Divagações: Onward

Normalmente, eu faço um esforço para tentar ver os filmes da Pixar no cinema (ir ao cinema é caro, gente!). Com Onward , eu confesso que ...

Normalmente, eu faço um esforço para tentar ver os filmes da Pixar no cinema (ir ao cinema é caro, gente!). Com Onward, eu confesso que não tive muita vontade. Estava com algumas questões pessoais, não compartilhei da empolgação com o lançamento – se é que ela existiu – e, no final das contas, a pandemia não deixou. O filme chegou por aqui quase ao mesmo tempo em que os primeiros casos de coronavírus, o que prejudicou bastante sua trajetória nas salas de cinema.

Então, assim como aconteceu com praticamente todo mundo, meu primeiro contato com a produção foi por streaming. Não que isso seja exatamente ruim, mas eu gostaria de ter visto a magia em uma plataforma mais envolvente.

Onward se passa em um mundo de fantasia que, por facilidade e preguiça, acabou se tornando muito parecido com a nossa realidade sem graça. Seres fantásticos abandonaram a magia e suas inúmeras possibilidades em favor da luz elétrica, dos eletrodomésticos, dos carros e, sabe-se lá por qual motivo, das instituições burocráticas.

Nesse contexto, Ian Lightfoot (Tom Holland) é um elfo adolescente normal, que mora com uma mãe protetora (Julia Louis-Dreyfus) e um irmão mais velho que vive se metendo em enrascadas, Barley (Chris Pratt). Ele não tem muitos amigos na escola simplesmente por ser bastante tímido, mas Ian acredita que algo poderia ser diferente em sua vida se seu pai (Kyle Bornheimer) ainda estivesse vivo.

Eis que Ian tem a oportunidade de conviver com o pai que ele nunca conheceu por um único dia! Por meio de um feitiço, ele pode voltar a viver por um período limitado. O único problema é que não tem mais ninguém por aí que realmente saiba (ou possa) fazer magia. E, quando parece que as coisas vão dar certo... Bom, vamos dizer que o feitiço acaba saindo de uma forma incompleta.

Para tentar resolver a situação, Ian e Barley partem em uma jornada digna de uma aventura de RPG (ou de um road movie fantástico), onde precisarão enganar centauros – mais precisamente, o namorado da mãe deles (Mel Rodriguez) –, fazer acordos com uma manticora (Octavia Spencer) e enfrentar uma gangue de fadas motoqueiras.

Tudo isso é tratado de uma forma muito divertida e fofa. Há uma mensagem clara na produção e eu suponho que o ritmo seja agitado o suficiente para manter a atenção das crianças. Em relação aos mais velhos, as diversas referências a universos fantástico tradicionais (se é que isso existe!) acabam se tornando um capítulo à parte, adicionando uma dimensão nostálgica à produção.

Ao mesmo tempo, Onward não é lá muito diferente de qualquer filme com temática familiar que você tenha visto nos últimos anos. A jornada é muito legal, mas o objetivo e o resultado são bastante previsíveis. Até mesmo o leve tom melancólico trazido pela conclusão é algo que já poderia ser antecipado.

A mesma sensação de que falta um “toque especial” se repete em relação à animação. Por mais que tudo se passe em um universo cheio de criaturas mágicas, nenhuma das ideias é realmente inovadora e o design dos personagens é tristemente previsível. Inclusive, é bem provável que você já tenha cruzado com imagens de diversas animações que reúnem o estereótipo do garoto franzino e narigudo.

No final das contas, não há nada exatamente fantástico em Onward. Ainda assim, pode ser que esse seja exatamente o filme que você precisa assistir em tempos de isolamento social.

Outras divagações:

Monsters University

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