Divagações: Eduardo e Mônica

Eu sei que muita gente não gosta das músicas do Legião Urbana e entendo os motivos. Ao mesmo tempo, eu cresci com um fã de Renato Russo e c...

Eduardo e Mônica
Eu sei que muita gente não gosta das músicas do Legião Urbana e entendo os motivos. Ao mesmo tempo, eu cresci com um fã de Renato Russo e confesso que tenho mais de um CD guardado aqui em casa. E acho que, por mais que a banda não seja um prodígio musical, eles conseguiam contar histórias muito bem – o que explica a existência desse segundo filme baseado em uma canção do grupo. O primeiro, Faroeste Caboclo, aliás, também foi dirigido por René Sampaio.

No caso de Eduardo e Mônica, a trama é mais simples, mas a produção dá um jeito de a tornar bem dramática. A opção foi por focar nas dificuldades do relacionamento entre uma mulher “madura”, Mônica (Alice Braga), e o adolescente Eduardo (Gabriel Leone). E, sim, eles se conhecem em uma festa estranha com gente esquisita.

Outra escolha da produção foi encurtar o período em que a história se passa. Enquanto a música envolve muitos anos, viagens, cursos, casamento, construção de casa, filhos e tudo o que o casal tem direito, o longa-metragem referencia isso, mas enfoca nas dificuldades que duas pessoas tão diferentes têm para ficar juntas. Sinceramente, é uma escolha válida e que funciona bem considerando o meio.

Contudo, isso me faz questionar a escolha do elenco. Os dois protagonistas são em torno de 10 anos mais velhos que seus personagens, o que encaixaria bem caso o objetivo fosse levar a trama adiante. Obviamente, eu não reclamo da oportunidade de ver Alice Braga na tela, mas fiquei com dó de ver um homem de quase 30 anos tentando se passar por um menino de 16 (com direito a muitas espinhas na cara e aparelho nos dentes).

De qualquer modo, Eduardo e Mônica traz um retrato bem interessante do período e da situação vivida por seus personagens, complementado por muitas músicas e uma série de referências ao Legião Urbana. Para completar, sempre é refrescante ver um filme brasileiro que não se passa em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Inclusive, o senso de “viver em um fim de mundo” que muitos de nós ainda temos (mesmo vivendo em cidades grandes) também é devidamente retratado.

Além disso, os personagens criados para rodear os protagonistas não são exatamente complexos, mas eles têm sua função na trama e ajudam as coisas a andar, justificando situações que são meramente apresentadas na música ou até mesmo criando conflitos adicionais. O destaque vai para o avô de Eduardo, Seu Bira (Otávio Augusto), o melhor amigo do rapaz, Inácio (Victor Lamoglia), e a mãe de Mônica, Lara (Juliana Carneiro da Cunha).

Aliás, como eu disse anteriormente, o drama acaba ganhando um espaço maior do que eu imaginaria e eu não chamaria esta história de uma “comédia romântica” (que, confesso, era o que eu esperava encontrar). Caso você vá ao cinema com a expectativa certa (ou sem expectativas), suponho que a experiência seja melhor.

O relacionamento dos dois protagonistas não tem um caminho fácil e as diferenças entre os dois são bastante enfatizadas, tanto em questão de idade quanto de classe social. Mas a verdade é que Eduardo e Mônica, em qualquer versão (incluindo os comerciais), é a história de um amor que vence barreiras e sobrevive independentemente da razão. Como uma eterna apaixonada, não tenho como reclamar da oportunidade de ver isso retratado na tela do cinema.

Outras divagações:
Faroeste Caboclo

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