidou com slashers diversos, não há nada de realmente chocante acontecendo na tela. Entretanto, é preciso admirar a ousadia de quem resolveu contar uma história como essa pela primeira vez.
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