Divagações: tick, tick...BOOM!
1.12.21
Por mais que eu goste muito do trabalho de Lin-Manuel Miranda, confesso que achei refrescante ver um filme em que ele está diretamente envolvido (é o diretor), mas não é o responsável pelas canções – nada contra, obviamente. Em tick, tick...BOOM!, as músicas vêm do musical de Jonathan Larson, com algumas inserções de Stephen Sondheim. E esse rock desesperado, retratando uma história que foi escrita e também se passa em 1990 é muito bom de ouvir.
A trama é uma espécie de biografia de Jon Larson (Andrew Garfield), um jovem prestes a completar 30 anos, que está vivendo em Nova York sob condições precárias e que há anos se dedica a escrever um musical futurístico que acompanha um comentário social. Entretanto, como você provavelmente nunca ouviu falar de Superbia, dá para imaginar que ele não entregou um grande sucesso de bilheteria (o que não quer dizer que tenha sido tudo em vão).
De qualquer modo, Jon passa seus dias trabalhando em uma lanchonete, compondo, ensaiando na companhia de seu elenco (Vanessa Hudgens, Joshua Henry e outros), tentando entrar em contato com sua agente (Judith Light), ignorando as contas a pagar, frequentando festas, namorando com Susan (Alexandra Shipp) e conversando com seu melhor amigo Michael (Robin de Jesus). O problema é que sua enorme dedicação ao musical pode acabar comprometendo seus dois relacionamentos que realmente importam – mas, ao menos, ele tem a motivação das palavras inspiradoras do famoso compositor e letrista Stephen Sondheim (Bradley Whitford).
Assim, à medida em que acompanha o dia a dia frenético de Jon, tick, tick...BOOM! também vai mergulhando no universo dele. Vemos os amigos morrendo de Aids, o subemprego, o sonho artístico se despedaçando para aqueles que não são mais tão jovens assim, uma luta ainda incipiente por direitos iguais para homossexuais, e a (desejada) integridade artística batendo de frente com a necessidade de comer, morar e ter eletricidade.
Obviamente, essas circunstâncias não são exatamente animadoras, mas as letras carregadas de emoção dão conta do recado e a história procura expressar mais esperança pelo futuro que comiseração pelo presente. Além disso, a produção se mantém alerta ao alternar a narrativa mais tradicionais com uma encenação teatral de sua própria trama, tornando-se também uma espécie de carta de amor aos musicais (com destaque para uma determinada cena, cheia de participações especiais).
Para completar, todo o filme funciona como um prelúdio para a criação de um dos musicais mais aclamados de todos os tempos. Ainda que Rent seja tecnicamente posterior ao que é mostrado aqui, vários dos temas abordados estão bastante presentes e é perceptível que se trata de uma evolução natural do trabalho de Jonathan Larson. É como se tudo caminhasse para sua grande obra-prima, que ele sente a necessidade de fazer o quanto antes.
Desta forma, acredito que boa parte do apelo de tick, tick...BOOM! simplesmente se perca caso você não seja um fã do gênero (ou, pelo menos, tenha algum conhecimento prévio). É claro que dá para aproveitar o retrato feito desta transição entre os anos 1980 e 1990, o ritmo contagiante e a cantoria de Andrew Garfield, Alexandra Shipp e Vanessa Hudgens, mas a verdade é que este é um longa-metragem para iniciados no mundo dos musicais.
Outras divagações:
In the Heights
A trama é uma espécie de biografia de Jon Larson (Andrew Garfield), um jovem prestes a completar 30 anos, que está vivendo em Nova York sob condições precárias e que há anos se dedica a escrever um musical futurístico que acompanha um comentário social. Entretanto, como você provavelmente nunca ouviu falar de Superbia, dá para imaginar que ele não entregou um grande sucesso de bilheteria (o que não quer dizer que tenha sido tudo em vão).
De qualquer modo, Jon passa seus dias trabalhando em uma lanchonete, compondo, ensaiando na companhia de seu elenco (Vanessa Hudgens, Joshua Henry e outros), tentando entrar em contato com sua agente (Judith Light), ignorando as contas a pagar, frequentando festas, namorando com Susan (Alexandra Shipp) e conversando com seu melhor amigo Michael (Robin de Jesus). O problema é que sua enorme dedicação ao musical pode acabar comprometendo seus dois relacionamentos que realmente importam – mas, ao menos, ele tem a motivação das palavras inspiradoras do famoso compositor e letrista Stephen Sondheim (Bradley Whitford).
Assim, à medida em que acompanha o dia a dia frenético de Jon, tick, tick...BOOM! também vai mergulhando no universo dele. Vemos os amigos morrendo de Aids, o subemprego, o sonho artístico se despedaçando para aqueles que não são mais tão jovens assim, uma luta ainda incipiente por direitos iguais para homossexuais, e a (desejada) integridade artística batendo de frente com a necessidade de comer, morar e ter eletricidade.
Obviamente, essas circunstâncias não são exatamente animadoras, mas as letras carregadas de emoção dão conta do recado e a história procura expressar mais esperança pelo futuro que comiseração pelo presente. Além disso, a produção se mantém alerta ao alternar a narrativa mais tradicionais com uma encenação teatral de sua própria trama, tornando-se também uma espécie de carta de amor aos musicais (com destaque para uma determinada cena, cheia de participações especiais).
Para completar, todo o filme funciona como um prelúdio para a criação de um dos musicais mais aclamados de todos os tempos. Ainda que Rent seja tecnicamente posterior ao que é mostrado aqui, vários dos temas abordados estão bastante presentes e é perceptível que se trata de uma evolução natural do trabalho de Jonathan Larson. É como se tudo caminhasse para sua grande obra-prima, que ele sente a necessidade de fazer o quanto antes.
Desta forma, acredito que boa parte do apelo de tick, tick...BOOM! simplesmente se perca caso você não seja um fã do gênero (ou, pelo menos, tenha algum conhecimento prévio). É claro que dá para aproveitar o retrato feito desta transição entre os anos 1980 e 1990, o ritmo contagiante e a cantoria de Andrew Garfield, Alexandra Shipp e Vanessa Hudgens, mas a verdade é que este é um longa-metragem para iniciados no mundo dos musicais.
Outras divagações:
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