Divagações: Men in Black: International
13.6.19
A série Men in Black sempre teve uma presença forte na cultura pop. A despeito do pequeno número de filmes, ela representa um daqueles deliciosos momentos do final dos anos 1990, que muita gente ainda lembra com carinho. O capítulo anterior da franquia, lançado muitos anos depois, já em 2012, não foi lá um estrondoso sucesso – mas, pelo menos, ele fechava de forma interessante o arco narrativo dos personagens. Com isso, eu estava satisfeito em considerar a série terminada (ou merecedora de um longo descanso).
Mas isso não duraria muito, já que poucos anos depois houve uma estranha conversa sobre um crossover entre 21 Jump Street e MIB. A despeito da bizarrice, Phil Lord e Chris Miller ainda têm o meu voto de confiança e algo de bom poderia sair disso. Porém, o projeto foi por água abaixo e terminamos com um soft reboot da série, com Men in Black: International.
Sem a presença dos protagonistas usuais, Men in Black: International volta as raízes para acompanhar uma nova agente da organização. M (Tessa Thompson) é uma jovem obcecada em descobrir a verdade sobre o universo, especialmente depois de um encontro fatídico com um alienígena em sua infância.
Após encontrar a organização por conta própria e ser recrutada para o trabalho, M é mandada para a filial da MIB em Londres. O local, por sua vez, é comandado por T (Liam Neeson), um veterano que anos antes – com ajuda do seu pupilo, o agente H (Chris Hemsworth) –, salvou o mundo da colmeia, uma raça alienígena que representava uma grande ameaça à vida na Terra. Porém, com sinais do ressurgimento da colmeia e uma possível conspiração dentro da própria MIB, cabe a M e H descobrir o que está acontecendo e impedir o início de um novo conflito intergalático.
Assim, Men in Black: International não é muito inovador em sua trama e é bem convencional em seu alcance, servindo mais ou menos como um espelho do primeiro filme da série. Ou seja, uma agente recém-chegada à organização está pela primeira vez em contato com aquele mundo, permitindo a toda uma nova geração conhecer a franquia através dos seus olhos. Infelizmente, as semelhanças acabam por aí, porque falta aos novos protagonistas o carisma e a presença de Will Smith e Tommy Lee Jones. E, seguindo à risca os pecados do segundo filme, a substância é trocada pelo espetáculo.
O roteiro é especialmente bagunçado e incoerente. Apesar do texto ser muito básico, a impressão que fica é que uma meia hora do filme foi esquecida na sala de edição. Como resultado disso, temos arcos narrativos incompletos, informações desencontradas e diálogos que tentam vender personagens que nunca mereceram a atenção dada. É muito esquisito ouvir que tal pessoa mudou sendo que nunca vimos como ela era antes, ou que outra exibe certas qualidades que nunca coloca a mostra. O que sobra é o pior tipo de confusão: aquela que não atrapalha o entendimento do filme (já que este é bem básico), mas que demonstra um amadorismo na hora de entregar algo coeso, impedindo o filme de alcançar seu potencial.
Mas, talvez, esses pecados fossem perdoáveis se o filme cativasse – porém, Chris Hemsworth e Tessa Thompson não convencem como parceiros. Ainda que ambos tenham feito um trabalho decente individualmente, a química entre os dois simplesmente não funciona. Os personagens são engraçadinhos e impulsivos, tornando a comédia em algo de uma nota só.
Basicamente, falta o “Tommy Lee Jones” dessa versão, alguém cuja seriedade sirva de contraponto e escada às tiradas cômicas. Sem isso (e sem um humor bem escrito que se sustente por si só), o filme acaba sendo apenas constrangedor – ainda mais com a adição de Pawny (Kumail Nanjiani), um alienígena que faz as vezes de alívio cômico em um filme que definitivamente não precisava de um.
E, para algo que se vendia com base na escala global da aventura, Men in Black: International é surpreendentemente pouco ambicioso. O filme não mostra muito mais daquele universo ou estabelece personagens e situações interessantes que explorem o quão vasta é a organização ou o quão presente ela está nas sombras do mundo. Mas ao menos temos locações bonitas e interessantes, além de algumas cenas de ação legais, se isso serve de consolo.
Com isso, Men in Black: International acaba sendo um filme agressivamente medíocre, algo que admito com pesar no coração, pois realmente gosto da série. Falta ao longa-metragem o charme, o espírito e o senso de propósito de seus antecessores. Por mais que eu tenha apreciado até certo ponto os novos protagonistas e percebido que, sim, há potencial para algo a ser desenvolvido, todo o resto impede o filme de ser qualquer coisa além de uma aventurinha simpática. Se fosse para ser dessa maneira, preferiria mil vezes ver a versão catastrófica com Schmidt e Jenko na MIB – pelo menos, tenho certeza que não sairia entediado do cinema.
