Divagações: Let It Snow

Sabe aquelas comédias românticas que envolvem diversos casais cujas tramas estão apenas meramente relacionadas? E estes personagens, eventua...

Let It Snow
Sabe aquelas comédias românticas que envolvem diversos casais cujas tramas estão apenas meramente relacionadas? E estes personagens, eventualmente, vivem seus encontros e desencontros em datas próximas ao Natal? Aquele gênero de filme que parece ter encontrado seu ápice com Love Actually? Pois é, Let It Snow é exatamente isso, mas na versão adolescente (o que, a princípio, não parece ser exatamente uma má ideia).

Entre as histórias que ocorrem simultaneamente temos o encontro ao acaso de Julie (Isabela Merced) e Stuart (Shameik Moore). Ela acabou de ser aceita em uma grande universidade, mas pode ser obrigada a abandonar seu sonho por questões familiares, enquanto ele é um cantor famoso e solitário, que está emocionalmente perdido no fim de ano. Já Addie (Odeya Rush) e Dorrie (Liv Hewson) são duas melhores amigas em crise e às voltas com relacionamentos frustrados. Além disso, Tobin (Mitchell Hope) e Angie (Kiernan Shipka) se conhecem desde a infância e são bastante próximos. Ele quer se declarar, mas ela pode estar mais interessada no bonitão JP (Matthew Noszka). E, para completar, Keon (Jacob Batalon) é um aspirante a DJ que está tentando dar uma festa na famigerada lanchonete Affle Town (o “w” de waffle está desaparecido, gerando um trocadilho na pronúncia em inglês).

Com todos esses pequenos dramas, Let It Snow pode alternar entre várias histórias sem exatamente cansar o público, ainda que nenhuma delas seja exatamente complexa ou tenha alguma reviravolta memorável. Mas é aí que mora o problema: como tudo caminha para o óbvio, o filme carece de momentos mais emocionais. Ou seja, por mais que o ritmo e a intercalação das tramas permitam que a produção não fique tediosa, o resultado acaba soando como tendo uma nota só.

Vale notar que o longa-metragem se baseia em um livro que contempla três romances, escritos por John Green, Lauren Myracle e Maureen Johnson. Embora eu não tenha lido o original, fica claro que algumas das mudanças feitas nesta adaptação ajudam o filme a cair em lugares comuns; ao mesmo tempo, suponho que as alterações talvez tornem os personagens mais próximos do público pretendido ou facilitem a conexão entre os dramas. Mas, sinceramente, eu preferia algo com um toque de originalidade que fosse.

Para completar, eu confesso ter um problema pessoal com a produção. Considerando que Let It Snow é filme de romances adolescentes, os beijos são simplesmente muito sem graça. A maior parte é filmada à distância e, em vários casos, eu cheguei a questionar se as bocas estavam realmente se tocando (sabe o velho truque de beijar o cantinho da boca, a bochecha ou mesmo o queixo? Pois é). Claro que ninguém precisa de cenas tórridas, mas eu esperava um calorzinho suficiente para, pelo menos, começar a derreter a neve. Nem isso.

No final das contas, o sentimento é de decepção. Let It Snow tem um elenco muito interessante – que, aliás, também inclui Joan Cusack – e parece ter um material original digno de nota, ou seja, há um potencial real. Mesmo assim, o filme se perde em meio a uma série de clichês e obviedades, funcionando meramente como algo que vai ficar tocando na televisão para fazer barulho de fundo e proporcionar um entretenimento leve enquanto a família está mais preocupada com outras coisas na noite de Natal.

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