Há alguns anos, Tim Burton estava na moda e tudo o que ele fazia era o máximo. De um tempo para cá, as pessoas começaram a questionar isso e se dizem cansadas das ‘repetições’ do cineasta. O Estranho Mundo de Tim Burton aborda essa carreira em ordem cronológica, dando uma boa noção do início ‘incompreendido’ que se transforma em sucesso e atrai multidões, mas levanta poucas questões mais críticas. Ou seja, é mais indicado para quem gosta amplamente do diretor.

Com 334 páginas, a edição nacional foi publicada pela editora Leya em um papel simples e opaco, que facilita a leitura, mas não ressalta as poucas imagens da obra (para compensar, elas sempre ocupam a página inteira). Com textos reunidos por Paul A. Woods, o título original do livro é Tim Burton: A Child’s Garden of Nightmares, com sua primeira edição lançada em 1997 e apenas 192 páginas.

O Estranho Mundo de Tim Burton, na verdade, é composto por um conjunto de resenhas, reportagens e entrevistas com (e sobre) o diretor. Infelizmente, mais reportagens genéricas e resenhas da época que entrevistas ou textos mais aprofundados. Por serem de autores diversos, muitas vezes as informações se repetem e você acaba cansado de ler que o diretor vivia em Burbank, próximo aos estúdios Disney; que era um menino isolado e fã de filmes de terror; que um dia seus pais fecharam a janela do seu quarto com tijolos; que não gostava de desenhar raposinhas fofas para a Disney; que só se veste de preto e tem um cabelo bizarro, entre outras coisas.

Um ponto positivo é a organização de acordo com a filmografia, incluindo os curtas Hansel and Gretel, Vincent e Frankenweenie, além de um videoclipe. Como sempre acontece em livros desse tipo, ele acaba facilmente desatualizado, uma vez que termina com Alice in Wonderland. Outro detalhe, que julgo curioso, é a escassez de material sobre filmes mais recentes. Enquanto os textos sobre os primeiros filmes do diretor se estendem por páginas e páginas, os mais recentes são apresentados com apenas uma ou duas resenhas. Isso poderia ter sido compensado por um número maior de entrevistas com o diretor, que representam os momentos mais interessantes da obra.

Realmente, O Estranho Mundo de Tim Burton não é indicado para quem deseja conhecer um significado maior a respeito das obras do diretor ou deseja ter uma bagagem maior para criticá-lo. Trata-se mais de uma obra para os fãs se deleitarem do que qualquer outra coisa. Com certeza, há livros mais completos disponíveis nas livrarias, mas esse é um dos poucos com tradução para o português.