Livros: Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n'Roll Salvou Hollywood - Easy Riders, Raging Bulls
2.7.12
Não se deixe assustar pelo título nacional, afinal, o original é igualmente grande. Escrito pelo jornalista Peter Biskind, Easy Riders, Raging Bulls: How the sex-drugs-and-rock’n’roll generation saved Hollywood foi publicado em 1998 pela editora Simon & Schuster. Em 2003, o livro ganhou uma versão em documentário com o mesmo título. Por aqui, o livro foi lançado somente em 2009, pela Editora Intrínseca e com tradução de Ana Maria Bahiana (há duas capas disponíveis e a minha é essa alaranjada, a outra pode ser vista aqui).
Ao longo de 504 páginas, Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n'Roll Salvou Hollywood - Easy Riders, Raging Bulls conta, basicamente, como surgiu e acabou a Nova Hollywood, nome pelo qual ficou conhecida a geração que fez filmes durante a década de 1970 (e praticamente só nesse período). Com uma quantidade gigantesca de entrevistas, o autor monta uma narrativa rápida que vai resumindo a década a partir de suas principais estrelas. O detalhe é que, nesse caso, as pessoas em destaque não são necessariamente aquelas que aparecem nos filmes, mas aqueles que resolvem as situações atrás do pano.
Assim, nomes como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Steven Spielberg dividem as páginas com Bert Schneider, Richard Zanuck e Ted Ashley. Mas esses são apenas alguns exemplos. As pessoas vêm e vão pelas páginas com uma rapidez inacreditável. Elas se envolvem, brigam, casam, divorciam, consomem (muitas) drogas e até fazem filmes. Marcia Lucas, por exemplo, é uma das fontes de informação mais interessantes. Afinal, além atualmente ser ex-mulher de George Lucas, ela trabalhou com Scorsese e viu muita gente subir e descer na indústria.
No entanto, além de contar os bastidores dos negócios, o livro também se preocupa em analisar os filmes que são produzidos no decorrer do período observado. Com sua perspectiva historicamente datada (o final da década de 1990), Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n'Roll Salvou Hollywood procura observar de que modo as mudanças artísticas foram recebidas pelo público, o quanto as pessoas estavam abertas para elas (ou não) e como mudanças políticas e econômicas tiveram influência nas bilheterias.
Com tantos aspectos sendo levados em consideração, a leitura exige bastante foco. Não só porque os personagens se transformam e há muitos nomes novos para serem lembrados, mas porque há uma forte carga opinativa (e ressentida) em muitos dos entrevistados – eles estão falando do próprio passado, de seus amigos e seus rivais. Por mais que Peter Biskind consiga dar uma unidade ao texto e o organize em uma confortável ordem cronológica, fica claro o quanto a história pode ser subjetiva.
Isso, no entanto, não é uma falha, mas um mérito do livro. Em meio a tanta loucura, com drogas e egos se levantando a todo instante, fica difícil estabelecer o que exatamente aconteceu entre aquelas pessoas. Como a Geração Sexo, Drogas e Rock'n'Roll Salvou Hollywood consegue se infiltrar nesse mundo e observar (de uma distância segura), tirando suas próprias conclusões.
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