Divagações: The Lord of the Rings: The Two Towers (versão estendida)

Em uma trilogia, a parte do meio acaba sempre prejudicada. Ela não conta com a introdução ao mundo, feita anteriormente, e nem com a esperad...

The Lord of the Rings: The Two Towers
Em uma trilogia, a parte do meio acaba sempre prejudicada. Ela não conta com a introdução ao mundo, feita anteriormente, e nem com a esperada conclusão da história, que só ocorrerá posteriormente. Mesmo em séries que contam com várias pequenas histórias, a segunda acaba frequentemente soando como a mais fraca, pois perde a novidade da primeira sem ainda contar com a familiaridade a serem vinculadas às demais.

Na adaptação de uma obra literária complexa – como a que temos aqui – The Lord of the Rings: The Two Towers acabou encontrando ainda uma dificuldade adicional. No miolo de uma história maior, a produção inseriu uma série de novos personagens e cenários, permanecendo com uma série de pontas soltas e tramas sem desenvolvimento que, no final das contas, também não foram exploradas com mais profundidade no último longa-metragem (que tinha suas próprias questões a abordar).

Em sua versão estendida, The Lord of the Rings: The Two Towers consegue resolver uma série de seus problemas intrínsecos. Este (obviamente) continua sendo o filme do meio, o que não é uma missão fácil, mas coisas efetivamente acontecem e há um direcionamento claro para seus principais personagens.

Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), que haviam sido sequestrados por orcs ao final do longa-metragem anterior, agora rumam para a Isengard controlada por Saruman (Christopher Lee). Eles precisam se manter vivos e, se possível, tentar ajudar na grande guerra que já se articula.

Já Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davies), que partiram no encalço dos hobbits, acabam se envolvendo com mais afinco na guerra, especialmente ao cruzarem com um misterioso mago (Ian McKellen). Eles também se envolvem com questões políticas de Rohan, onde o rei Theoden (Bernard Hill) está enfeitiçado pelas palavras de Grima (Brad Dourif), para desespero dos sobrinhos do rei (Miranda Otto e Karl Urban).

Por fim, Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin) e Gollum (Andy Serkis) estão indo, vagarosamente, rumo a Mordor, onde os hobbits pretendem destruir o anel de poder. Seu trajeto, entretanto, é prejudicado por Faramir (David Wenham), irmão de Boromir (Sean Bean), que quer levar esta importante arma para a cidade de Gondor.

Com tudo isso acontecendo, não sobra espaço para The Lord of the Rings: The Two Towers ser entediante, embora a longa duração do filme possa ser cansativa. De qualquer modo, as cenas mais longas da versão estendida e até mesmo os acréscimos feitos ao longa-metragem fazem com que ele se torne mais claro e funcione com um novo objetivo: antes de chegar ao inimigo final, é preciso derrotar Saruman.

No final das contas, a palavra-chave desta produção é “esperança” – o que não deixa de ser estranho, considerando que ainda há um filme pela frente (se bem que este é o tipo de obra em que o final feliz parece quase certo). O filme se deixa afundar tanto quanto possível – inclusive com uma paleta de cores fria e acinzentada –, ao mesmo tempo em que procura levantar a ideia de que as coisas podem melhorar, de que sempre é possível fazer algo, de que a maré pode virar. Como esta estrutura se repete nos três grupos de personagens, a mensagem é passada com precisão, talvez até demais.

The Lord of the Rings: The Two Towers não deve ser a parte favorita de muita gente, mas é preciso dizer que ele é essencial para que a grandiosidade esperada para a parte final seja atingida. É aqui que a real dimensão do poder do anel é estabelecida e que fica claro o que pode vir a ser destruído. Enquanto os elfos estão, literalmente, abandonando a Terra-Média e outras criaturas mágicas já perdem forças, a era dos Homens pode acabar antes mesmo de mostrar a que veio.

Quase 20 anos após seu lançamento, os efeitos especiais já não são mais tão fantásticos, mas ainda se seguram muito bem e permanecem críveis. Toda atenção aos detalhes dada por Peter Jackson e sua equipe segue efetiva e faz com a magia permaneça de pé – espero que esses filmes estejam sendo apresentados a novas gerações, que também se encantarão com tudo isso. Pessoalmente, eu preferia que Gimli não fosse usado como alívio cômico com tanta frequência, mas é algo que aprendi a engolir.

Outras divagações:
The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring

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