Divagações: The Good Son

Meu passado me condena. Quando The Good Son ainda passava na Sessão de Tarde, eu assistia sempre que possível. Um pouco mais velha, crie...

Meu passado me condena. Quando The Good Son ainda passava na Sessão de Tarde, eu assistia sempre que possível. Um pouco mais velha, criei uma comunidade do filme no Orkut (!), onde as pessoas avisavam quando ele passaria no Corujão ou no Inter Cine. Assim, embora tenha passado alguns anos sem ver o filme do começo ao fim, não me sinto imparcial o suficiente para fazer uma resenha – mas já que comecei...

O fato é que o filme não foi bem recebido na época de seu lançamento, especialmente devido à mudança na imagem de Macaulay Culkin, ainda adorado como um menino fofo e engraçadinho. The Good Son também peca por tratar certos assuntos superficialmente, mas tem a desculpa de que a narrativa é feita a partir de um ponto de vista infantil.

A história é relativamente simples. Logo após a morte da mãe, Mark Evans (Elijah Wood) vai para a casa dos tios, pois seu pai precisa fazer uma viagem de negócios com duração de duas semanas. Nesse período, a ideia é que o menino relaxasse um pouco em contato com o primo Henry Evans (Macaulay Culkin), que ele ainda não conhecia. Contudo, Mark começa a perceber atitudes estranhas e um tanto quanto macabras no comportamento de seu novo amigo.

Assim, ao invés de ter uma trama mais complexa, o filme desenrola diversas situações a partir da premissa acima. Algumas cenas podem ser consideradas um pouco fortes, principalmente devido à presença de crianças, mas não há nada explícito (apenas um pouco de sangue). Caso alguém fique na dúvida sobre o impacto que o filme pode ter, recomendo dar uma olhada no guia para pais.

Dessa forma, The Good Son apresenta um monte de sequências que vão além de simples travessuras infantis, crescendo a tensão sobre um protagonista desacreditado. Com o tempo, que parece ir além de duas semanas, Mark entra em contato com as dinâmicas daquela família, especialmente com os traumas de sua tia (Wendy Crewson), e acaba os confundindo com os seus próprios problemas. A presença da psicóloga (Jacqueline Brookes) é bastante interessante, mas poderia ter sido mais bem aproveitada. Ao final, ninguém sabe exatamente as motivações de Henry, restando apenas frases e comportamentos como pistas.

Não que o final do filme seja aberto – pelo contrário, ele é bem marcante –, mas a sensação que fica é a de que faltou um aprofundamento. Suponho que essa seja uma das razões que me fez ficar encantada pelo filme a princípio. Afinal, é um drama tenso que não exige muita bagagem para sua compreensão, mas que é eficiente em mostrar a maldade e deixar o espectador mais surpreso a cada cena. Para quem ainda não tem idade para encarar algo mais forte, imagino que essa seja uma boa porta de entrada em gêneros mais sérios, ainda que não seja um exemplo de excelência em cinema. A propósito, o filme é baseado em um livro de Ian McEwan que, suponho, deve ter colocado no papel algo mais complexo.

Rever esse filme, para mim, significou reencontrar outros tempos. Percebi falhas técnicas e de roteiro, mas reencontrei uma história que marcou uma fase importante da minha vida (agora sem dublagem!). Além disso, por mais que o tempo tenha passado, The Good Son ainda tem seus méritos e continua capaz de mexer com meus temores. Ninguém perguntou, mas eu conto mesmo assim: a cena que mais me assusta é a do cachorro perseguindo os meninos.

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