Divagações: Jurassic World Dominion
2.6.22
Quando pequeno, eu era aquela criança fascinada por dinossauros; eu tinha uma dúzia de brinquedos e decorações com esta temática e um conhecimento enciclopédico da paleontologia. Mesmo que a vida tenha me empurrado para longe dessas coisas e boa parte dos meus conhecimentos tenham sido esquecidos ou alterados pela compreensão científica mais recente, ainda tenho essa empolgação quase infantil quando consigo ir em um grande museu ver o que restou destas criaturas.
Assim, não preciso dizer que eu gostava muito de Jurassic Park. Mas, quando Jurassic Park III chegou aos cinemas, houve um momento em que o “olha, dinossauros!” deu lugar ao “é... são dinossauros”. E sinto que Jurassic World Dominion, apesar das suas tentativas de ser mais fresco e interessante do que Jurassic World: Fallen Kingdom, acaba sendo afetado por essa saturação.
Passado anos após os acontecimentos de seu antecessor, o longa-metragem foge um pouco do cenário de “ilha com dinossauros” explorado pelos outros filmes da franquia. Agora, ele nos situa em um mundo que tem que conviver com dinossauros caminhando entre os humanos, e com todos os problemas causados pela proliferação destes seres pela Terra.
Neste contexto encontramos Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) ainda juntos e servindo de pais adotivos para Maisie Lockwood (Isabella Sermon), a garota envolvida na rocambolesca trama anterior, que é procurada globalmente por conta do seu DNA. Ao mesmo tempo, alguns velhos conhecidos da franquia, Ellie Sattler (Laura Dern) e Alan Grant (Sam Neill), recebem uma mensagem de seu antigo amigo, o Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum), e se veem no meio de uma conspiração envolvendo uma multinacional de biotecnologia, Maisie e uma praga que pode ameaçar os estoques de comida do mundo.
Este elenco já mostra que Jurassic World Dominion é repleto de referências, sendo segurado fortemente pela nostalgia, o que funciona como um fechamento para a série (pelo menos até um novo revival). Mas isso não quer dizer que ele seja solene ou se leve a sério demais: o clima de despedida acaba se traduzindo em um sentimento de “vamos aproveitar essa oportunidade e fazer o que der na telha”, resultando em um filme com mais espetáculo e diversas sequências feitas para agradar os fãs mais antigos. Além disso, há um pouco mais de variedade, já que há cenários mais variados do que selvas com dinossauros.
Entretanto, a história sofre com a mesma trama cansada de sempre. Um capitalista excessivamente ambicioso e ganancioso voa perto demais do sol e o resto do mundo sofre as consequências. Porém, seria injusto dizer que isso não se aplica desde o primeiro filme (e, talvez mais fortemente, desde o livro de Michael Crichton), de modo que posso considerar esse aspecto como um motivo da série. O que não é uma desculpa para as inúmeras conveniências e coincidências que conduzem a trama.
Obviamente, não acho que alguém vai ver Jurassic World Dominion porque espera uma narrativa cheia de nuances e significados; o objetivo é ver dinossauros e correria. Ainda que, como dito, o frescor dos dinossauros tenha se exaurido um pouco, a produção é competente e entrega o que é pedido. Os personagens – tanto os velhos quanto os novos – são interessantes o bastante para empurrar a história para frente e manter as coisas divertidas.
Só lamento que a ideia original deste filme (ou seja, que há dinossauros entre nós) seja eventualmente colocada de lado em prol de um cenário mais tradicional. Os momentos do filme que exploram estas relações são, em minha opinião, os pontos mais interessantes do longa-metragem, e algo que gostaria que tivesse mais espaço.
Apesar disso, Jurassic World Dominion surpreende positivamente. Talvez as minhas expectativas estivessem realmente baixas, mas a verdade é que o filme consegue ser genuinamente divertido, ainda que com uma trama desconjuntada e um certo excesso de Chris Pratt levantando a mão para dinossauros.
