Divagações: Plan 9 from Outer Space

Dizem por aí que Plan 9 from Outer Space é um dos piores filmes já feitos e que seu diretor, Edward D. Wood Jr. , talvez seja o pior cineas...

Plan 9 from Outer Space
Dizem por aí que Plan 9 from Outer Space é um dos piores filmes já feitos e que seu diretor, Edward D. Wood Jr., talvez seja o pior cineasta de todos os tempos. Ao mesmo tempo, eu sou partidária da ideia de que é melhor fazer algo que não fique bom do que deixar de fazer. Também acredito que é melhor arriscar fazer algo diferente do que se render ao que todo mundo já faz. Se o resultado for ruim, pelo menos há algo a mostrar – e você corre o risco de criar algo a ser cultuado, como aconteceu aqui.

No caso deste filme, a história é estranha, conceitos de diferentes gêneros se misturam, a filmagem tem qualidades (e formatos) irregulares e é bem perceptível que o orçamento era baixíssimo. Se você for capaz de abraçar tudo isso como uma forma de entretenimento, a experiência será um verdadeiro sucesso.

Basicamente, Plan 9 from Outer Space traz o plano de controle da raça humana mais estranho que eu já vi. Em plena invasão à Terra, Eros (Dudley Manlove) e Tanna (Joanna Lee) são dois alienígenas sob pressão que decidem colocar em prática o “plano nove”. A estratégia envolve “ressuscitar” um número significativo de mortos, que são mais facilmente manipuláveis, e, assim, subjugar a humanidade. Os primeiros experimentos envolvem um casal (Maila Nurmi, creditada como Vampira, e Bela Lugosi), gerando duas figuras vampirescas que passam a rondar um cemitério. Posteriormente, junta-se a eles um inspetor de polícia (Tor Johnson).

Em defesa dos humanos, por sua vez, há um piloto de avião e sua esposa (Gregory Walcott e Mona McKinnon), que moram absolutamente perto do cemitério, um tenente de polícia (Duke Moore) e um coronel do exército (Tom Keene), além de dois policiais que definitivamente preferiam estar em outro lugar (Carl Anthony e Paul Marco).

Com isso, Plan 9 from Outer Space tem uma premissa bastante aceitável, ainda que bizarra. O detalhe é que ela é acompanhada por personagens caricatos (e machistas), figurinos exagerados, cenários obviamente baratos (a cabine do avião talvez seja o meu favorito), efeitos visuais nada convincentes (sim, dá para ver o fio que segura as naves espaciais) e diversas outras carências.

Aliás, uma das sequências que achei mais incômoda/engraçada envolve um policial que fica apontando um revólver descuidadamente para todos os lados, incluindo na direção de seus colegas e até para si mesmo. Reza a lenda que o ator fez isso de propósito, com o objetivo de ver se o diretor iria notar – o que, obviamente, não aconteceu.

Outro ponto interessante é que Plan 9 from Outer Space é o último filme de Bela Lugosi. As cenas envolvendo o ator foram filmadas sem roteiro e seriam, a princípio, direcionadas para outra produção. Contudo, Edward D. Wood Jr. decidiu escrever seu filme de modo a aproveitar essas sequências; para preencher alguns buracos, foi escalado Tom Mason, que atua com uma capa cobrindo o rosto (e, sim, ficou estranho).

Dito isso, este filme de 79 minutos é uma experiência muito divertida. Ele é absurdo e reúne um bocado de ideias que, claramente, não passaram por um filtro crítico muito apurado. Além disso, as escolhas tomadas para fazer a visão do diretor se tornar realidade a um baixo custo fazem parte daquilo que torna o cinema tão fantástico: a habilidade de contar histórias com truques. Plan 9 from Outer Space é péssimo, mas é ótimo.

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