Divagações: The Dig

Recentemente, eu encontrei uma lista de filmes da Netflix que não foram tão assistidos quanto deveriam. No meio dessa relação estava The Di...

The Dig
Recentemente, eu encontrei uma lista de filmes da Netflix que não foram tão assistidos quanto deveriam. No meio dessa relação estava The Dig, um longa-metragem que, considerando o elenco, era realmente estranho que não tivesse cruzado o meu caminho anteriormente. Nada mais natural que eu tentasse reparar o meu “erro”. A questão é que logo entendi o motivo do filme não ser lá muito popular: a história é meio sem graça mesmo.

Edith Pretty (Carey Mulligan) é uma jovem viúva com um filho pequeno (Archie Barnes), bastante dinheiro para gastar, certo interesse por arqueologia e uma saúde bem frágil. Em sua propriedade, há alguns montes de terra que não parecem ser naturais, mas estão lá há muito tempo, sem qualquer interesse do governo em explorar a área. A empreitada parece ainda mais difícil considerando que ela está na Inglaterra, às vésperas da 2ª Guerra Mundial, e escondendo seu irmão (Johnny Flynn) na propriedade.

De qualquer modo, Edith resolve fazer as coisas andarem e contrata o escavador Basil Brown (Ralph Fiennes), que tem mais conhecimento que muitos arqueólogos, ainda que não possua uma formação acadêmica. Porém, quando algo finalmente é descoberto, o Museu Britânico se pronuncia e envia uma equipe composta, entre outras pessoas, pelo arrogante Charles Phillips (Ken Stott) e pelo casal em crise Stuart e Peggy Piggott (Ben Chaplin e Lily James). O que se segue é uma escavação em meio a uma disputa de egos e à crescente tensão trazida pela guerra iminente.

A questão é que, por mais que a descoberta em questão esteja entre as mais importantes já feitas (não vou contar o que encontraram para não estragar a surpresa, mas é legal), a determinação de Edith Pretty em manter controle sobre a situação e sua disputa burocrática com o governo não rendem um filme de muito apelo. Por isso, The Dig acaba se focando nas relações entre os personagens, com destaque para a forma como Basil Brown se posiciona e dando uma boa dose de atenção para Peggy Piggott.

Nesse sentido, a primeira metade da produção – que simplesmente contrapõe Pretty e Brown – acaba sendo mais interessante que os desenvolvimentos posteriores, quando mais personagens se integram à trama, gerando um dramalhão cheio de clichês e destinado a não chegar a lugar algum. Mas eu talvez seja suspeita para falar, já que admiro muito tanto o trabalho de Carey Mulligan quanto o de Ralph Fiennes.

The Dig, entretanto, é muito bonito. Além da bucólica paisagem do leste inglês, o filme consegue transformar uma escavação lamacenta em algo interessante de se ver. À medida em que as descobertas são feitas, o buraco vai se transformando em algo fascinante e a motivação de todas aquelas pessoas se torna compreensível, ainda que isso seja empalidecido pela guerra que se aproxima. Fica claro que a descoberta é mais importante que o conflito, mas as batalhas são mais urgentes.

Assim, por ser um drama histórico bem pesquisado e com diversos méritos, The Dig merece ser descoberto por mais pessoas (como defendem as pessoas que fizeram a tal lista). Contudo, esse realmente não é um longa-metragem de grande apelo ou que mexa com as emoções do público – e é justamente ao tentar fazer isso de uma maneira forçada que a produção escorrega.

RELACIONADOS

0 recados