Divagações: Chip 'n Dale: Rescue Rangers

Nostalgia vende. Não é à toa que Hollywood gosta de contar e recontar as mesmas histórias, expandir universos, criar séries, explorar um pas...

Chip 'n Dale: Rescue Rangers
Nostalgia vende. Não é à toa que Hollywood gosta de contar e recontar as mesmas histórias, expandir universos, criar séries, explorar um passado que não é tão distante assim – afinal, o objetivo é fazer dinheiro às custas dos seus sentimentos. Se um tema, personagem ou qualquer coisa que o valha está distante o suficiente para ser lembrado com carinho, pode ter certeza de que será levado ao cinema.

Chip 'n Dale: Rescue Rangers foi criado com esse objetivo, de puxar para si um público que tem os desenhos na memória. Ao mesmo tempo, simplesmente desenvolver uma nova aventura e depender exclusivamente de quem era fã da série animada para televisão, não parece ser um bom caminho. Estes são personagens marcantes, que têm potencial, mas é preciso admitir que eles não parecem ser o suficiente para gerar um sucesso de bilheteria.

Como contornar essa situação? Bom... Os roteiristas Dan Gregor e Doug Mand resolveram simplesmente encarar o problema de frente. Eles, juntamente com o diretor Akiva Schaffer, criaram uma história passada em um mundo onde personagens animados do passado nada mais são do que atores desempregados do presente. Isso inclui não apenas os protagonistas, mas uma série de aparições especiais que vão deixar você pensando em quanto do orçamento foi gasto para garantir os direitos destes personagens.

Em Chip 'n Dale: Rescue Rangers, Dale (Andy Samberg) vive da fama do passado, frequentando eventos para fãs, falando com ninguém nas redes sociais e em busca de novos trabalhos; enquanto isso, Chip (John Mulaney) reconstruiu a vida como vendedor de seguros. Os dois não se falam mais, mas seus caminhos acabam se cruzando quando recebem um pedido de ajuda de Monterey Jack (Eric Bana). O antigo colega contraiu dívidas com Sweet Pete (Will Arnett) e está com medo de ser sequestrado, visualmente alterado e forçado a trabalhar em filmes de baixo orçamento como uma versão pirateada de si mesmo.

Assim, quando o pior parece estar prestes a acontecer, os dois entram em uma parceria com uma detetive humana (KiKi Layne) e seu capitão (J.K. Simmons) para irem em busca tanto dos criminosos quanto dos desenhos desaparecidos. No processo, diversas ajudas e dificuldades vão surgindo, o que inclui um viking mal animado (Seth Rogen), antigos colegas – como Gadget (Tress MacNeille) e Zipper (Dennis Haysbert) – e até mesmo a versão feia do Sonic (Tim Robinson), que foi descartada do filme após a reação negativa do público.

Ou seja, mais do que um mistério a ser resolvido, Chip 'n Dale: Rescue Rangers é também um comentário sobre a indústria de animação, uma sátira a respeito do mundo das subcelebridades (a cirurgia de computação gráfica de Dale é uma sacada fantástica), um divertido jogo de referências e um banho de nostalgia. Tem elementos para todos os gostos, inclusive com direito a discussões sobre como descobrir quem é o vilão secreto (e o simples fato dessa conversa existir faz com que o resultado seja outro, o que é igualmente previsível).

Nem preciso dizer que eu me diverti. Em vez de meramente apelar para minhas memórias envolvendo os personagens (acredite, elas existem), o longa-metragem misturou isso com muitas outras coisas e se transformou em algo que eu gosto na minha idade atual. Consequentemente, eu suponho que o filme tenha um apelo reduzido para crianças, mas essa foi uma escolha consciente dos produtores. Chip 'n Dale: Rescue Rangers é uma bela surpresa.

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