Divagações: Life Itself
4.12.18
Existem filmes que são feitos para fazer as pessoas chorarem. Life Itself é um deles. Ele é tão bom nisso que, mesmo quando você têm um coração frio e peludo como o meu, o efeito é impressionante. É uma narrativa muito bem feita e bem amarrado, daqueles que merece uma conversa após a sessão, para trocar ideias sobre os detalhes que podem ter passado despercebidos.
A trama envolve dois casais com histórias trágicas e que, de alguma forma, acabam se conectando. Não vou dar muitos detalhes para não estragar a surpresa, mas posso adiantar que, nos Estados Unidos, Will (Oscar Isaac) está sofrendo muito com a distância de Abby (Olivia Wilde), o grande amor de sua vida, que ele conheceu na faculdade. Já na Espanha, Javier (Sergio Peris-Mencheta) e Isabel (Laia Costa) vivem um casamento feliz, porém, um favor que pedem para o patrão dele, Saccione (Antonio Banderas), pode colocar a harmonia da casa em risco.
Repleto de idas e vindas narrativas, Life Itself deixa bem claro que está brincando com a figura do narrador não confiável – chegando a professar que a própria vida é um exemplo disso. Com isso, o filme também se aproveita para mostrar diferentes pontos de vista e encarar situações de novos ângulos, não apontando heróis ou vilões de situações em que, no fundo, todos são vítimas.
Além disso, o longa-metragem também se destaca por um elenco de apoio fantástico, que passa por nomes como Annette Bening, Mandy Patinkin, Olivia Cooke, Àlex Monner e Samuel L. Jackson. Ainda que, com tanta gente, ninguém receba muito destaque, todos possuem bons momentos e há espaço para apreciar a qualidade do trabalho de cada um deles.
O grande destaque, no entanto, é mesmo Dan Fogelman. O diretor e roteirista conta sua história com a liberdade de quem está fazendo muito sucesso na televisão e não chegou ontem nessa indústria. Em Life Itself, ele traz algumas de suas características mais reconhecíveis: as personagens femininas maduras emocionalmente, as falhas intrínsecas de cada um sendo testadas contra o tempo, os sofrimentos que se cruzam e formam coisas novas. É bonito porque ecoa na história de cada um, de cada família.
Ao mesmo tempo, é preciso admitir que o longa-metragem não é nada mais do que aquilo que ele se propôs a ser – o que já era uma missão difícil, diga-se de passagem. Basicamente, o filme é um drama romântico feito para fazer as pessoas se emocionarem no cinema. Então, ele é todo construído para esse fim: e se você tem um coração frio como o meu, você vai se incomodar um pouco por estar sendo “manipulado”. Talvez você seja capaz de admirar a “manipulação” bem feita, mas vai continuar sentindo que a história só existe daquela forma – com aquelas repetições, aquela narração, aqueles erros e acertos, aqueles diálogos recontados, aquele vai e vem – para levar as pessoas às lágrimas.
Assim, ainda que cada núcleo de personagens merecesse mais espaço, as histórias individuais ficariam apenas melosas e chatas se alongadas, de modo que o formato “disfarça” os defeitos das tramas extremamente forradas com altos e baixos. Com isso, Life Itself é uma montanha russa de emoções meio vazias, mas que funciona como um entretenimento para quem quer sofrer um pouquinho, enxugar as lágrimas e sair do cinema pronto para encarar uma praça de alimentação de shopping.
Não que Life Itself não tenha sua profundidade. A produção explora muito bem as conexões entre as histórias e dá seu próprio tom sobre relacionamentos, deixando bastante espaço para tentarmos compreender e sermos sensíveis até mesmo com aqueles que cometem erros “condenáveis”. É preciso admirar um filme onde cada detalhe é relevante e que, ao mesmo tempo, não se esquece das pessoas.
A trama envolve dois casais com histórias trágicas e que, de alguma forma, acabam se conectando. Não vou dar muitos detalhes para não estragar a surpresa, mas posso adiantar que, nos Estados Unidos, Will (Oscar Isaac) está sofrendo muito com a distância de Abby (Olivia Wilde), o grande amor de sua vida, que ele conheceu na faculdade. Já na Espanha, Javier (Sergio Peris-Mencheta) e Isabel (Laia Costa) vivem um casamento feliz, porém, um favor que pedem para o patrão dele, Saccione (Antonio Banderas), pode colocar a harmonia da casa em risco.
Repleto de idas e vindas narrativas, Life Itself deixa bem claro que está brincando com a figura do narrador não confiável – chegando a professar que a própria vida é um exemplo disso. Com isso, o filme também se aproveita para mostrar diferentes pontos de vista e encarar situações de novos ângulos, não apontando heróis ou vilões de situações em que, no fundo, todos são vítimas.
Além disso, o longa-metragem também se destaca por um elenco de apoio fantástico, que passa por nomes como Annette Bening, Mandy Patinkin, Olivia Cooke, Àlex Monner e Samuel L. Jackson. Ainda que, com tanta gente, ninguém receba muito destaque, todos possuem bons momentos e há espaço para apreciar a qualidade do trabalho de cada um deles.
O grande destaque, no entanto, é mesmo Dan Fogelman. O diretor e roteirista conta sua história com a liberdade de quem está fazendo muito sucesso na televisão e não chegou ontem nessa indústria. Em Life Itself, ele traz algumas de suas características mais reconhecíveis: as personagens femininas maduras emocionalmente, as falhas intrínsecas de cada um sendo testadas contra o tempo, os sofrimentos que se cruzam e formam coisas novas. É bonito porque ecoa na história de cada um, de cada família.
Ao mesmo tempo, é preciso admitir que o longa-metragem não é nada mais do que aquilo que ele se propôs a ser – o que já era uma missão difícil, diga-se de passagem. Basicamente, o filme é um drama romântico feito para fazer as pessoas se emocionarem no cinema. Então, ele é todo construído para esse fim: e se você tem um coração frio como o meu, você vai se incomodar um pouco por estar sendo “manipulado”. Talvez você seja capaz de admirar a “manipulação” bem feita, mas vai continuar sentindo que a história só existe daquela forma – com aquelas repetições, aquela narração, aqueles erros e acertos, aqueles diálogos recontados, aquele vai e vem – para levar as pessoas às lágrimas.
Assim, ainda que cada núcleo de personagens merecesse mais espaço, as histórias individuais ficariam apenas melosas e chatas se alongadas, de modo que o formato “disfarça” os defeitos das tramas extremamente forradas com altos e baixos. Com isso, Life Itself é uma montanha russa de emoções meio vazias, mas que funciona como um entretenimento para quem quer sofrer um pouquinho, enxugar as lágrimas e sair do cinema pronto para encarar uma praça de alimentação de shopping.
Não que Life Itself não tenha sua profundidade. A produção explora muito bem as conexões entre as histórias e dá seu próprio tom sobre relacionamentos, deixando bastante espaço para tentarmos compreender e sermos sensíveis até mesmo com aqueles que cometem erros “condenáveis”. É preciso admirar um filme onde cada detalhe é relevante e que, ao mesmo tempo, não se esquece das pessoas.
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