Divagações: Bill & Ted's Excellent Adventure

Embora eu não seja a maior fã, acho que comédias descerebradas têm seu papel no mundo do entretenimento. Contudo, também acredito que aquela...

Bill & Ted's Excellent Adventure
Embora eu não seja a maior fã, acho que comédias descerebradas têm seu papel no mundo do entretenimento. Contudo, também acredito que aquelas que sobrevivem ao tempo são as que podem até ter protagonistas burros, mas são muito bem pensadas. Como exemplo disso, temos Bill & Ted's Excellent Adventure. Este talvez não seja o filme mais celebrado da trilogia, mas teve o papel essencial de abrir o caminho para o que o seguiu – e não só diretamente, já que há inúmeras referências por aí.

A história é bastante simples. Ted Logan (Keanu Reeves) e Bill S. Preston (Alex Winter) são péssimos alunos que estão prestes a reprovar se não conseguirem uma nota muito alta na apresentação do trabalho final de História. O detalhe é que isso também implicaria na separação dos dois amigos e no fim da banda que eles estão tentando emplacar (vale acrescentar que nenhum deles sabe tocar).

Para evitar este destino – que, aparentemente, afetaria toda a humanidade –, enviados do futuro mandam uma máquina do tempo para que Bill e Ted possam passear pelo espaço e pelo tempo “coletando” figuras históricas do calibre de Genghis Khan (Al Leong) a Abraham Lincoln (Robert V. Barron), passando por Napoleão (Terry Camilleri), Beethoven (Clifford David), Freud (Rod Loomis), Joana D'Arc (Jane Wiedlin), Billy the Kid (Dan Shor) e até mesmo Sócrates (Tony Steedman).

Ou seja, Bill & Ted's Excellent Adventure é um “passeio muito louco” pela história. Não há muito compromisso com fatos, mas há pesquisa o suficiente para que as piadas sejam divertidas e funcionem para quem sabe mais sobre aquelas figuras (ao menos em comparação com os protagonistas, o que não é muito difícil). Todo o trabalho de figurino e cenário acompanha a proposta, segurando a onda das reconstruções históricas ainda que esta seja uma comédia sem grandes ambições aparentes.

E nem preciso dizer que o filme é realmente muito engraçado. Keanu Reeves e Alex Winter estão só se divertindo, interpretando adolescentes abobados que só querem saber de curtir a vida e ter uma banda legal, mas que se veem em uma missão muito maior (passar de ano na escola). Eles conseguem fazer isso com a “falta de compromisso” na dose certa, sem levar o filme a sério demais. Com isso, todo o absurdo da proposta parece se alinhar a um conjunto suficientemente coeso.

Além disso, o roteiro de Chris Matheson e Ed Solomon também sabe lidar muito bem com estes personagens. Afinal, embora eles questionem a ajuda bizarra que recebem, também a aceitam de bom grado e passam a usar o recurso de ter uma máquina do tempo à disposição das melhores formas possíveis, com destaque para as sequências em que eles precisam se esquivar dos próprios pais (e da polícia). Sinceramente, eles se mostram mais espertos que muitos personagens “inteligentes” que surgem por aí.

Assim, com mais de trinta anos nas costas, Bill & Ted's Excellent Adventure continua a ser muito divertido. Obviamente, não é um filme engrandecedor e os efeitos especiais realmente envelheceram mal. Mas as piadas seguem sendo engraçadas e todo o trabalho que existe por trás dos protagonistas descerebrados realmente aparece. Ouso dizer que seguirá assim mesmo daqui a trinta anos.

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