Divagações: Film Stars Don't Die in Liverpool

Um filme que traz o reencontro de Jamie Bell e Julie Walters , acompanhados por Annette Bening . Sinceramente, Film Stars Don't Die ...

Um filme que traz o reencontro de Jamie Bell e Julie Walters, acompanhados por Annette Bening. Sinceramente, Film Stars Don't Die in Liverpool não precisava de mais nada para chamar a minha atenção. Mas a produção conseguiu me encantar também com sua história, baseada em eventos reais, que foram narrados por Peter Turner em seu livro de memórias.

No final dos anos 1970, Gloria Grahame (Bening) é uma atriz de cinema norte-americana que mantém certo status, mas que já deixou para trás seus tempos áureos. Peter Turner (Bell), por sua vez, é um jovem inglês que está tentando, sem muito sucesso, ganhar a vida como ator. O improvável encontro entre os dois acontece por um breve período em que são vizinhos. Em pouco tempo, surge uma amizade que se transforma em romance – ainda que ele tenha a mesma idade que o filho mais novo dela. Contudo, é quando o relacionamento aparentemente acaba que surge a verdadeira prova de amor, de ambos os lados.

Film Stars Don't Die in Liverpool é um drama que não nega que você está prestes a ver uma história triste. Além de enfatizar a diferença de idade entre os dois e de deixar clara a personalidade difícil de Grahame, o filme dá uma atenção especial para uma viagem da protagonista a Liverpool, com o objetivo de se recuperar de uma doença misteriosa na companhia da família Turner (Julie Walters, Kenneth Cranham e Stephen Graham). Esse acontecimento, obviamente, serve apenas para deixar o público (e os próprios personagens) na expectativa pela tragédia.

Com isso em mente, o longa-metragem não é muito fácil de engolir. Afinal, lidar com a perspectiva da morte é algo muito difícil. E, sim, o filme apresenta um relacionamento amoroso muito bonito apenas para você ter que enfrentar esse desafio ao lado dos protagonistas.

Aliás, toda a construção narrativa do filme merece atenção. O diretor Paul McGuigan navega pelo fluxo de pensamento de Peter Turner de uma maneira muito interessante, entrando em flashbacks de forma contínua por meio da ilusão de que não há cortes, mesmo que mudem os cenários. As lembranças dele, dessa forma, dominam a produção. Ainda assim, fica claro de que estamos vendo apenas um lado da história – e a peça faltante é essencial para a compreensão dos acontecimentos.

Com idas e vindas no tempo, Film Stars Don't Die in Liverpool conta, aos poucos e de forma fragmentada, uma trama que se desenvolve não apenas nos diálogos dos personagens e nas interações que vemos na tela, mas também – e principalmente – nas entrelinhas. É no olhar que ficou perdido e na frase que não foi respondida que moram alguns dos significados mais profundos do longa-metragem.

Nesse sentido, merece destaque o trabalho de Annette Bening, que é essencial para que o filme funcione. Embora seja Jamie Bell quem dá o ponto de referência realístico para o espectador, é ela que traz as sutilezas e os elementos mais intrincados, sendo capaz de esconder revelações futuras (por mais que algumas sejam previsíveis) em pequenos gestos. Seu retrato de Gloria Grahame explora a vaidade da atriz em múltiplos níveis, mas também sua tendência para o drama e seu gosto pelo trabalho.

Dessa maneira, Film Stars Don't Die in Liverpool não é exatamente uma biografia de nenhum de seus protagonistas. Ele é um recorte bem específico de um relacionamento e de seu trágico fim, escolhido cuidadosamente para afetar corações incautos.

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