Divagações: Fala Comigo
27.1.21
Os filmes, as histórias que eles contam e os personagens buscam por sentimentos e reações. Às vezes, um lado puxa mais forte que o outro, às vezes, eles trabalham de formas contraditórias, às vezes, o que eles buscam é justamente a confusão e o desnorteamento. Eu não sei bem o que Fala Comigo estava procurando despertar em mim. Sequer sei se a minha ignorância representa que o filme atingiu seu objetivo ou se ele falhou completamente.
A história envolve um rapaz de 17 anos, Diogo (Tom Karabachian), que tem uma tara “inusitada”. Ele liga para pacientes de sua mãe (Denise Fraga) e não se identifica; fica em silêncio do outro lado, masturbando-se ao som de “Alô? Alô?” (e, para completar, ele cataloga suas experiências). Uma de suas “favoritas” é Angela (Karine Teles), que acredita que o ex-marido pode ser o interlocutor misterioso e começa a narrar seu dia e seus planos. Inesperadamente, os dois se descobrem e começam a construir um relacionamento.
Sinceramente, longe de mim julgar um adolescente por fazer idiotices, mas eu realmente acho que esse moço precisava de um acompanhamento psicológico. E, embora sua contraparte esteja em tratamento, ela abandona qualquer ajuda para embarcar nessa aparente maluquice, que acaba ganhando ares de um romance proibido. Talvez o que ambos buscam seja alguém que os ouça verdadeiramente, como o título sugere, mas eu tendo a acreditar que nenhum está em condições de “salvar” o outro.
Claro que essa questão, por si só, não é um demérito. Mas a forma como Fala Comigo lida com isto talvez o seja. Em vez de levar a sério seus protagonistas “perdidos” e mergulhar no drama, o filme trata estas questões como passageiras, passíveis de serem resolvidas com uma dose de amadurecimento e outra de amor. Infelizmente (para mim), eu fiquei do lado da mãe chata e simplesmente não comprei a ideia do relacionamento.
Com roteiro e direção de Felipe Sholl, a produção tem uma narrativa envolvente e que consegue explorar com cuidado o universo de Diogo. Além da mãe aparentemente durona (mas que está só se esforçando para segurar as pontas), há o amigo interessado em algo mais (Daniel Rangel), a irmã carente (Anita Ferraz) e o pai parceiro, mas que dorme no sofá da sala (Emílio de Mello). Sob certos aspectos, você consegue entender a origem de seus problemas.
Em compensação, o mundo de Angela é absolutamente vazio. Sem família, amigos ou interações que vão além do porteiro do prédio, ela não soa real. Nem mesmo a aparente obsessão pelo ex-marido funciona muito bem. Seus diálogos e interações com Diogo não são naturais e seus comportamentos parecem estranhamente ensaiados. A única salvação para a personagem está em sua intérprete: Karine Teles, aliás, se sai melhor nas cenas em que não tem nada a dizer, pois consegue comunicar muito mais com olhares desesperados que com frases confusas.
Talvez Fala Comigo esteja tentando ser provocativo por meio de seus protagonistas, mas o caminho escolhido foi confuso e não trouxe o envolvimento necessário. Obviamente, muitas coisas poderiam ser resolvidas se os personagens se comunicassem de uma maneira minimamente eficaz, mas a questão é que eles não o fazem porque seus relacionamentos já estão demasiadamente quebrados.
A história envolve um rapaz de 17 anos, Diogo (Tom Karabachian), que tem uma tara “inusitada”. Ele liga para pacientes de sua mãe (Denise Fraga) e não se identifica; fica em silêncio do outro lado, masturbando-se ao som de “Alô? Alô?” (e, para completar, ele cataloga suas experiências). Uma de suas “favoritas” é Angela (Karine Teles), que acredita que o ex-marido pode ser o interlocutor misterioso e começa a narrar seu dia e seus planos. Inesperadamente, os dois se descobrem e começam a construir um relacionamento.
Sinceramente, longe de mim julgar um adolescente por fazer idiotices, mas eu realmente acho que esse moço precisava de um acompanhamento psicológico. E, embora sua contraparte esteja em tratamento, ela abandona qualquer ajuda para embarcar nessa aparente maluquice, que acaba ganhando ares de um romance proibido. Talvez o que ambos buscam seja alguém que os ouça verdadeiramente, como o título sugere, mas eu tendo a acreditar que nenhum está em condições de “salvar” o outro.
Claro que essa questão, por si só, não é um demérito. Mas a forma como Fala Comigo lida com isto talvez o seja. Em vez de levar a sério seus protagonistas “perdidos” e mergulhar no drama, o filme trata estas questões como passageiras, passíveis de serem resolvidas com uma dose de amadurecimento e outra de amor. Infelizmente (para mim), eu fiquei do lado da mãe chata e simplesmente não comprei a ideia do relacionamento.
Com roteiro e direção de Felipe Sholl, a produção tem uma narrativa envolvente e que consegue explorar com cuidado o universo de Diogo. Além da mãe aparentemente durona (mas que está só se esforçando para segurar as pontas), há o amigo interessado em algo mais (Daniel Rangel), a irmã carente (Anita Ferraz) e o pai parceiro, mas que dorme no sofá da sala (Emílio de Mello). Sob certos aspectos, você consegue entender a origem de seus problemas.
Em compensação, o mundo de Angela é absolutamente vazio. Sem família, amigos ou interações que vão além do porteiro do prédio, ela não soa real. Nem mesmo a aparente obsessão pelo ex-marido funciona muito bem. Seus diálogos e interações com Diogo não são naturais e seus comportamentos parecem estranhamente ensaiados. A única salvação para a personagem está em sua intérprete: Karine Teles, aliás, se sai melhor nas cenas em que não tem nada a dizer, pois consegue comunicar muito mais com olhares desesperados que com frases confusas.
Talvez Fala Comigo esteja tentando ser provocativo por meio de seus protagonistas, mas o caminho escolhido foi confuso e não trouxe o envolvimento necessário. Obviamente, muitas coisas poderiam ser resolvidas se os personagens se comunicassem de uma maneira minimamente eficaz, mas a questão é que eles não o fazem porque seus relacionamentos já estão demasiadamente quebrados.
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