Divagações: Death Becomes Her

Você já ouviu que determinado filme é tão ruim que ele “dá a volta” e se torna bom? Embora não ache que esse fenômeno seja impossível, eu fa...

Death Becomes Her
Você já ouviu que determinado filme é tão ruim que ele “dá a volta” e se torna bom? Embora não ache que esse fenômeno seja impossível, eu faço uma ressalva: depende muito do senso de humor do espectador.

Death Becomes Her, por exemplo, é um longa-metragem que precisa deste tipo de interpretação – e de alguém disposto a achar graça na bizarrice que aparece na tela. Por conta disso, acredito que o tempo acaba funcionando a favor da produção. Comemorando 30 anos de lançamento em julho de 2022 (ou dezembro, caso você considere a chegada ao Brasil), o filme conta uma história absurda, com personagens exagerados e caricatos e um visual digno desse período de transição entre os anos 1980 e 1990.

Madeline Ashton (Meryl Streep) é uma atriz muito bonita e famosa, mas que não vive o melhor momento de sua carreira. Isso, entretanto, não a impede de cobiçar o noivo de uma amiga de infância, Helen Sharp (Goldie Hawn). Anos depois, já casada com Ernest Menville (Bruce Willis), Madeline está desesperada por estar envelhecendo e acaba tomando uma medida drástica. Ao mesmo tempo, o plano de vingança de Helen já está em curso.

Embora essa sinopse pareça dramática, Death Becomes Her dá uma abordagem bem novelesca às relações entre os personagens. Além disso, o filme utiliza a obsessão das protagonistas com juventude e beleza para trazer elementos fantásticos/bizarros, que servem para transformar toda a trama em uma comédia cheia de comédia física e efeitos especiais.

Aliás, vale observar que o filme ganhou o Oscar de efeitos visuais em 1993 e se utilizou da mesma equipe e estrutura que, um ano depois, lançou Jurassic Park. Então, embora a computação gráfica seja meio estranha e provavelmente não tão detalhada e bem-acabada como seria se feita hoje em dia, ela ainda se sustenta bem.

Ainda assim, tudo é extremamente datado: os cenários, a maquiagem e a própria trama, com destaque para a personagem de Isabella Rossellini e tudo o que a rodeia. Sob certos aspectos, isso ajuda Death Becomes Her a se consolidar como um “clássico cult”, “marco queer” ou seja lá como o longa-metragem esteja sendo chamado. Caso você queira, também é possível interpretar como uma sátira aos padrões de beleza hollywoodianos e enxergar todo um lado crítico na produção, mas eu não recomendaria fazer muito esforço nesse sentido (querendo ou não, é mais uma história sobre mulheres feita por homens).

De qualquer modo, não é como se o filme tivesse sido um grande sucesso na época ou sequer seja unanimidade hoje em dia. O longa-metragem tem um ritmo bem irregular e foi fortemente editado após respostas negativas em testes com o público. Um olhar mais frio diria que se trata de um desastre. Porém, há alguma mágica na direção de Robert Zemeckis e a presença de grandes nomes no elenco apenas ajuda a tornar a obra mais peculiar – dizem que, quando questionada pelo papel nada convencional, Meryl Streep teria dito que era algo muito original para deixar passar.

Death Becomes Her é propositalmente engraçado (veja bem, não é como se a produção quisesse ser levada a sério), assumidamente exagerado, inequivocadamente absurdo e simplesmente bizarro. Este é um daqueles filmes que surgem de tempos em tempos e você se pergunta “como isso aconteceu?”. Eu não saberia responder, mas ele existe e é maravilhosamente ruim.

Outras divagações:
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