Divagações: The Edge of Seventeen
17.8.22
Filmes sobre adolescentes revoltados sem causa aparente podem dar muito certo, mas o “normal” é que eles sejam somente irritantes. Quando os personagens principais são brancos, de classe média e/ou alta e seus grandes dilemas envolvem o sexo oposto, bem, as chances de dar errado só aumentam. Mesmo tendo todos esses elementos, The Edge of Seventeen consegue funcionar. Sim, a produção é incômoda, mas esse sentimento é proposital, o que faz toda a diferença.
Nadine (Hailee Steinfeld) é uma adolescente de 17 anos que está irritadíssima com a própria vida. Na infância, ela teve problemas de socialização e sua única amiga é Krista (Haley Lu Richardson). Por sua vez, seu irmão, Darian (Blake Jenner), é “perfeito”: bonito, sociável, popular e tem uma boa relação com a mãe de ambos, Mona (Kyra Sedgwick). O pai deles, Tom (Eric Keenleyside) era a única pessoa que parecia entender Nadine, mas ele faleceu há alguns anos – na frente dela.
Assim, quando Krista e Darian se tornam um casal, a garota entre em uma espiral de desolação e desespero. Sozinha, ela acaba lidando mal com quem quer se aproximar dela, especialmente Erwin (Hayden Szeto), busca ajuda com um professor relutante, Bruner (Woody Harrelson), e se envolve em situações potencialmente perigosas.
É impossível negar que praticamente tudo em The Edge of Seventeen poderia ser resolvido com várias conversas entre os envolvidos e uma boa dose de terapia (não só para a protagonista, que fique claro). Ao mesmo tempo, é assim que as pessoas são. A dificuldade de se comunicar e de expressar adequadamente seus sentimentos é algo tão comum que chega a ficar desconfortavelmente perto demais (não posso negar que eu fui um pouco como Nadine e ainda guardo isso dentro de mim).
Além disso, o recorte feito pela trama ajuda a suportarmos (tanto quanto possível) o temperamento da personagem principal. Por mais que ela parta de um exagero, sua sequência de perdas e desapontamentos é realmente sufocante, o que a torna mais compreensível. Ao mesmo tempo, seu desapego às consequências de seus atos deixa claro o cenário privilegiado em que ela vive. Afinal, o que de pior pode acontecer?
Com direção e roteiro da estreante Kelly Fremon Craig, The Edge of Seventeen consegue capturar todo esse contexto e explorá-lo sem julgá-lo. Nadine não é uma garota fácil e o público não é exatamente levado a gostar dela ou a sentir pena de sua situação, mas a compreender suas motivações. Neste ponto, a atuação de Hailee Steinfeld é essencial. É ela quem tem a difícil missão de irritar na dose certa, garantindo que o longa-metragem seja realista e não perca o tom.
Em comparação com outras obras de amadurecimento similares, este filme realmente é mais difícil de assistir. O foco é muito mais dramático e só chega nesse ponto (com essa trama aparentemente boba) porque a protagonista é uma adolescente que está vivendo o pico de sua irritabilidade. The Edge of Seventeen realmente retrata os piores dias da vida daquela garota, o que não é exatamente uma proposta de entretenimento, mas rende uma boa história ao ser contado com habilidade.
Nadine (Hailee Steinfeld) é uma adolescente de 17 anos que está irritadíssima com a própria vida. Na infância, ela teve problemas de socialização e sua única amiga é Krista (Haley Lu Richardson). Por sua vez, seu irmão, Darian (Blake Jenner), é “perfeito”: bonito, sociável, popular e tem uma boa relação com a mãe de ambos, Mona (Kyra Sedgwick). O pai deles, Tom (Eric Keenleyside) era a única pessoa que parecia entender Nadine, mas ele faleceu há alguns anos – na frente dela.
Assim, quando Krista e Darian se tornam um casal, a garota entre em uma espiral de desolação e desespero. Sozinha, ela acaba lidando mal com quem quer se aproximar dela, especialmente Erwin (Hayden Szeto), busca ajuda com um professor relutante, Bruner (Woody Harrelson), e se envolve em situações potencialmente perigosas.
É impossível negar que praticamente tudo em The Edge of Seventeen poderia ser resolvido com várias conversas entre os envolvidos e uma boa dose de terapia (não só para a protagonista, que fique claro). Ao mesmo tempo, é assim que as pessoas são. A dificuldade de se comunicar e de expressar adequadamente seus sentimentos é algo tão comum que chega a ficar desconfortavelmente perto demais (não posso negar que eu fui um pouco como Nadine e ainda guardo isso dentro de mim).
Além disso, o recorte feito pela trama ajuda a suportarmos (tanto quanto possível) o temperamento da personagem principal. Por mais que ela parta de um exagero, sua sequência de perdas e desapontamentos é realmente sufocante, o que a torna mais compreensível. Ao mesmo tempo, seu desapego às consequências de seus atos deixa claro o cenário privilegiado em que ela vive. Afinal, o que de pior pode acontecer?
Com direção e roteiro da estreante Kelly Fremon Craig, The Edge of Seventeen consegue capturar todo esse contexto e explorá-lo sem julgá-lo. Nadine não é uma garota fácil e o público não é exatamente levado a gostar dela ou a sentir pena de sua situação, mas a compreender suas motivações. Neste ponto, a atuação de Hailee Steinfeld é essencial. É ela quem tem a difícil missão de irritar na dose certa, garantindo que o longa-metragem seja realista e não perca o tom.
Em comparação com outras obras de amadurecimento similares, este filme realmente é mais difícil de assistir. O foco é muito mais dramático e só chega nesse ponto (com essa trama aparentemente boba) porque a protagonista é uma adolescente que está vivendo o pico de sua irritabilidade. The Edge of Seventeen realmente retrata os piores dias da vida daquela garota, o que não é exatamente uma proposta de entretenimento, mas rende uma boa história ao ser contado com habilidade.
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