Outras divagações:
Men in Black 3
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
Mas isso não duraria muito, já que poucos anos depois houve uma estranha conversa sobre um crossover entre 21 Jump Street e MIB. A despeito da bizarrice, Phil Lord e Chris Miller ainda têm o meu voto de confiança e algo de bom poderia sair disso. Porém, o projeto foi por água abaixo e terminamos com um soft reboot da série, com Men in Black: International.
Sem a presença dos protagonistas usuais, Men in Black: International volta as raízes para acompanhar uma nova agente da organização. M (Tessa Thompson) é uma jovem obcecada em descobrir a verdade sobre o universo, especialmente depois de um encontro fatídico com um alienígena em sua infância.
Após encontrar a organização por conta própria e ser recrutada para o trabalho, M é mandada para a filial da MIB em Londres. O local, por sua vez, é comandado por T (Liam Neeson), um veterano que anos antes – com ajuda do seu pupilo, o agente H (Chris Hemsworth) –, salvou o mundo da colmeia, uma raça alienígena que representava uma grande ameaça à vida na Terra. Porém, com sinais do ressurgimento da colmeia e uma possível conspiração dentro da própria MIB, cabe a M e H descobrir o que está acontecendo e impedir o início de um novo conflito intergalático.
Assim, Men in Black: International não é muito inovador em sua trama e é bem convencional em seu alcance, servindo mais ou menos como um espelho do primeiro filme da série. Ou seja, uma agente recém-chegada à organização está pela primeira vez em contato com aquele mundo, permitindo a toda uma nova geração conhecer a franquia através dos seus olhos. Infelizmente, as semelhanças acabam por aí, porque falta aos novos protagonistas o carisma e a presença de Will Smith e Tommy Lee Jones. E, seguindo à risca os pecados do segundo filme, a substância é trocada pelo espetáculo.
O roteiro é especialmente bagunçado e incoerente. Apesar do texto ser muito básico, a impressão que fica é que uma meia hora do filme foi esquecida na sala de edição. Como resultado disso, temos arcos narrativos incompletos, informações desencontradas e diálogos que tentam vender personagens que nunca mereceram a atenção dada. É muito esquisito ouvir que tal pessoa mudou sendo que nunca vimos como ela era antes, ou que outra exibe certas qualidades que nunca coloca a mostra. O que sobra é o pior tipo de confusão: aquela que não atrapalha o entendimento do filme (já que este é bem básico), mas que demonstra um amadorismo na hora de entregar algo coeso, impedindo o filme de alcançar seu potencial.
Mas, talvez, esses pecados fossem perdoáveis se o filme cativasse – porém, Chris Hemsworth e Tessa Thompson não convencem como parceiros. Ainda que ambos tenham feito um trabalho decente individualmente, a química entre os dois simplesmente não funciona. Os personagens são engraçadinhos e impulsivos, tornando a comédia em algo de uma nota só.
Basicamente, falta o “Tommy Lee Jones” dessa versão, alguém cuja seriedade sirva de contraponto e escada às tiradas cômicas. Sem isso (e sem um humor bem escrito que se sustente por si só), o filme acaba sendo apenas constrangedor – ainda mais com a adição de Pawny (Kumail Nanjiani), um alienígena que faz as vezes de alívio cômico em um filme que definitivamente não precisava de um.
E, para algo que se vendia com base na escala global da aventura, Men in Black: International é surpreendentemente pouco ambicioso. O filme não mostra muito mais daquele universo ou estabelece personagens e situações interessantes que explorem o quão vasta é a organização ou o quão presente ela está nas sombras do mundo. Mas ao menos temos locações bonitas e interessantes, além de algumas cenas de ação legais, se isso serve de consolo.
Com isso, Men in Black: International acaba sendo um filme agressivamente medíocre, algo que admito com pesar no coração, pois realmente gosto da série. Falta ao longa-metragem o charme, o espírito e o senso de propósito de seus antecessores. Por mais que eu tenha apreciado até certo ponto os novos protagonistas e percebido que, sim, há potencial para algo a ser desenvolvido, todo o resto impede o filme de ser qualquer coisa além de uma aventurinha simpática. Se fosse para ser dessa maneira, preferiria mil vezes ver a versão catastrófica com Schmidt e Jenko na MIB – pelo menos, tenho certeza que não sairia entediado do cinema.
Outras divagações:
Men in Black 3
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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