Se você tem um certo carinho por estes filmes, Jurassic World Dominion traz um final adequado e que se esforça para terminar em uma nota positiva. Só espero que a produção não confunda uma possível recepção positiva com uma carta branca para continuar em frente – aqui cabe a grande lição de Jurassic Park: às vezes, é melhor manter certas coisas mortas e enterradas do que trazê-las de volta por pura ganância.
Assim, não preciso dizer que eu gostava muito de Jurassic Park. Mas, quando Jurassic Park III chegou aos cinemas, houve um momento em que o “olha, dinossauros!” deu lugar ao “é... são dinossauros”. E sinto que Jurassic World Dominion, apesar das suas tentativas de ser mais fresco e interessante do que Jurassic World: Fallen Kingdom, acaba sendo afetado por essa saturação.
Passado anos após os acontecimentos de seu antecessor, o longa-metragem foge um pouco do cenário de “ilha com dinossauros” explorado pelos outros filmes da franquia. Agora, ele nos situa em um mundo que tem que conviver com dinossauros caminhando entre os humanos, e com todos os problemas causados pela proliferação destes seres pela Terra.
Neste contexto encontramos Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) ainda juntos e servindo de pais adotivos para Maisie Lockwood (Isabella Sermon), a garota envolvida na rocambolesca trama anterior, que é procurada globalmente por conta do seu DNA. Ao mesmo tempo, alguns velhos conhecidos da franquia, Ellie Sattler (Laura Dern) e Alan Grant (Sam Neill), recebem uma mensagem de seu antigo amigo, o Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum), e se veem no meio de uma conspiração envolvendo uma multinacional de biotecnologia, Maisie e uma praga que pode ameaçar os estoques de comida do mundo.
Este elenco já mostra que Jurassic World Dominion é repleto de referências, sendo segurado fortemente pela nostalgia, o que funciona como um fechamento para a série (pelo menos até um novo revival). Mas isso não quer dizer que ele seja solene ou se leve a sério demais: o clima de despedida acaba se traduzindo em um sentimento de “vamos aproveitar essa oportunidade e fazer o que der na telha”, resultando em um filme com mais espetáculo e diversas sequências feitas para agradar os fãs mais antigos. Além disso, há um pouco mais de variedade, já que há cenários mais variados do que selvas com dinossauros.
Entretanto, a história sofre com a mesma trama cansada de sempre. Um capitalista excessivamente ambicioso e ganancioso voa perto demais do sol e o resto do mundo sofre as consequências. Porém, seria injusto dizer que isso não se aplica desde o primeiro filme (e, talvez mais fortemente, desde o livro de Michael Crichton), de modo que posso considerar esse aspecto como um motivo da série. O que não é uma desculpa para as inúmeras conveniências e coincidências que conduzem a trama.
Obviamente, não acho que alguém vai ver Jurassic World Dominion porque espera uma narrativa cheia de nuances e significados; o objetivo é ver dinossauros e correria. Ainda que, como dito, o frescor dos dinossauros tenha se exaurido um pouco, a produção é competente e entrega o que é pedido. Os personagens – tanto os velhos quanto os novos – são interessantes o bastante para empurrar a história para frente e manter as coisas divertidas.
Só lamento que a ideia original deste filme (ou seja, que há dinossauros entre nós) seja eventualmente colocada de lado em prol de um cenário mais tradicional. Os momentos do filme que exploram estas relações são, em minha opinião, os pontos mais interessantes do longa-metragem, e algo que gostaria que tivesse mais espaço.
Apesar disso, Jurassic World Dominion surpreende positivamente. Talvez as minhas expectativas estivessem realmente baixas, mas a verdade é que o filme consegue ser genuinamente divertido, ainda que com uma trama desconjuntada e um certo excesso de Chris Pratt levantando a mão para dinossauros.
Se você tem um certo carinho por estes filmes, Jurassic World Dominion traz um final adequado e que se esforça para terminar em uma nota positiva. Só espero que a produção não confunda uma possível recepção positiva com uma carta branca para continuar em frente – aqui cabe a grande lição de Jurassic Park: às vezes, é melhor manter certas coisas mortas e enterradas do que trazê-las de volta por pura ganância.
Outras divagações:
Jurassic World
Jurassic World: Fallen Kingdom
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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