Divagações: Moon

No início de 2010, Moon foi apontado por diversos sites internacionais como um dos grandes “esnobados” no Oscar daquele ano. Por aqui, o f...

No início de 2010, Moon foi apontado por diversos sites internacionais como um dos grandes “esnobados” no Oscar daquele ano. Por aqui, o filme ainda não havia sido lançado e ninguém se importava muito com ele (na verdade, ele chegou diretamente em DVD algum tempo depois). Ainda assim, o filme esteve presente em 17 diferentes premiações, conquistando exatos 15 prêmios – sendo o mais relevante o Bafta de melhor estreia para o diretor Duncan Jones. Boa parte da “culpa” sobre a falta de destaque do filme acabou recaindo sobre District 9. Não creio que isso seja válido, pois, por mais que as duas obras possam ser classificadas dentro de um mesmo gênero, são filmes bastante diferentes e não um não diminui os méritos do outro (sinceramente, acho Moon mais similar a 2001: A Space Odyssey).

A história contada em Moon acompanha Sam Bell (Sam Rockwell), um homem que trabalha na Lua tendo apenas um computador com a voz de Kevin Spacey por companhia. Sua função é monitorar as máquinas que transformam as pedras da Lua em Hélio-3, um novo combustível que ajuda a diminuir os problemas de energia na Terra. Seu período de trabalho nessas condições é de três anos e está prestes a acabar quando ele sofre um acidente. A partir desse ponto, é melhor eu não estragar a surpresa. Só garanto que a sensação de abandono é crescente, pois o elenco é bastante reduzido e as demais figuras humanas aparecem apenas nas telas de comunicação (isso quando há contato com o satélite).

Moon é aquele tipo de filme que se diverte em deixar o espectador confuso, então, definitivamente, não assista se estiver caindo de sono. É preciso estar atento para – aos poucos – entender o que está acontecendo com aquele homem solitário e um tanto perturbado. Mérito de Duncan Jones que, além de dirigir o filme, também desenvolveu a história. Ele conseguiu a façanha de manter o suspense e explicar tudo no momento certo, deixando o público cada vez mais interessado no que vai acontecer a seguir.

Ao mesmo tempo, trata-se de uma produção barata (no bom sentido), com um elenco bem reduzido e um cenário monótono. Não espere por cenas de ação ou grandiosos efeitos especiais – você vai olhar para a cara de Sam Rockwell até cansar (ainda bem que ele muda o corte de cabelo e o estilo da barba com frequência durante o filme). Somado ao fato de ser um filme “alternativo”, o resultado da arrecadação nas bilheterias não foi lá essas coisas. De acordo com o Box Office Mojo, o filme mal conseguiu ultrapassar a casa dos cinco milhões nos Estados Unidos e não chegou aos 10 milhões em todo o mundo. Provavelmente, esse é o principal motivo pelo qual o filme foi esquecido no Oscar. Apesar de a Academia não premiar necessariamente aquilo que é mais popular, os votantes dão preferência aos filmes que eles “naturalmente” já viram (dizem que uma estreia anterior a setembro também não ajuda).

De qualquer modo, não se deixe incomodar pelos números. O filme é bom, prende a atenção e levanta questões bastante interessantes sobre o custo da energia ou até que ponto é válido baratear a produção. Além disso, Moon trata do íntimo do personagem, trabalhando e crescendo em cima das angústias, dos sentimentos, das decepções e das descobertas. É o tipo de filme onde você não consegue deixar de pensar como seria se aquilo estivesse acontecendo com você. Intrigante e envolvente.

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